É PRECISO OUVIR OS SINAIS (micro conto)
Ventos uivantes,estremecem a casa flutuante. Sobre a construção de pau a pique, o telhado de sapé há pouco voou pelos ares. Duas figuras moreno jambo de olhos arregalados, se abraçam apavoradas. Bem próximo ao meio do rio, longe de tudo, água entrando por todo lado, isso tudo já vinha sendo avisado, só eles, que não tinham para onde ir, continuaram se arriscando na estação das cheias. Agora estavam sozinhos naquele lugar só com Deus para ajudá-los. Jovem casal ribeirinho, já haviam perdido seu único filho na última estação, que destino eles teriam. Não podiam sequer imaginar o próximo instante, que dirá o futuro, se é que eles ainda o teriam. Duas horas depois, um pequeno barco motorizado e alto com dois bombeiros, vêm para resgatá-los, mas, nada que existe dentro da humilde casa poderá ser levado, exceto os documentos, ainda teimam em ficar, uma teimosia descabida e perigosa, os bombeiros insistem preocupados e enfim eles aceitam ir com eles. Mal entraram no barco, a casa desabou e foi levada pela correnteza caudalosa, caíram em prantos, agradecendo à Deus a ajuda recebida, na hora mais temerária. Eram jovens, teriam que encontrar uma forma de sobreviverem, pelo menos, tinham um ao outro e saúde para recomeçar. Como o destino à Deus pertence, que sirva também de lição, sinais foram dados e eles não estavam prontos para ouvir, resta para eles, a esperança de que, pelo menos, um novo dia ainda vai nascer.
Cristina Gaspar
Rio de Janeiro, 25 de setembro de 2015.
Ventos uivantes,
Cristina Gaspar
Rio de Janeiro, 25 de setembro de 2015.