falta de tempo?

Logo de manhã, todos saíam em busca do futuro embora só vivessem o presente, poucos conseguiam o futuro: o salário, a moradia, a condução, a distância. Todos eram inimigos do futuro, a única companheira era mesmo a esperança.

E as pessoas diziam: “é preciso alimentar o sonho para seguir na caminhada”.

Os Tupis-guaranis respeitavam a natureza, cultivavam a lavoura, não surravam seus filhos, nem cometiam latrocínios. Eles passeavam por aqui, muito antes da invasão por outros povos. Desde então se vive das injustiças de uns poucos sobre muitos.

Todos os dias as cenas se repetiam, sempre na mesma rotina de horários e percursos. Eram pessoas de um lado para o outro, carros, ônibus, tamanhas agitações.

Antes mesmo de o sol nascer, os trabalhadores se dirigia para os locais de trabalho, onde o cartão de ponto, o chefe, o bajulador estavam à espera para um longo dia de labuta, que seria de dez, doze ou mais horas dedicadas dentro dos horários rígidos dos estabelecimentos Somem-se mais as horas dentro dos transportes coletivos, isto é, o tempo que se passava fora de casa era abusivo para uma boa e afetiva convivência familiar.

Havia moradias de operários por toda a cidade, mas a grande maioria residia nas periferias da cidade, nas chamadas vilas; para os lugares mais distantes atravessavam-se bairros. Não havia a televisão, o tempo era preenchido pelas distancias, diferente do hoje que o tempo para pensar é ocupado com programas que condicionam para não pensar. PENSAR! “Só posso dar um passo à direita ou à esquerda se antes tiver pensado”!

Com o transporte público ineficiente, e avenidas precárias, os trabalhadores passavam horas e horas no percurso de casa para o trabalho e vice-versa. E cansados das horas de labutas e do transporte estressante, não tinham mais nenhuma disposição. Então, como chegavam estafados, logo iam dormir e descansar para o outro dia de trabalho. Não sobrava tempo para conversar e refletir sobre os problemas de sua classe social. O número de analfabetos era muito grande, o que pode ajudar a entender a baixa autoestima. Sobrava pouco tempo para a convivência familiar.Como hoje a convivência familiar esta ocupada com novelas, futebol e o show da fé!

do livro:a cidade dos meus contos, cantos, encantos e desencantos"