O SOLILÓQUIO

O sol efêmero iluminou-me entre as sombras do meu ser tênue em busca do acalanto. Sentei-me, olhei tudo que circundava-me e parei para perceber a lua que surgia no horizonte nublado e, rezei-me só, comigo mesmo, em meio aos tantos que habitavam em mim.

O ponto final chegou depois de um diálogo como uma pessoa que eu não conhecia e no desejo feraz de falar, mostrou-se vulnerável por inteiro, em detrimento ao mundo que criei, de sobre maneira do qual ela não criou.

Cheguei no posto de saúde logo cedo. Pessoas procuravam serem atendidas rapidamente como formigas que trabalham o dia todo até morrerem naturalmente, numa visão hipotética de observar o nada, na minha visão paradoxal do ser e do estar. Eu havia passado uma madrugada tranquila com meus amigos de sombras, porém, não era-me o bastante para caminhar entre as pontes do meu saber...

- Bom dia! - Comprimente algumas pessoas que estavam recomendo na ânsia de serem atendidas por um única pessoa. Na sala, abafada, pessoas, a enfermeira atendente tentava organizar o espaço, conseguia, eu sorria, sempre o mesmo acontecia como de geração para geração. E, para não participar do momento hilário entre o conforto desconfortante, entrei numa outra sala.

- Olá! - Cumprimentei a auxiliar que estava com a tesoura na mão.

- Oi! - Logo dirigiu-se com simpatia - Veio falar com a atendente do médico? Se consultar? Ele chega já! Acho! - Sorriu para mim, prosseguiu: - Já viu uma tesoura cortar tão bem?

Eu percebi que ela fez perguntas corriqueiras, sem sentido para mim naquele momento, talvez pela angustia do dia a dia, sem perceber, humildade disfarçada.

- Como é teu nome?

- Sérgio. - Respondi com simpatia, ela necessitava do memento para extravasar. E a única pessoa que estava naquela sala era eu.

- Como é seu nome? - Perguntei depois que havia estudado todos os movimentos dela e percebido a vulnerabilidade presente no templante fatigado. Comecei a conversar com ela... Ela doou-se em perguntas vazias.

- Eu tenho uma comemoração para ir? - Entrou uma senhora na sala, ela atendeu, sua solidariedade artificial mostrou lamentável ao facilmente expor a vida daquela senhora para mim, eu não a conhecia, como também não conhecia a própria pessoa da sala.

- Sérgio, o médico passou agora, olha!

Olhei o médico, charmoso, estatura média, simpático.

- Ele deve ter uns 45 anos, - Ela logo desfrutou-se a falar do médico. - Ele é bastante jovem para a idade. Muito orgulhoso, chato! Só não pisa no chão porque não pode.

- Eu gosto dele. - Transmiti alegremente. - Bonito! - Percebi que ela desejava mais e pus a falar e ela correspondia.

- Estou tão cansada. Fico fazendo artesanato até tarde. Não me importo a hora que eu vou dormir. - Ela aproveitou para cometer o seu pecado capitar. - Você deveria fazer teatro? Eu acho você um artista, sabes? Até na sua maneira doce de se expressar. Você vai gostar! - Depois ela dirigiu-se para outra sala.

Eu não respondi o que ela necessitava escultar para não alimentar o ego frágil dela, pois, eu nem sabia quem era aquela pessoa tão carente e fútil.

O ser humano se torna fácil quando não silencia sua vida diante dos estranhos. Eu não precisava da critica dela para poder dominar uma situação e agir em prol da inconveniência da mulher simpática.

Prefiro minhas sombras em meio aos que vivem no furor da necessidade externa para se alcançarem como imagem refletidas no tempo.

Sérgio Gaiafi
Enviado por Sérgio Gaiafi em 24/11/2019
Reeditado em 30/11/2019
Código do texto: T6802307
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