(Imagem do Google)
Titina
Das vinte e quatro gravidezes de minha bisavó materna, sete desses rebentos partiram-se precocemente. Acolhidos em sua companhia ficaram dezessete filhos, dez Marias e sete Josés. Estatura mediana, voz serena, uma fortaleza a Dona Florinda.
O encontro dos descendentes de Florinda e João em Abaeté, no Centro Oeste mineiro, organizado por nossa prima Silvana juntamente com outros primos, ocorreu durante alguns anos. Bons momentos ao sabor da culinária mineira, ao som de uma boa música e causos ao pé do ouvido. Família essa que por algum tempo foi uma das mais numerosas de toda a região.
Titina era a primogênita dos 110 netos de minha bisavó. Era aquela irmã, sobrinha, tia que recebia visita da grande família, aqueles que moravam distantes não regressariam antes de vê-la. Agradabilíssima, prosa boa como todos diziam, aquela pessoa que você não queria se despedir, entre uma risada , um cafezinho e outro.
Há uns dois meses devido a questões de saúde culminadas com a perda de um sobrinho filho, foi-se debilitando e perdendo o quê mais lhe agraciava, seu sorriso. Estive com ela um dia antes de sua partida, quando a vi, pálida, com um sorriso morno, à espera de um exame aqui em Belo Horizonte, abracei-a com o coração partido. Seria o penúltimo abraço, pensei. No final da tarde, feito o exame, despedimo-nos na sua volta para o interior e tive ali a certeza dolorida do último abraço. Início da noite, caminhando pela Avenida Contorno na ida pra casa, meio desnorteada, lágrimas escorregando pela face, repensei mais sobre a complexidade que é a vida.
Tive uma noite insone relembrando os momentos que juntas passamos desde minha tenra idade, às vezes em que me carregou no colo de São Paulo a Minas na antiga Viação Cometa, o vestido de bolinhas coloridas feito com tanto esmero para mim, as primeiras lições escolares, meu sapatinho preto de verniz, as meias três quartos de pompons ofertadas por ela , usadas nas missas de domingo. No dia seguinte recebi a notícia da partida dessa irmã mais velha de mamãe. Fui vê-la, sob um céu cinzento no trajeto devido. Iria ao encontro do sorriso de Titina na mais longíqua esquina. Minha caixinha perolada está destampada, e lá lhe vejo tal qual a terna bailarina com os braços dispostos a nos abraçar, confortar...
O encontro dos descendentes de Florinda e João em Abaeté, no Centro Oeste mineiro, organizado por nossa prima Silvana juntamente com outros primos, ocorreu durante alguns anos. Bons momentos ao sabor da culinária mineira, ao som de uma boa música e causos ao pé do ouvido. Família essa que por algum tempo foi uma das mais numerosas de toda a região.
Titina era a primogênita dos 110 netos de minha bisavó. Era aquela irmã, sobrinha, tia que recebia visita da grande família, aqueles que moravam distantes não regressariam antes de vê-la. Agradabilíssima, prosa boa como todos diziam, aquela pessoa que você não queria se despedir, entre uma risada , um cafezinho e outro.
Há uns dois meses devido a questões de saúde culminadas com a perda de um sobrinho filho, foi-se debilitando e perdendo o quê mais lhe agraciava, seu sorriso. Estive com ela um dia antes de sua partida, quando a vi, pálida, com um sorriso morno, à espera de um exame aqui em Belo Horizonte, abracei-a com o coração partido. Seria o penúltimo abraço, pensei. No final da tarde, feito o exame, despedimo-nos na sua volta para o interior e tive ali a certeza dolorida do último abraço. Início da noite, caminhando pela Avenida Contorno na ida pra casa, meio desnorteada, lágrimas escorregando pela face, repensei mais sobre a complexidade que é a vida.
Tive uma noite insone relembrando os momentos que juntas passamos desde minha tenra idade, às vezes em que me carregou no colo de São Paulo a Minas na antiga Viação Cometa, o vestido de bolinhas coloridas feito com tanto esmero para mim, as primeiras lições escolares, meu sapatinho preto de verniz, as meias três quartos de pompons ofertadas por ela , usadas nas missas de domingo. No dia seguinte recebi a notícia da partida dessa irmã mais velha de mamãe. Fui vê-la, sob um céu cinzento no trajeto devido. Iria ao encontro do sorriso de Titina na mais longíqua esquina. Minha caixinha perolada está destampada, e lá lhe vejo tal qual a terna bailarina com os braços dispostos a nos abraçar, confortar...