A perda de um apartamento

Neste mundo materialista e capitalista é difícil ter alguém que nunca teve um prejuízo financeiro devido a um mau negócio ou investimento. Sem falar nos roubos, furtos, estelionatos, promessas de pagamentos, etc. Com o advento da internet vieram uma infinidade de golpes virtuais, como vendas de algo que não existe ou invasão de contas bancárias.

Qualquer pessoa com boa intenção ou inocente pode ser vítima dum golpe. Ainda tem os relacionamentos amorosos e de amizades por interesses. Até familiares dão golpes, aproveitam da situação. Na verdade, o mundo sempre foi uma armadilha em busca de dinheiro. E onde tem muito dinheiro há muita desconfiança. Ser rico neste mundo não é seguro, porque é preciso evitar lugar obscuro e más companhias. Dinheiro é bom, mas nem tanto, por nos causar preocupação em sermos furtados ou roubados.

Mas o perigo maior está nos investimentos imobiliários, financeiros e na compra de automóveis e outros bens móveis. Nos anos 90 eu comprei 100g de ouro em 20 prestações, e quando fui pegar o dinheiro, o dono da empresa fechou a mesma e fugiu. E até perdi um lote que estava invadido, por usucapião.

O meu maior prejuízo foi a compra de um apartamento na planta em 29-05-1990, em que o salário mínimo valia 3.674,06 cruzeiros, em que vendi uma casa no setor Papillon Park em Aparecida de Goiânia, por 240 mil cruzeiros para inteirar 400 mil cruzeiros na compra de apartamento de 90 metros quadrados, 03 quartos, dois banheiros, 01 cozinha, área de serviço, duas garagens e elevador, divisa com Goiânia, defronte ao Buriti Shopping que não existia.

A construtora estava construindo 03 prédios de 08 andares, mas algum fornecedor interesseiro entrou com um pedido de um processo falimentar contra a empresa, que foi aceito e decretado pelo juiz. Só o edifício número 02 ficou pronto e foi invadido pelos compradores. Os outros dois que estavam na primeira e terceira laje foram demolidos. Todo mundo ficou no prejuízo, exceto os compradores do prédio nº 02 que invadiram o mesmo, e a Justiça até hoje não conseguiu tirá-los por serem os legítimos donos.

No ano de 2007 aceitei 7. 660,00 mil reais para encerrar a minha habilitação no Processo de Falência, até porque correria o risco de não receber nada. Hoje em dia com as novas leis, processos de falências são evitados, e para empresas com dificuldades financeiras, existe a opção da recuperação judicial, que funciona como um acordo oficial feito entre a empresa e credores, supervisionado por um juiz e com a ajuda de um advogado. A Lei entendeu que a falência não é bom para ninguém, principalmente para os credores.

Este prejuízo financeiro atrapalhou os meus planos sentimentais e literários, porque tive que dar muitas voltas. Em se tratando de dinheiro, às vezes, não é possível dar a volta por cima devido ao tempo. Eu ainda estou no lucro, porque tem muita gente que perdeu tudo até a fé em Deus. Entendo que o mais importante é não ficarmos ressentidos com as perdas materiais, que não têm um valor espiritual. O mais importante é vivermos com dignidade mesmo sendo pobres, porque a pobreza não é defeito; o defeito é ser rico às custas do sistema ou prejuízo de alguém.

Goiânia, 21-05-2024

(Do meu livro Minha vida e o mundo, memórias, em construção)

Alonso Rodrigues Pimentel
Enviado por Alonso Rodrigues Pimentel em 22/05/2024
Reeditado em 24/05/2024
Código do texto: T8068573
Classificação de conteúdo: seguro