Tarde de sexta-feira
Quando entrei no quarto do hospital, aquela linda mulher, no seu momento extremo de cruz, ainda gemia baixinho e balbuciava no leito:
- Senhor, misericórdia.
E a filha, amorosa e vigilante, conseguia emprestar aos lábios da sua querida mainha um versículo decorado do salmo 52:
- "Confio na clemência do meu Deus, agora e sempre!"
Segundos depois, aquela encantadora mulher de fé, como uma vela que se apaga, abandonou-se serenamente na palma da mão do Pai Eterno.
Era uma derradeira tarde de sexta-feira que aguardava o Domingo da Ressurreição.