BRASILEIROS e Algodão DOCE
Dia festivo. Carnaval e decisão de campeonato.
Cansado da rotina da venda de pipoca e algodão doce, o velho palhaço Mixirica sentou-se no banco da praça para descansar as pernas.
Vindo de lados opostos, imediatamente numa mesma tirada, sentaram-se dois senhores: um de olhos puxados e cabelos pretos; o outro, alto, branquelo alourado.
O de olhos puxados "chora as pitangas" dizendo que no arrastão havia ficado sem nada: "Deixaram-me só com a roupa do corpo"
Estupefato, o alemão olhou para ele, interpelando-o, se não seria em determinado ponto da cidade. O senhor de olhos puxados respondeu que sim, coincidindo até os minutos.
- Também fiquei sem nada. Nem sei como vou pagar o metrô! - resumiu, chorando as mágoas.
- Então fomos assaltados no mesmo arrastão. - concluiram em uníssono.
Sem pedir licença, na tentativa de consolá-los, Mixirica interveio: "Os senhores são de que países"?
O de olho puxado disse que estava no Japão mas que era Brasileiro. Com a diferença de que estava na Alemanha, respondeu o alemão: "Brasileiro". Prosseguiu: "Por que? Qual a nacionalidade do senhor"?
Destacado pelo penacho vermelho, o palhaço ajeitou o chapéu torto na cabeça, deu uns tapinhas na coxa e silenciou-se. Passado um minuto, levantou-se, enfiou a mão no bolso da calça e falou ao cebolão de meio quilo, primeiro lançamento da Motorola:
- Alô! A nacionalidade de dois senhores que estavam no arrastão, dos meliantes arrastadores e do Vereador que disse que só mesmo sendo corrupto para sobreviver com 10 mil reais neste país, é a mesma; ou seja, BRASILEIRA. Tudo igual. Exatamente igual.
O quê? A linha tá ruim! Fala direito. Isso mesmo: sou lá dos fundos do Ceará. Mais para lá do que para cá. Câmbio, desligo!
Resmungou: "Não estou fazendo nem pro fumo, quanto mais para pôr crédito no cebolão. Deveria ser arrastador ou político...não tenho vocação e índole para tais trabalhos".
Visto por olhos perplexos, jogou a trouxa de roupas no ombro e saiu gritando a insensatez e sobrevivência dos palhaços: "Quem vai querer: algodão doce. Pipoca. Algodão...Pipoca. Já vem o arrastão".
- Ei, empreste-nos o celular para comunicar o acontecimento à nossa família. - alguém berrou.
- Algodão doce: um real; pipoca: dois reais. Promoção. Algodão. Pipoca. Quem vai querer! A boa tecnologia é aquela que funciona no momento certo, no lugar certo. É essa a tecnologia que resolve. Pipoca. Algodão. Idiotas. Vai aí dona? Pega para o filho. Me ajuda...Doce algodão doce!
Boa noite!
Permita-me a curiosidade: qual a sua nacionalidade?