No Cinema

O cinema foi aquele especo criado para entreter e espalhar uma cultura de fora, que veio se instalar em nosso solo. Como sétima arte, acredito que seja bem precária. Enquanto a imaginação é muito mais cobrada, por exemplo na literatura, nas telas temos os personagens já criados, são modelos que nos chegam e engolimos. Muitas vezes é decepcionante, quando certos personagens literários, que imaginamos uma criatura bizarra, são retratados por atores toscos e em diversos casos, que atuam mal pra cacete. Parece que com o tempo foi piorando essa indústria. Gastam muito mais dinheiro, não há dúvida. Mas falta a criatividade e algo realmente atraente. Sentamos naquelas poltronas e pagamos caro pelo ingresso e saímos com a sensação que fomos enganados. Os trailers são melhores que o longa. Um saco. Cometemos a burrice de ir novamente e passar pela mesma situação escrota.

A internet possibilita, para quem conhece os caminhos, ter acesso a coisas muito mais interessantes e não perder tanto dinheiro indo no cinema. Aliás, existe televisão e aparelhos de áudio que dão um banho em certas salas de cinema. Coisas que a tecnologia possibilita. Desde que possa pagar por ela. Só que falam da tal “magia do cinema”. Vamos tentar imaginar esse troço. A gente enfrenta uma fila fodida. Não adianta comprar ingresso antecipado, não existe lugar reservado. É um disputa. Correria. Gente querendo sentar próximo e na conseguindo. Hoje muitos shoppings adotaram as salas de cinema, concentram a renda ali dentro. A pessoa enche o rabo na praça de alimentação e depois vai ver um filme. Isso se não tiver uma diarréia. Sair no meio do filme para ir ao banheiro é uma merda, até porque, pelo preço que se paga, você não vai ter assistido tudo. Aguardamos em pé em uma fila, que dependendo do local, do filme e do lugar onde queira sentar, precisa chegar com uma hora de antecedência.

Existem outras filas. Para comprar uma pipoca, fora aquelas de queijo com cheiro de peido, que é algo tradicional, e água ou qualquer coisa do tipo, você enfrenta outra fila, que muitas vezes te faz perder um bom lugar lá dentro. Nas filas, sempre existe alguém com comentários toscos, criançada gritando e coisas do tipo. Fico imaginando nos motivos óbvios que fazem com que vez o outra um atirador invada uma sala dessas e abra fogo contra a platéia. O público não enche o saco só na fila. Lá dentro, para aparecer fazem comentários altos, jogam pipoca e outras coisas. Dão risada em momentos inoportunos e assim por diante. Existe a verificação do bilhete de entrada. Finalmente consegue entrar e sentar em um lugar razoável. Existe sempre um que acha que entende tudo de filme e quer comentar sua crítica ou já assistiu e fica contando as partes principais. O cheiro de mofo dos carpetes. O ar acondicionado sempre no máximo, para a pessoa sair congelada. Comida espalhada por todo lado. Fodam-se as lixeiras. Quem freqüenta precisa ser porco.

Começa a sessão e logo aparecem os atrasados. Caindo por cima dos outros, tropeçando nos degraus das escadas. O lanterninha vem tentando auxiliar, muitas vezes a luz vem na cara de quem está já acomodado. Você precisa ficar com as pernas atravessadas porque na maioria das vezes querem um lugar no meio e precisa passar por um mar de pernas até chegar no local. A sombra que passa na frente da tela, ainda mais com gente que levanta e sai da sessão à todo momento. Diversos anúncios pedindo que não fale alto e desligue o celular. Quem cumpre essa porra? Dá vontade de pegar o celular de alguns e enfiar no cu deles. Ficam tentando gravar o filme ou jogando com aquele luz acessa, conversando alto próximos a você. Os inconvenientes nunca sentam longe. Grupos de adolescentes e crianças insuportáveis com pais idiotas, podemos observar na fila de fora e devemos evitar sentar próximos. Passam muita propaganda e trailer e nesse tempo ajustam o áudio e a imagem e a gente fica com os exageros nas vistas e nos ouvidos.

Algumas vezes existem discussões sérias, quase chegando a agressão física. Já presenciei isso. Foi até divertido e desejava que continuasse para ver umas porradas e ter compensado a entrada. A comida que se vende no cinema é muito cara e não é exclusiva, o que me faz questionar porque não te deixam entrar com um saco de salgadinho se vendem a mesma porcaria com o preço duzentos por cento mais caro. Esse é o motivo. Eu entro com o meu em uma sacola e foda-se. O sonho é encontrar o cinema vazio. Ainda mais estando com esposa, namorada, peguete. Enfim. A gente imagina que vai se dar bem e transar ali mesmo. Sempre aparece alguém e a pessoa que chega nunca senta longe. Se mudar de lugar eles mudam também. Parece que tem medo e querer ficar juntinho, uma bosta isso. Uma vez, um conhecido conseguiu uma chupada assistindo M.I.B.. O cinema nem estava tão vazio. O povo sentou mais na frente e o lance rolou lá atrás. Parece que o negócio foi do outro mundo. Talvez essa seja a magia. Mais vai depender de sorte.

Bruno Azevedo
Enviado por Bruno Azevedo em 26/12/2013
Código do texto: T4626156
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