(Imagem do Google Acesso: 13 de Junho de 2019)
Por onde andam os vaga-lumes
Num desses almoços de domingo com os filhos, observo a mesa ao lado, laço de fita escorregando pelos cahos dourados , olhar atento ao teclado, sequer um grão de arroz degustado. Instalou-me ali o ímpeto desejo de desembrulhar "Os Cinco Sentidos" que se acomodavam em minha bolsa, do grande e saudoso escritor mineiro, Bartolomeu Campos de Queirós e apresentá-los aos cachinhos dourados, certamente o universo ali seria tão lúdico quanto tua imaginação. A linguagem simples, requintada de Bartolomeu, seduz , eu diria que na mesma proporção adultos e crianças. Ele dizia que as crianças entendiam a sua linguagem e como entendiam! Eis um trecho do livro que eu gostaria de compartilhar com minha vizinha de algumas poucas horas:
"Por meio dos sentidos, suspeitamos o mundo. (...) Com os olhos nós olhamos a vida. Olhamos as águas rolando entre pedras, peixes, algas. (...) Com os ouvidos, nós escutamos o silêncio do mundo. (...) Quando alguém especial nos olha, nós nos sentimos tocados. (...) Em cada sentido, moram os outros sentidos.(...)"
Minha recente conhecida, mestra das teclas foi-se embora, olhamo-nos , sorrimos reciprocamente e num segundo estava eu debaixo do tamarineiro de nossa casa no interior de Minas. As pedrinhas de granizo gelavam nosso suco de tamarindo. Em décadas passadas, não havia energia elétrica nas propriedades rurais, embora valiosíssimos eram nossos quintais. Luminosidade havia na gestação das jabuticabeiras em flores brancas ,contrastando com o verde das folhinhas ovais e num relampejar, despontavam-se nos ramos e troncos pretinhos tais quais os olhos da menina Carolina!
Havia as laranjas-da-terra colhidas nos pés, zelosamente na companhia de mamãe ficariam durante uma semana, trocando-se a água para que o doce em calda não ficasse amargo. Dava gosto ver a compoteira ornamentada por aquela iguaria , o laranja retratava a vivacidade de mamãe!
Ouço o silêncio do cheiro de biscoitos de queijo assados na brasa, mamãe desconversando quando indagada por minhas irmãs Regina e Raquel sobre a chegada do nosso irmão. Conversa se dispersava com o desfile triunfante dos vaga-lumes, fazendo-nos acreditar que ouviram nossos chamados:
"-Vaga-lume tum tum, seu pai tá aqui, sua mãe tá ali, tocando viola. " Verde que consola!
Como disse o poeta, a grandeza está nos sentidos. Bons tempos vividos!
"Por meio dos sentidos, suspeitamos o mundo. (...) Com os olhos nós olhamos a vida. Olhamos as águas rolando entre pedras, peixes, algas. (...) Com os ouvidos, nós escutamos o silêncio do mundo. (...) Quando alguém especial nos olha, nós nos sentimos tocados. (...) Em cada sentido, moram os outros sentidos.(...)"
Minha recente conhecida, mestra das teclas foi-se embora, olhamo-nos , sorrimos reciprocamente e num segundo estava eu debaixo do tamarineiro de nossa casa no interior de Minas. As pedrinhas de granizo gelavam nosso suco de tamarindo. Em décadas passadas, não havia energia elétrica nas propriedades rurais, embora valiosíssimos eram nossos quintais. Luminosidade havia na gestação das jabuticabeiras em flores brancas ,contrastando com o verde das folhinhas ovais e num relampejar, despontavam-se nos ramos e troncos pretinhos tais quais os olhos da menina Carolina!
Havia as laranjas-da-terra colhidas nos pés, zelosamente na companhia de mamãe ficariam durante uma semana, trocando-se a água para que o doce em calda não ficasse amargo. Dava gosto ver a compoteira ornamentada por aquela iguaria , o laranja retratava a vivacidade de mamãe!
Ouço o silêncio do cheiro de biscoitos de queijo assados na brasa, mamãe desconversando quando indagada por minhas irmãs Regina e Raquel sobre a chegada do nosso irmão. Conversa se dispersava com o desfile triunfante dos vaga-lumes, fazendo-nos acreditar que ouviram nossos chamados:
"-Vaga-lume tum tum, seu pai tá aqui, sua mãe tá ali, tocando viola. " Verde que consola!
Como disse o poeta, a grandeza está nos sentidos. Bons tempos vividos!