Adaptações
ADAPTAÇÕES.
- Como vai Leonardo?
- Tudo bem e você?
- Tudo bem, também.
- Estava aqui matutando sobre aqueles que no passado vieram pra viver entre nós e como tinham ideias diferentes, foram crucificados, queimados vivos, ou ainda enforcados, mas suas ideias não morreram, ao contrário foram reconhecidas como inteligentes como quando Galileu deixou rolar suas esferas sobre a superfície oblíqua com um peso por ele mesmo escolhido, ou quando Torricelli deixou o ar carregar um peso que ele se representara de antemão como sendo igual ao de uma coluna de água conhecida por ele, ou quando, ainda mais tarde, Sthal transformou metais em cal e esta de novo em metal, suprimindo-lhes ou restituindo-lhes algo.
- Outra coisa é a metafísica, um conhecimento especulativo da razão inteiramente isolado que se eleva completamente acima do ensinamento da experiência através de simples conceitos (não como a Matemática, através de aplicação da mesma à intuição, na qual, portanto a razão deve ser aluna de si própria, não teve até agora um destino tão favorável que lhe permitisse encetar o caminho seguro de uma ciência).
- Essas coisas, eu, você e as demais pessoas leram, e ficamos sabendo pelos bancos escolares, ou das igrejas como nosso mundo seria melhor se seguíssemos esses ensinamentos.
- Na verdade, a pior invenção do homem foi o dinheiro.
- Ainda bem que ele está desaparecendo.
- É verdade, foi substituído pelo cheque, agora usamos o cartão de plástico e no futuro a internet fará as operações comerciais sem uso das moedas ou das notas.
- É verdade, ainda hoje transferi o pagamento da escola de meu filho da minha conta para a conta da escola em menos de cinco minutos.
- Embora tenhamos essa facilidade, pouco tempo nos resta para conversar ou ler um bom livro.
- Se vocês permitem, disse Renata que ouvia a conversa, as conversas foram direcionadas para os telefones celulares, no futuro estaremos livres das taxas que absurdamente pagamos para usá-los e podemos também através da internet baixar os E-books e lê-los na tela do computador.
- Você tem razão, mas o calor humano onde anda?
- Nas festas de casamentos, nos enterros, ou ainda alguns aniversários.
- É bom então aproveitarmos momentos como esse para apertar as mãos ou mesmo dar um abraço e um beijo nas faces.
- queiramos ou não podemos nos adaptar a essas novas atitudes, mas, nós que viemos dos anos sessenta, queira ou não, sentimos muita falta daquele tempo em que se dançava de rosto colado.
- Hoje é uma nova era e lembranças como essas são saudáveis, mas precisamos viver o novo século e quem não se adaptar vai dançar.
- Se for de rosto colado eu topo.