A SUA ALMA PRETA TORNOU-SE BRANCA,O SEU ÓDIO TRANSFORMOU-SE EM AMOR

Quando ele chegou em casa drogado tomabando nas próprias palavras,selvático e mil vezes agressivo,falando palavrões podres que nem ouso pronunciar.Era um inferno quando perturbava o meu paraíso,quando com alucinado ódio me batia matando meu amor.

Quando ele estava drogado,não permitia que eu fosse à missa,à academia,me trancava no quarto dizendo que eu era retardada.Eu ficava escutando as suas mitomanias calada,nao revidava para nao alastrar o fogo agudo do seu ódio largo.

Discutir com pessoas imperativas,dessas que acham que estão certas estando erradas é perda de inteligencia,saliva e tempo.

No quarto já com outra eutimia de alma,lia a biblia mas nao entendia nada,era tanta mentira e contradição que a minha cabecinha pirava.Que livro mais absurdo! Abandonei-o num canto e procurei outro para iniciar uma nova leitura até que cansada adormeci.

Na igreja a minha fé perserverava numa reza sem fé,mas sempre apoiada na boa fé daqueles que prometiam mundos e fundos e não cumpriam.Eram uns filhos da puta! Em casa fazia dieta e estava sempre atenta para fazer o que a nutricionista mandasse.

Naquela noite ele foi me apanhar no centro da cidade,o seu aspecto era de quem estava drogado,seu rosto corado nao combinava com a cor cinza da sua Pierre Cardin.Comecei a cantar baixinho uma melodia,olhando o canto das luzes na boca da noite,onde a lua estava linda,uma fina chuva caia sob o parabrisa.

O veículo estava em alta velocidade para o meu desespero,mas me alcamei.Ele estava sóbrio e nao havia muito movimento tarde da noite.A minha alegria gemeu forte como se quissesse me dizer algo.A minha alma de repente ficou inquieta.

Naquele momento pus-me a pensar,um filme passou na minha cabeça,foi quando numa curva malfeita o monza azul derrapou feio indo colidir com uma casa velha e abandona de esquina.

Quando tudo cessou...ainda consciente entre as ferragens,busquei o meu marido que estava imovel envolto em sangue e vidro quebrado gemendo de dor.Pus minha mao na sua mao ,e chamei seu nome,ele estava zonzo mas ciente.

- Sou um idiota.Sou um idiota.Ele dizia.

- Calma,vai ficar tudo bem.eu respondia.

- Sou um idiota,me perdoe por tudo.

- Nao diga isso,perdoo voce,meu amor.

Aquelas foram minhas últimas palavras naquele momento de dor e desespero.Com a voz embargada trocamos juras de amor com as mão unidas .Ao terminar notei que a sua alma nao pertencia mais a este mundo.

Joelson Gomes da Silva
Enviado por Joelson Gomes da Silva em 25/11/2020
Reeditado em 05/12/2020
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