ME CONCEDE ESSA DANÇA?

Eu perdido na night acompanhando a neta
Luzes fortes explodindo na balada lotada
Eu ali no bar com meu drink sem álccol
Lindo e colorido na mão, doido por gin
Tentando não perder a mocinha de vista
Tarefa difícil, pois ela não quer ser seguida
E o bendito jato de fumaça do palco
Embaçando tudo à sua volta
Peço o terceiro drink adocicado
Já ensurdecendo com aquele barulho
Eis que ao lado surge uma pessoa
Parecendo tão perdida quanto eu
Uma mulher madura de sereno semblante
Parecia vigiar um rapaz lorinho de brinco negro
Ela pediu ao barmen um refrigerante  com limão
Olhou para mim, como que pedindo apoio
Sorri gentilmente de volta aquiescendo 
Me apresentei e perguntei se estava só
Ela respondeu que trouxera o sobrinho-neto
Disse a ela a minha posição na boate, ela riu
Brindamos cúmplices no meio do tormento sonoro
Depois de alguma conversa corriqueira
Eis que o DJ, talvez com dó dos acompanhantes
Lança no ambiente uma música lenta
Vendo menos jovens na pista, correram para seus celulares
Me arriscando a receber uma desfeita, pergunto educadamente
- Me concede essa dança?


Cristina Gaspar
Rio de Janeiro, 20 de março de 2016.