Intolerância...
Intolerância... - [Gente mole]
Celso Gabriel 'Boaratti' de Toledo e Silva – CeGaToSí®
Poeta de Luz® - Arquiteto de Almas® - Poeta dos Sentimentos®
Concebida em: Piracicaba-SP, 19/novembro/2018 – 13h: 30min.
Lembro-me de ter presenciado numa tarde a qual o tempo já se faz passado longínquo nos degraus d'uma escada existente no interior do pátio do colégio o qual visitava, que dois amigos conversavam de maneira alegre assuntos de mútuo interesse, como também até situações banais, quando um deles se aproxima d’outro e se aconchega sem dizer nada, tão pouco solicitar permissão, uma atitude espontânea permitida pelo vínculo salutar de sinceros amigos, e assim em seu corpo mais avantajado em virtude da diferença de idade e constituição física se fez acomodar. Uma oferta de carinho que parecia reciproca e verdadeira, quando do nada o mais novo num repente se afasta e faz 'libertar' toda a sua maldade interior, todo o veneno de sua intolerância e a sua incapacidade de lidar com situações adversas. Faz uso de palavras ríspidas, envenenadas de preconceito para aquele que carinhosamente o acolheu no calor de seu corpo.
De sua boca pela língua inflamada colocações se fizeram soar em alto e bom tom expressando ira e raiva, atitudes de certo não pensadas, muito menos toleradas, mas tão pouco contidas. Como se a mão estivesse repleta de pedras para serem atiradas com violência para, pois ferir assim o fizera. Fragilizou-se, mais que isto, desmereceu-se e ofendeu-se naquele instante a amizade que se fazia consciente e respeitosa.
Por estar relativamente próximo senti toda aquela agressividade atingir profundo em meus ouvidos, e me pus a imaginar como estaria sendo n'alma daquele que de amigo d’outro nada possuía e que ali ouvia perplexo e em total silêncio e via que a sua permissão e seu carinho foram usados como agressão, tal como navalha afiada riscando a pele, adentrando sem piedade até alcançar o coração antes feliz, dando à 'este' a gélida e amarga sentença de morte.
E disse o jovem: Ah! Nossa como eu detesto a sensação de estar próximo ou sentir a pele de gente mole*. Então, ali o que era belo fez-se agonia, 'cobriu-se' de tristeza, instalou-se a mágoa, a frustração e a impotência de se defender diante daquele que antes ‘habitava’ ao coração como verdadeira amizade.
O que sofrera o baque ficou ali parado e sentado permaneceu por alguns minutos enquanto o outro num ato de aversão e repúdio afastou-se, levantou-se e em frenética ação foi acomodar-se no corpo d’outra pessoa como se protegido, imunizado, salvo em sua redoma de arrogância e prepotência. Agora distante do não mais amigo que momentos antes o fizera perder a máscara da falsidade fazendo-o se revelar ser incapaz de respeitar as diferenças, muito menos valorizar a essência d'uma amizade pura.
Sem ainda estar recomposto levantou-se depois de alguns instantes aquele que já não era mais o amigo querido. Pude ver discretamente em seus olhos enquanto passava próximo a minha pessoa e sem um caminho a seguir que disfarçava a infelicidade e as lágrimas que de seus olhos 'sorriam'.
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Gente mole* - expressão usada para dizer da pessoa que é gorda ou obesa, uma forma sutil de bullying ‘mascarado’.