Máquina de Lavar Roupa
Passando em frente às casas, principalmente finais de semana, onde trabalhadores, utilizam o lazer para se ocuparem com atividades que lhe são condicionadas, mesmo fora da esfera de trabalho. O sujeito chega em casa, para fazer outros trabalhos, vítima do consumismo e outras formas de cárcere.
Da rua é possível identificar o som da máquina de lavar roupas, para os privilegiados que conseguem obter tal ferramenta. Existe algo mais discreto, dos lavadores de roupa que utilizam o tanque, quem sabe uma pedra na beirada de um rio. Para as famílias “modernas”, vale a tecnologia, poupando esforços.
Uma música contínua, que embala a mente que divaga de forma preocupada. A espera durante o processo de lavagem, variando conforme as funções que a máquina exerce. Uma depressão de quem aguarda, que longe do trabalho de lavar e torcer, fica preso perante a expectativa do estalo final, aquele que garante uma nova interação, o momento de recolher a roupa batida.
Casas e mais casas, repetindo o ritual. Uma sinfonia que se estende pelas moradias, podendo ser escutada pelos que transitam próximos às residências. Apesar de se ignorar quem bate e o que bate, existe algo em comum. Compartilham dessa apatia, que não consegue lavar a angústia daquele que põe para lavar. Desejam muitas vezes, que algo pudesse fazer com que eles também saíssem limpos, enxaguados, já que nem a religião consegue atender sua opressão moral.
Mais um final de semana se aproxima. As máquinas estão posicionadas, prontas para os acordes daquele cotidiano drama. Maestros acionam os mecanismos de fazem com que as engrenagens voltem a ranger. A pior monotonia é a que parece ser contrária ao já tido por monótono, pois se faz nova clausura, fazendo com que as esperanças morram mais depressa, já que se apresenta como meio ineficaz de resistência.