Em Um Casamento

Aquela chatice de cerimônia religiosa. Primeiro o padre, parecendo o super-homem com uma capa branca esvoaçante. Soube que malha os glúteos na academia ao lado. deve dar igual chuchu na cerca esse padreco. A pose diante dos convidados e os sorriso e cumprimentos para poucos, os endinheirados presentes no banco da cerimônia. Agora colocam música estrangeira para a entrada dos noivos, muitas vezes desconhecem o significado, deixando como trilha sonora uma música sobre o fim de um relacionamento, depressão ou traição. As pessoas reparam umas nas outras, dizendo que fulano é brega, sicrano se veste male por aí vai. O noivo estava vestido com um terno com listras na gola, parecia a roupa do personagem Kiko da série mexicana “Chaves”. A noiva parecia anoréxica. Se não for, dizem logo que é.

No salão vieram servir torradas. Que porra é essa. Esperei o garçom da cerveja e pedi logo uma garrafa daquelas embaçadas. O restante do pessoal resolveu aderir. Já que tomar refrigerante na jarra é a coisa mais escrota que já inventaram. Parece um suco de qualquer jeito. Sei lá se os pelos da barba do garçom caíram ali dentro ou cuspiram e mexeram aquela porra com as mãos. Jarra é pra suco, água ou ponche, o resto é besteira. Sacão apertado. Se alguém ficasse de pau duro outro tinha que sair para dar espaço. Calor absurdo e aquelas roupas, ternos, vestidos longos, mulheres de meia calça, tudo de pau e boceta pingando de suor e as dobras se liquefazendo.

Logo vieram com o ritual da gravata. O sujeito gasta o que não tem e quer que você arque com um pouco do prejuízo. Exigem que vá ao evento em que foi convidado, com uma boa nota no bolso. Fizeram a algazarra e larguei cinco centavos na boca de uma garra pet que seguravam. Disseram que moeda não passa, me chamaram de pão duro. Ora, não foi pau duro. Enrolei o guardanapo e ia enfiando. Quando desistiram e foram embora. Se aquilo é brincadeira, como dizem, deveriam ter gostado da minha piada. Demorei a festa toda para mijar. Cheguei no banheiro e não encontrei nem papel. Arranquei a folha de sulfite colada com fita crepe, que avisava para dar descarga e jogar papel na privada. Que papel? Achei inútil e arranquei também uma plaquinha que dizia para manter o banheiro limpo, essa era de plástico, mais bem estilizada. Aquilo estava pior do que muito banheiro de boteco imundo que freqüentei. Estavam demorando para servir para ver se o pessoal ia embora. Comi meu pedaço de bolo e fui dirigindo pra casa, perfeitamente alcoolizado, com minha esposa e minha sogra.

Acabei participando de outro evento. O primeiro católico, o segundo evangélico. O pastor falou pra cacete, umas duas horas. Calor absurdo e na outra igreja havia ar condicionado. Cada ventilador fodido de ruim e eu com uma dor de barriga. Queria cagar ali mesmo. Na boca do pastor, que só falava merda. O sujeito começou contando para os noivos o caso de uma mulher que esfaqueou o marido. Que tipo de introdução de casamento é essa. Eu desistia. Imagina saber que pode acordar sem as bolas ou coisa do tipo. cada exemplo tosco e pedia que as pessoas olhassem para quem estava ao lado e dissessem “eu te amo” ou pegassem as mãos alheias. A sorte é que estava do lado de minha esposa. A vontade apertou e fui cagar. O banheiro era limpo e espaçoso. A descarga potente, não sobrou nem um respingo de merda.

Saímos e fomos a uma chácara na puta que pariu. Estrada sem acostamento. Eu com pressa. A dor de barriga voltara. Pegamos uma estradinha de chão e o fundo do carro foi batendo em bicos de pedra. A poeira levantando, gente buzinando atrás e a bosta na porta do cu. Desci e entreguei logo os convites, corri para o banheiro e sentei na cabine de deficientes. Conforto, espaço e não é de faltar papel. Caguei sem pressa, ouvindo um sertanejo daqueles bem escrotos. Saí e fui pra mesa. Serviram torrada novamente. Que porra é essa? Está na moda servir torrada? Cervejas e fomos obrigados a esperar os noivos e depois um filme de casamento daqueles longos, com fotos e encontros batidos, que a gente quer logo ir pro banheiro e vomitar aquele pão seco. Logo foi batendo um desespero quando mostraram os erros de gravação. Tipo de programa da rede globo, você sabe que foi armação. Para não vomitar ali mesmo eu fui embora, nem quis beber. Saímos pela estrada desconhecida, de volta a nosso lar. Dormir olhando aquelas pernas morenas e aquela calcinha transparente. Vidão!!! Casamento? Só o nosso que prestou.

Bruno Azevedo
Enviado por Bruno Azevedo em 16/12/2013
Código do texto: T4614551
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2013. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.