O LITRO DE AÇAFRÃO

Certo dia ouvi alguém transmitindo o recado de um vendedor de açafrão a um possível comprador. Ao que tudo indica, o vendedor via no ex-colega que está em boas condições financeiras, uma oportunidade. Após insistentes tentativas o produto foi entregue. Questionado sobre o valor pago o comprador indagou, deve ser presente não fiz nenhuma encomenda se não for presente vou devolver. A esposa bem-sucedida ironizou, tem que ser açafrão!? Na minha cozinha não usa açafrão! Fala para ele vender ervas finas que eu compro. Estávamos em uma reunião onde a maioria era mineiros e goianos, usuários do delicioso açafrão. Ali no cantinho, desejei estar no lugar do comprador. Eu conheço o processo de fabricação, já produzi e sei o quanto é penosa a preparação do produto. Fiquei refletindo, talvez aquele homem necessitado, esperava receber pelo produto. Poderia estar contando com aquela quantia para completar o dinheiro do gás, do arroz etc.

Aproveitando o episódio, vou falar em nome dos pequenos chacareiros que trabalham arduamente para subsistência. Amigos e parentes inconscientemente em visitas, carregam suas produções sem contribuir com o custeio e acabam desperdiçando o que deveria ser comercializado gerando renda à família.