NO ALVORECER DE UMA VIDA.

O Anunciado

De Antonio Herrero

Apesar do cansaço ainda permaneceu alguns minutos sem dormir, de sua pequena varanda, recostada em uma banqueta espécie de cadeira, observava lá embaixo sobre seus pés, infinidades de luzes acesas, parecia uma constelação forrando aquele chão, seus amigos e vizinhos estavam todos acordados ainda, e logo também dariam início ao sono, recobrando as energias gastas no trabalho do dia a dia.

Aquela senhora bondosa, guardava em seus sentimentos o carinho retribuído por aquele povo, a dedicação e o amor fraterno que ela propagava a todos, retornavam em foram de carinho e gratidão, agora presenciando em seu redor centenas de moradias, que pelo início de noite, o brilho das luzes, muito se assemelhava como um tapete de luzes a piscar, de mostrando a existência de vidas, com suas pequenas casinhas agarradas pelas encostas do morro. Seres humanos que não tiveram a sorte de possuir um conforto mais digno persistiam nesta vida, apesar dos direitos constituídos deste país, dizer que todo cidadão tem direito a moradia digna.

Esta senhorinha de coração bondoso ficava inconformada com tantas injustiças sociais, isso lhe dava motivo para trabalhar mais e mais em benefício daquele povo. Muito pensativa entristecida com estes transtornos que vivia todos os dias. Todas as noites ela se deitava em busca de um sono que a anestesiasse de todos os malefícios vividos naquela associação de moradores. Não havia médicos suficientes para atender a todos, a visita destes profissionais da saúde era esporádica, o governo não os remunerava o suficiente, não empregavam os recursos na saúde daquele povo. Aquelas gente necessitavam de remédio para aliviar suas dores, e estancar estas sangrias causadas por uma diferença enorme de posição social.

Nesta noite antes de dormir, estava ela a ouvir os sons que vinha das casas destes moradores, percebia o som de muitos aparelhos eletrônicos ligados, as televisões se destacavam como principal distração para este povo. Dona Francisca ouvia com clareza tudo que o que o repórter dizia nos aparelhos ligados, era hora do jornal da noite, com os olhos apenas fechados, ouvia o noticiário, pela a televisão do vizinho mais próximo, e estava reportando os acontecimentos que ocorreu nestas próximas horas. Ficou pasmada quando ouviu a notícia que alguns garis ao dar início à jornada de trabalho, naquelas primeiras horas. No momento que recolhia um saco de lixo de um contêiner, ouviu uns pequenos gemidos, com muita atenção, foi verificar tudo que estava acontecendo, ele tinha certeza que não se tratava de nenhum animal, algo não estava conferindo com suas perícias, súbito pode constatar que ali estava um recém-nascido, e grande foi seu espanto, ela ficou assustada com isto que estava acontecendo, e a TV estava noticiando, ficou angustiada e emotiva com toda esta história que a mídia noticiava, quando se tratava de maus tratos a uma criança, mexia com o brio e os seus sentimentos mais nobre, pois havia muita pureza naquele coração bondoso. Uma criança rejeitada desde o ventre, desta mãe degenerada, infame. Este fato acabara de acontecer, e o local deste crime, foi bem ali perto, ao início da escada que levava as pessoas até o topo do morro, não ficava muito longe do lugar em que situava dona Francisca.

Apesar de muita abalada com tudo àquilo que haverá acontecido, ela conseguiu dormir na aquela noite de pesarosos acontecimentos.

Este pequeno ser que, não pediu para vir ao mundo, fruto de alguns minutos de prazer carnal, que agora insistia ainda mais em viver neste mundo cruel, os choros incessante, e gritante que esforçava, parece que expressava toda a vontade de embriagar desta atmosfera, apesar, de impoluto, mas ignoto nesta perdição; depravado mundo de morticínio repleto de miséria humana. Este neném se valia desta oportunidade de fazer parte deste universo; sistema solar tão carregado de seres perversos, possuidores de sentimentos animalescos, mas assim mesmo sobreviverá nesta existência, habitada por feras iracundas.

A puerperal, em convalescênça, estará em breve desfilando pela avenida vendendo a preços mínimos seu formoso corpo jovial e atraente. Ainda poderá acontecer outro descuido na prevenção, no ato da relação, e trazer ao mundo mais uma criança, que logo após será atirada ao lixo, aos meios das babugens, ou ao meio das formigas, picando sua pele tenra avermelhada, ainda morna, expelida das entranhas maternas desta mãe irresponsável.

A polícia à busca, e muitas investigações, acabaram por encontrar a malfeitora criminosa, se trava de uma menina de programa, mora em uma vila residencial, ao outro lado da cidade, pessoa com a situação financeira confortável, rejeitou a criança puramente pelo fato da falta de vontade de criar-la, não estava com disposição para assumir o papel de mãe, o pai um irresponsável, um colarinho branco que alem de Político vivia as margens do crime, dono de comércio de jogo de bicho; este não fazia parte desta vizinhança, neste Aglomerado subnormal, estava distante daquele povo. Não possuía virtudes nobres; caráter, honestidade e honradez.

Naquela manhã dona Francisca se levantou bem cedo, seus pensamentos, sua mente estava impregnada de revolta com a pessoa que praticou a aquela maldade aquela inocente criatura.

Em seu trajeto até o barracão onde trabalhava como voluntária ia pensando e dizendo com sigo, que o messias, aquele que veio a ela como uma revelação, com certeza não seria aquele menino abandonado no contêiner, o anunciado estava previsto para vir ao mundo através do ventre daquela menina a qual já tinha suas certezas, e aguardaria com grande expectativa.

Postado há 15th February 2012 por Antonio Herrero

Antonio Portilho antherport
Enviado por Antonio Portilho antherport em 20/05/2013
Reeditado em 17/05/2017
Código do texto: T4299878
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