Fim de Ano
Final de ano é um saco. Todo lugar que você vai está lotado. Se vai comprar o pão, a padaria está lotada. No supermercado nem se fala. As filas são tão grandes, que quando chega pode deixar alguém, fazer todas as suas compras e retornar para a fila e ainda vai ter tempo de sobra para uma boa conversa. Se sai pela cidade, engarrafamento em todo canto. Às vezes, dependendo do bairro, na sua própria rua o tráfego é intenso. Se resolve caminhar, parece que todos tiveram a mesma ideia e anda esbarrando nas pessoas. Se resolver pirara e sair de skate, vai se deparar com centenas de skatistas. Melhor ficar em casa. E muitos fazem o mesmo. A internet congestionada. Não abrem os sites. Tudo entupido. Você acha que vai no banheiro e estará inchado, já que deve estar entupido também. Se tentar contratar algum serviço, todos estarão lotados de pedidos e não irão lhe atender. Se o vaso entupir, fodeu. Vaso entupido é algo desagradável, a gente se sente mal em ter que olhar para o que todos os dias eliminamos.
Você liga a televisão e todos os programas falam de natal e aquelas propagandas lindas de bancos para foderem você mais ainda no próximo ano. Os especiais são sempre os mesmos e os novos são sempre um lixo. Queima de fogos. Alguém ultrapassa a área permitida e sai chamuscado. A queima de fogos em Copacabana que é um saco e enche o Rio de Janeiro de estrangeiros querendo gastar o dinheiro com a trepada do século. Já que podem contrair HIV para o resto da vida. uma foda dura um dia, uma gravidez pode o aborto resolver, mas AIDS é pra vida toda. Eu sento no sofá e abro um livro. Sensação esquisita, o pênis fica dormente. A gente fica com a perna dormente, o braço, a mão, os dedos, mas o pinto é foda. Parece que não esta ali, dá um vazio, parece que fomos capados por algum fantasma e só ficou aquele formigamento. Pega nele, aperta e nada. Desesperador.
Os bancos estão entupidos de gente. As pessoas recebem o décimo terceiro salário e já estão endividados a ponto de usá-lo todo e ainda ficar devendo. A pessoa pega empréstimo e oferece até as pregas. Vem aqueles jogos da loteria federal, carnês e tudo que é tipo de lance que diz que vai ganhar muito dinheiro, de forma rápida. Mas você gasta o pouco que ainda resta e não consegue nada. Olha o sorteio e dizem que um sortudo, que não foi você, recebeu uma bolada e está milionário. Depois vem a notícia que assassinaram o cara e de certa forma, todos os outros perdedores se sentem vingados. Até o número de pedintes cresce nas ruas, contando com a caridade natalina. Em cada esquina uma mão estendida e não dar nada nessa época é algo considerado grave, muitas pessoas sentem remorso. Coisa de louco mesmo. muita gente alcoolizada por causa das festas e aumentam as mortes no trânsito e comas alcoólicos.
Chegam as famosas festas familiares. Aquele encontro com pessoas que odeia. Lance de manter as aparências. As pessoas se exibem dizendo o que conseguiram ao longo do ano, falando das carreiras profissionais e dos salários. Na grande maioria é mentira, estão devendo até o butão. Aquela criançada correndo e gritando. A ansiedade para encher o rabo de comida e bebida. Algum discurso. Aquele inimigo oculto, onde ficam com aqueles olhares suspeitos e abraços falsos. Coisa deprimente. Alguém bêbado acaba comentando algo que não devia e quebra o pau com ou sem espírito de natal. Se resolver viajar vai pegar um puta congestionamento que vai desistir da viagem no primeiro quilômetro. Brindes, estouro de cidras, pois é raro o champanhe propriamente dito. Os discursos feitos antes da comilança. Se for ao shopping, sofrerá problemas até para sair das escadas rolantes. Vai gastar muito, ser mal atendido e passar raiva. Isso é o fim de ano. Todo mundo combina de sair no mesmo horário. Não adianta dizer que vai mais cedo ou mais tarde, parece que adivinham suas intenções. Se for se alimentar ou usar o banheiro, as filas imensas estarão na sua frente e você se perguntando porque saiu de casa. Um bom fim de ano a todos nós.