Filhotes da Crise
- Ô compadre, e a vida, como está. Ainda sem trabalho?
- Estava encostado, retornei ao trabalho e a empresa fez uma limpeza. Agora estou ancorado no Seguro Desemprego. Não sei o que vai acontecer daqui 5 meses, mas por enquanto, estou firme, duro, resistente, lá. Se depender de mim, aposento no benefício. Bons tempos àqueles do Lula no Poder, pintava uma marolinha, o camarada aumentava as parcelas do Seguro. Eu mesmo cheguei pegar oito parcelas. Comemoramos bem o final de ano. E o compadre, o que está fazendo da vida, quando não faz nada.
- Realmente, o Lula foi um santo homem para nós e o Judas desse país prendeu ele. Estou indo à CEF dar entrada no processo do...
- Já sei. Vamos mudar de assunto. E a comadre, Cilibrina, está boazinha?
- Saiu cedo. Pegou carona com o entregador de leite e foi à cidade resolver umas pendências. Acho que é sobre a escola dos meninos.
- Também sei. Se não estiverem indo regularmente à escola, cortam o Bolsa Família.
- Sabe que não sei, mas deve ser isso. Tá certo compadre, vou chegar lá. Pegar fila é dureza. Nesses lugares, tem hora para chegar, mas não tem hora para sair. É um vai para lá, vem para cá, um jogo de empurra, danado!
- Paciência, compadre; e boa sorte! Tudo vai se resolver sob a paz do nosso Pai soberano.
- Deus te ouça irmão! Dê lembranças minhas para irmã Ziquinha. Estou com saudades!