O Alpendre

 

O alpendre ensolarado nas tardes de domingo trazia um gosto salutar, prosas proveitosas onde reuníamos toda a família e muitas vezes amigos. A família crescia e mais alegria trazia,  se via no rosto de cada um. Quando havia festa todos logo se juntavam. Vinham os vizinhos, amigos do trabalho, parentes de longe e outros bem chegados. O tempo foi passando e as crianças crescendo, vizinhos se mudando e outros morrendo. A roleta da vida não parava de rodar, mas alegria continuava nas rotinas do povo do lugar. E o tempo continua na corrida de sempre foi levando mais gente pra lugares bem distantes. A jornada se faz presente para os que ficam na rua, para os que são de casa. O alpendre continua com prosas, ora era sobre política ora sobre novela ou mesmo sobre o preço do básico do dia. Sempre havia um assunto pra fechar as arestas. A família foi partindo para lugares distintos a formarem suas famílias assim que ouviam o sino.  

Um belo dia passou alguém que a muito por ali não se via e viu que no enorme alpendre alguém se debruçada, parou meio curioso e perguntou suavemente. Boa tarde, lembra-se de mim? Sou aquele vizinho do lado a muito venho viajando a trabalho.Como vão as coisas por aqui? Como estão todos? O marido e os filhos? Boa tarde, lembro um pouco do senhor.  O marido Deus levou, os filhos um foi para o sul e os outros dois estão num outro país. Aqui nesse velho alpendre, sentada olhando quem passa, só restou eu. As vezes dá uma saudade da casa cheia de filhos e netos repletos de peripécias e dos vizinhos fofoqueiros então(risos).Só que agora dos lados só prédios e a minha casa ficou encolhida. Mesmo assim se alguém quiser voltar o alpendre de gente precisa.