Sorrindo do MUNDO

Querubim sorria de tudo e de todos. Ao vê-lo no espelho, gargalhava. Ouvia o sino da capela badalando, sorria. Ia ao supermercado, reparava tudo e dava risadas. Querubim era desconhecido da tristeza. Por onde um andava, o outro fazia a volta longe.

Certo dia foi à venda de secos e molhados. Nem bem entrou e caiu na gargalhada. Rodou várias gôndolas e repartições e dedicando certo tempo, pegava as mercadorias, falava alguma coisa, soltava a gargalhada e caminhava para outra repartição. E com esse gesto, de prateleira em prateleira decorava os nomes das mercadorias.

O Vendeiro intrigado com a atitude de Querubim, foi ao seu encontro. Aproximou-se e ele, sem nada a fazer, disparou as gargalhadas. Gentilmente, o Vendeiro perguntou em que poderia ajudá-lo e ratificou, dizendo que estava ali para essa finalidade e que era só dizer o que estava à procura, que solucionaria o problema dele.

Querubim, totalmente sem jeito e envergonhado, abaixou a cabeça e respondeu ao vendeiro que havia perguntado o nome e o preço de cada produto, mas todos eram surdos e mudos e não falavam nada. Fez silêncio. Depois falou: "Não vou levar não, minha mãe mandou dinheiro contado e tenho medo de não dar para pagar o que ela pediu. Os produtos e objetos não sabem o preço deles, como vou fazer as contas para ver se o dinheiro dá".

Como sempre, saiu dando risadas; deixando o Vendeiro com uma série de interrogações na cabeça. Já na rua, pegou o celular e andava entretido olhando a tela, quando meteu a cabeça no poste.

Ironizou o fato gargalhando: "Tecnologia dos diabos, podiam fazer poste de borracha, dava menos trabalho". Foi quando lembrou que os postes são de concreto porque é produzido na indústria do Prefeito e Políticos de modo geral, não fazem nada de útil e que presta para o povo"!

E continuou olhando a tela do celular, contorcendo-se de tanto rir; só que parado.

- Quero ver eles vir em meu encontro, agora!...Faço como eles: não saio do lugar; pois segundo a lei da matéria, dois corpos não ocupam o mesmo lugar no espaço ao mesmo tempo. Ou eles, ou eu...ou senão, nenhum de nós dois.

Mesmo com a visão rodando pela catarata, abraçando o poste, deu risadas sem saber de quem estava rindo. "Meu amigo"!

Boa noite!

Mutável Gambiarreiro
Enviado por Mutável Gambiarreiro em 14/05/2015
Reeditado em 15/05/2015
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