" UM DIA... MUITOS GATOS...

UM DIA... MUITOS GATOS...

( Conto verídico)

Outono de 2015. Como já de hábito um gatinho aparecia todas as tardes quase que pontualmente, no quintal de conhecidos meus a fim de garantir sua féria alimentícia...

Após regalar-se com um saboroso pratinho de ração acompanhado de pedacinhos generosos de salmão, o simpático bichano entregava-se à malemolência digestiva e malandramente aconchegava-se no colo protetor e amigo da dona da casa...

Passado algum tempo, dali saltava com a velocidade de um raio e ganhava mais uma vez os mistérios acondicionados em cada um dos vários quarteirões da vizinhança.

Apesar de Frajola ser apenas um pensionista, Maria devotava a ele um cuidado protetor e vigilante, levando-o ao veterinário mais próximo para ao menos vaciná-lo contra raiva, como é comum em casos análogos.

Por razões amplamente desconhecidas, Frajola não comparece ao encontro tacitamente marcado de todos os dias, circunstância esta que muito preocupou e apavorou Maria, a qual em ato contínuo passa a perguntar por ele por toda redondeza...

Com a velocidade dos cavalos alados o tempo voa, e em um dia Maria ouve miados longos, penetrantes, angustiados e angustiantes...

Sem pensar em mais nada, a moça retira seus sapatos de salto alto e descalça corre para o quintal de sua casa! Estaca como petrificada!

Frajola está ali terrivelmente machucado, ensanguentado, mas parte de sua altivez ainda remanesce em seus hipnotizadores olhos verdes! O gatinho, então olha profundamente para Maria, mia repetidas vezes e inicia sua claudicante marcha...

Como uma autômata Maria o segue, passando por ruas, cruzando a praça fronteiriça de sua casa, até que finalmente o bichano encerra seu caminhar. ..

Em um terreno abandonado, encontram-se uma mamãe gata com seus filhotes, todos esfaimados, magérrimos e fraquíssimos!

Maria, olha em volta... Frajola está caído, olhos vidrados mirando o céu, irresponsivo a quaisquer estímulos, esperando o último sopro a bombear-lhe o coração...

Inacreditavelmente, o gatinho anteveu sua morte e desejou dela salvar seus amigos, apresentando-os à sua amada e benévola Maria...

Maria de pronto atendeu ao último pedido de seu grande e amável companheiro , acabando por levar todos os gatinhos para sua casa...

Até hoje todos continuam a viver sob a responsabilidade e afeto de Maria, granjeando diuturnamente a dignidade a que todos animaizinhos fazem jus, desde o dia em que nascem...

Ivone Maria Rocha Garcia
Enviado por Ivone Maria Rocha Garcia em 02/01/2022
Reeditado em 02/01/2022
Código do texto: T7420460
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