No Semáforo o sinal para no
Vermelho
Pedestres passam
E a prole corre
No desalento de ganhar algum
Muitas coisas vendem
Balas e doces
As mãos esticadas
E
Cestinhos feitos de taquara
Meu Deus leitor
São crianças
Indiozinhos
São crianças!
1 minuto?
Já contastes o tempo do sinal?
Aquelas crianças
Se entrelaçam
Nos carros
Na esperança dos
Cinquenta centavos
É rápido
Alguns dão
Outros desconfiados
Fecham o vidro
A mãe de longe
Observa o movimento
Uns descalços, outros com chinelo de dedo
Quase ao pé
Chegam abrem a mão
E dá pra Índia
Com um modo;
De desapego
De desapego
De esperança
De fome
Olhei de longe
Ela parecia insatisfeita
É fácil a mim ver e fazer julgamentos
Mas vejo um desespero
Sairam do seu chão
Pela fome
E vieram a cidade
Tentar a sorte
Quando a necessidade vem
A gente faz qualquer coisa
Crianças marginalizadas
O meio degride elas
Seria um caso de saúde pública?
Pois a gente observa
que seria elas parte do cenário
que seria elas parte do cenário
Todos os dias
Acostumamos
São crianças
Meu Deus leitor são crianças!
A infância roubada naquele sinal
Confesso que eu ja ofereci uma moeda
Na esperança de apaziguar
Aquele momento
E voltando a tantos anos
Sei que este lugar era deles
Nós roubamos
Os micegenados
Que somos: Brasileiros
Sei mais ou menos
Onde moravam os indiozinhos
Onde moravam os indiozinhos
Um caos
A noite eles dormem
Na Praça
Todos em volta
Da mãe, do pai
A mãe e pai fazem cestinhas
Pequenas, médias e grandes
O tempo de produção
Pais cuidam dos filhos
No Semáforo
É ali o terreiro deles
Seria algo da minha cidade
Do interior
Todavia na tua também tem
Em todos os lugares tem
Semáforo.