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(Imagem do Google)

Gratidão
 
Suponho que retornamos ao nosso habitat revestidos levemente do encanto das florezinhas do campo, após uma viagem esperada, planejada, sonhada. Adapto-me facilmente em outros ares, dispo-me de minha mineirice, esqueço o feijão tropeiro, há outros cheiros.

Devido à vasta diversificação cultural de nosso país, ao pousar em distintos  horizontes, é como se estivesse em outro continente. Os sotaques vêm como as melodias ternas de Tom Jobim,  turbantes coloridos nas madeixas seriam metáforas imperiosas das garotas de Ipanema, brilhando os olhos do saudoso Vinicius, o samba no pé da criançada inspiraria os saudosos Quintana, Ariano Suassuna, Fernando Sabino, e por que não, Jorge Amado? O som da música local sobrevoa como o doce cantar de nossos pássaros e quão bem faz para a alma, tal qual uma prece, aquece!


Estava eu contemplando a imensidão do mar, cúmplice de tantos segredos, abraçando, amparando aquela cidade, quando me dei por mim, num piscar de olhos , reverencio a lua com sua vestimenta dourada, a eterna musa dos enamorados espelhando para uns chamego, a outros aconchego ,  pincelando ternos enredos...

As iguarias regionais vêm do sarapatel, a simpática  ciriguela, também chamada ceriguela, seriguela .Saborosíssima ,  não sabia que essa planta é usada como diurética, energizante, cicatrizante, antiinflamatória, melhora as funções gastrointestinais e reduz as taxas de colesterol. O chá das folhas é também usado para a lavagem de feridas e de queimaduras, pomposa a seriguela, pequenina na passarela! Café da manhã regado a aipim, não havia degustado um mimo assim...

Na volta às Gerais, esforço maior ao fechar  a bagagem, devido à extensão de receptividade, aprendizado, contemplação, gratidão. As lembranças ficam guardadas em caixinhas peroladas, vez por outra , vêm à memória, compondo minha história!


 
 
Rosa Alves
Enviado por Rosa Alves em 13/02/2020
Reeditado em 21/03/2021
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