Tarde de sexta-feira

Quando entrei no quarto do hospital, aquela linda mulher, no seu momento extremo de cruz, ainda gemia baixinho e balbuciava no leito:

- Senhor, misericórdia.

E a filha, amorosa e vigilante, conseguia emprestar aos lábios da sua querida mainha um versículo decorado do salmo 52:

- "Confio na clemência do meu Deus, agora e sempre!"

Segundos depois, aquela encantadora mulher de fé, como uma vela que se apaga, abandonou-se serenamente na palma da mão do Pai Eterno.

Era uma derradeira tarde de sexta-feira que aguardava o Domingo da Ressurreição.

Lu Mendes
Enviado por Lu Mendes em 06/09/2023
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