images?q=tbn:ANd9GcQ6yzmB6Zw1cgzVhsrMmqJIlmnvG66zvLMl-m0qZCB737hDdqSB
(Imagem do Google)

Adocicar
     Não é a primeira vez que lhes conto sobre o meu gosto pela culinária. Aprendi a cozinhar aos doze anos no fogão à lenha. Embora naquela época não tivesse a percepção que tenho hoje sobre  o cozinhar, era um prazer para mim quando as pessoas se serviam, sentia parte daqueles momentos descontraídos de degustação.
   
      Sou mais íntima dos doces, talvez por fazerem parte de minha infância.  Os tachos abarrotados de doces de leite, goiabada e tantos outros. Suponho que a gastronomia,  a boa música, a literatura  nos transportam a lugares e situações vivenciadas em determinadas etapas de nossas vidas.

     Deixando o processador de lado devido à má vontade de ler o manual, tenho aversão aos manuais, hoje ralei o mamão, doeu um pouco o braço, deixei de molho, troquei várias vezes a água e fiz o doce de mamão com leite, ficou pastoso, saboroso , finalizando com  canela em pó.
 
     Vieram as lembranças de mamãe compondo nossos pratinhos esmaltados, canela para uns, para outros não. Senti aquela saudade terna, materna , que nina o coração. Para mim uma iguaria esse doce de mamão.

     Despejei três conchas em uma tigela , cobri com  forrinho de barrados de crochê , fui ao Prado, um bairro de Belo Horizonte, presentear uma prima querida, professora  por trinta anos em dois colégios tradicionais dessa cidade.  Há  três anos está acamada, sem ver a luz do sol. Quis adocicar um pouco seus dias, suas noites sem luar...   

 
Rosa Alves
Enviado por Rosa Alves em 01/09/2019
Reeditado em 30/07/2020
Código do texto: T6734819
Classificação de conteúdo: seguro