petite histoire d'amour
Première fois d'eux
Na Brasília moderna dos anos 90 que teve o Collor pagando bunda lelê em um carro oficial de placa marrom e dourada, cheio de princesa da moda, tipo a garota da introdução do Fantástico, com o nariz branquinho, teve também idas inocentes a quermesse da paróquia. Todo aquele ambiente familiar que emanava paz celestial e bondade, aonde os padres vinham com suas boas caras dar-nos as boas vindas. Fiquem à vontade! Que Deus lhe abençoe! Eles louvavam, estavam alegres. Hilda estava meio distante de sua família e não tinha que cuidar de sua irmã mais nova porque ela estava se divertindo com as outras crianças. Bons tempos. Hilda já era uma jovem moça.
Deteve-se ante a barraca de cachorro quente e pediu um com molho. Um jovem seminarista entrou na fila e olhava para baixo, mas queria olhar Hilda e o que vinha depois de sua comportada saia bege plissê. Agarrou contra peito seu crucifixo prateado, presente de sua santa avó e timidamente, ele o beijou. Era novo, um jovem rapaz. Noviço Rodrigo.
Hilda recebe seu lanche e sentou-se na cadeira da Antártica que estavam na frente da barraquinha. Rodrigo havia pedido um refrigerante.
- Você gosta de História? – perguntou ele com o canudo ainda na boca.
- Aham! – acenando com a cabeça e sorrindo com pureza.
- Posso te mostrar uma coisa dentro da Igreja, uma data muito importante?
Ela estranhou o pedido do menino de Deus, mas seu instinto feminino lhe forçou a aceitar, daquele modo especial que não se pode arvorar em descrever em palavras.
A igreja era pequena, talvez com lugar para no máximo sessenta fieis. No canto esquerdo do altar que era humilde mais muito delicado e bem feto, havia uma caixa onde estava gravada uma data: vinte e um de outubro do ano de mil oitocentos e cinqüenta e oito.
- C´est aujourd'hui! É hoje que faz aniversário o cetro de Dom Arturio Quesilla um grande missionário da nossa ordem. É tão lindo e sagrado! – disse Rodrigo com seus olhos azuis inocente que só por ventilar tal beleza poderiam rapidamente se umedecer.
- Por quê você quis me mostrar isso? – perguntou ela, que naquele dia estava especialmente bela, com seus cabelos pretos e levemente ondulados que serviam de moldura perfeita para sua delicada face.
Rodrigo sentiu vontade de passar os dedos em sua bochecha, Hilda pendeu vagarosamente a cabeça para empurrar sua mão contra seu ombro e comandada por um instinto feminino de leoa, avançou contra a pobre lebre que andava saltitante em seu território, e lhe deu um beijo lascivo, promiscuo, tudo que ele achava de mais abjeto, profano se tornavam a cada minuto em prazeres indizíveis. Pode ver a imagem de Jesus crucificado sorrindo, aquiescendo o ato. E foi aí que seu devoto coração encheu-se de alegria.
Após o beijo ele acariciou seus lábios a procura da umidade da saliva dela, gostosa e morna. Andaram de mãos dadas pelo o corredor da igreja e sentaram-se no meio do terceiro banco e lá ousaram dar mais um beijo. Findo este, um silêncio tomou conta deles. Sentiam vergonha, muita vergonha.
- O que você está pensando? – ousou Rodrigo.
- Muita culpa, eu tenho medo do inferno. – e Hilda tremeu na espinha quando disse isso e se recompôs puxando o vestido para baixo.
- Mas isso não foi nada; vou lhe dar um motivo para sentir culpa. – e partiu Rodrigo para cima da herege com um cão. Suas mãos firmes iam se entranhar dentro da sua coxa, um lugar tão quente. E lembrou da descrição de Joyce: “O fogo que queima infinitamente na escuridão...”.
Não respeitaram a casa de Deus ou não conseguiram conter as excitações da carne e urravam de prazer. Rodrigo sentia seu membro mais renegado arder em deleite. A fricção dos corpos gerava um calor tão aprazível; estavam eles embebidos em uma solução de suor e no ar os hormônios.
Chegaram à satisfação juntos. Ele gritava. Ela gemia, se contorcia. Rodrigo fechou os olhos e pode ver dessa escuridão surgir uma luz branca onde via disforme o Espírito Santo.
E lá mesmo no terceiro banco da Igrejinha ele a teve, a possuiu. Olhava com os olhos beatos para o altar enquanto ela subia sua calcinha rosa. Louvava Deus e entendia seu poder.
-Que perfeição! – repetia ele apenas movendo os lábios.
Quando o turbilhão de emoções passou, ficaram os dois lado a lado; ele com a mão sobre a dela. O choro de Rodrigo veio tão subitamente e sem censura. Gaguejava e soluçava. Tentava dizer algo sobre o amor divino. Mas ela franziu a testa, mexeu as sobrancelhas. Não gostava de ver homem chorando. Hilda tirou sua mão debaixo da dele. Ele tirou sua batina e se apaixonou por ela. Não tinha mais a fé absoluta, renegou o celibato, mas isso nunca muda; ficou sem ela. Aconteceu e acontece. Ne s´oublie jamais.
FIN