168
Eram pontualmente quinze para as duas da tarde, quando adentrou a em seu apartamento e viu à sua frente a mesa do almoço; nela sentada sua esposa - de longa data, iria fazer 20 anos de casado em 6 meses -, impaciente, entediada. A comida era a mesma; mas, que parecia um tanto sem sal, havia uma semana que a empregada havia se demitido e era agora sua esposa, Dona Zuleica que havia tomado a cozinha. Durante o almoço, não houve nenhuma conversa, apenas o tilintar dos talheres. Falou timidamente que havia um rapaz no escritório que lhe fazia pena e que por não terem filhos, o pedido do rapaz ativou seu instinto paterno e ele havia aceitado ser o padrinho de casamento com uma mulher, que também trabalhava no Advogados e Associados, Carmem, a moça do Departamento pessoal. Silvinho o nome do rapaz, magro que só, com um belo bigode ralo e olhos saltado, com a roupa frouxa no corpo, eram um coitado, todos viram. Então passou a tratá-los como filhos, e de aprontar todos os preparativos: para a assinatura do contrato matrimonial, cerimônia religiosa - insistência de Dona Zuleica. Por tão meticulosa que foi a produção do casório, não houve infortúnios. Passaram alguns meses e "Zuzu" (era como queria que fosse chamada, que obedeciam; mas, acanhados) os visitava de seis em seis meses, com uma periodicidade militar. Silvinho já sabia de tudo antes de casar, não sabe até agora por que razão aceitou, se era pela timidez ou pelos privilégios - promoção, casa paga e ter que conviver com Carmem, a mulher mais bonita do prédio, mesmo que só de mentirinha. Ficou acertado que ele iria ganhar seu ordenado, com um gordo bônus e um apartamento de dois quartos em um bairro bom da cidade em troca disso tinha que fingir ser marido de Carmem. Certa vez doutor Adílio Adultero insistiu em dar uma carona a Silvinho, com o pretexto de conversar sobre o seu futuro. Logo quão chegou em casa sentou-se em uma poltrona, que dá de frente a um sofá de dois lugares; então, vem Carmem trazer um copo uísque, presente do próprio Dr. Adílio. Gentilmente estende a mão e diz com a voz mansa: Vá agilizar o contrato da Ferreira Imóveis, para adiantar. E então; soube como as coisas seriam dali para frente. O tempo passou e houve certa ocasião que Dr. Adílio e sua fiel esposa, estariam indo à Europa passar o inverno - férias bem merecidas depois de longos três anos ininterruptos. Os primeiros quinze dias se passaram normalmente para Silvinho que manteve estrita sua rotina diária; mas, Carmem ardia dentro de seu quarto, sentia falta da quentura dos corpos. Houve então o dia em que não agüentou e foi se ter com o mirado Silvinho; a cada dia que chegava do trabalho ela o esperava com uma fome insaciável. Dr.Adílio voltou e alguns dias depois foram jantar com Silvinho e Carmem, casal incompatível, mas que parecia se dar bem, e que Dona Zuleica, ou "Zuzu", tinha carinho de mãe e que Dr. Adílio dispensava suas terças e sexta, para atravessar a madrugada jogando buraco com outros advogados, para ajudar Silvinho a ser entrosar e fazer mais amigos. E que nos outros dias, passavam como marido e mulher, especialmente à noite.