Encontros

Tarde ensolarada em local desconhecido. O carro transita pelas ruas, as pessoas em busca de informações. Por vielas, serpenteando ruas de paralelepípedos, encontra-se um travesti mulato que ergue a blusa e expõe os pequenos seios. Chegam a casa procurada. Abraços e cumprimentos. Um passeio pela feira, com a nauseante passagem pelo curtume. Um home traz pássaros mortos para o almoço, exibindo habilidades de introduzir uma chave de fendas por uma narina, até que possamos ver a ponta saindo por sua boca. Uma idosa, fedendo a urina, transita pelos cômodos. A preocupação de quem irá dormir no mesmo quarto que ela. Mais algumas visitas sendo recebidas e um passeio por casas de conhecidos.

À noite, saem para uma festa de aniversário. Whisky barato, cervejas e cigarros. A procura por um banheiro, com um aceno rápido a aniversariante desconhecida. Uma garota se aproxima, pede um trago trocam beijos. Saem de carro pela cidade. Param em um local afastado, compram alguma droga. Os jovens dali, tem o costume de despejar o líquido na roupa e cheirar, até a mente entorpecer. Prefiro não cheirar essa merda, o whisky vagabundo é suficiente. Uma ida a cidade vizinha. Música escrota e público minguado. Chegam ao acostamento da estrada, todos descem e começam a se agarrar nas margens da rodovia. O jeans colado, fez com que a garota sentisse os dedos do rapaz roçando em sua vagina.

Voltaram para os carros, seguiram para suas casas. Antes, mais uma parada, todos cheirando novamente. O casal se beijando com a menina sobre o capô do carro. No quarto, o teto girando e o aroma de urina da velha na cama ao lado. A ânsia de vômito e logo em seguida, apagou. Acordara sem ressaca, bebendo mais algumas cervejas, com rolinhas a tira gosto. Os cigarros de filtro amarelo eram a sensação. Um sujeito, cego de um olho, se aproxima. Sua esposa é baixa, com óculos de lente bem espessa, com ótima mão para a cozinha. Acabam indo visitar um parente próximo. Chegando em um casebre, com crianças extremamente ariscas, que se escondem embaixo da cama, com receio de pessoas estranhas. Enfrentam em seguida uma estrada de chão, chegando em um sitio, onde bebem pinga e comem caju direto do pé.

Mais uma noite de bebidas. Cachaça com refrigerante. O céu limpo, as estrelas brilhantes. Deitados no chão do quintal, provando as últimas cervejas e repartindo o último maço de cigarros. A lembrança daquele banheiro de bar na rodovia. Um tambor para lavar as mãos, com um buraco no chão para defecar, com um balde de água como descarga para limpar a merda. Papel higiênico inexistia, além de não haver reservado. Quem entrasse para urinar no lodoso mictório, contemplaria o aventureiro que desejasse arriscar cagar ali. Ainda riam a respeito do travesti, comentando sobre aquele peitos falsos e diminutos, comparados aos volumosos e naturais da filha do vizinho, que frequentava a casa. As mulheres, teciam comentários a respeito dos recém-chegados, gente de fora, carne nova no pedaço. Alguém colocou uma música decente. Rock progressivo com a mente alcoolizada é transcendental. No outro dia iriam embora, por isso, aproveitaram a madrugada, indo dormindo quase com o nascer do sol.

Bruno Azevedo
Enviado por Bruno Azevedo em 16/12/2012
Código do texto: T4038398
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