O Ato

Quero entender a história. Não sei de que ou quem. com esses fatos que não passam de falsos traços de um alinhavar pretensioso. Livros empilhados que me dão idéias, talvez acabem com minha mente, fazendo-me um literato deprimente. Seguro somente o copo de cerveja, vislumbrando a espuma que dissipa, restando o amarelo cor de mijo. Não preciso criar morcegos para me assombrar, pois sou mais Augusto do que Dos Anjos. Bebericando essa cevada fermentada, herança no mínimo egípcia, e quem se importa com essa genealogia barata? O gole promove dúvidas que vão além desse catecismo de tradição. Engolido pelo que bebo em um trago que absorve neurônios, fabricando ao dormir, uma plêiade de sonhos. Mas sempre tem um moralista.

Ontem ao bater punheta, vi resquícios de moral desfazendo em porra. Se tivesse pelo menos aqueles seios na boca, poderia sugá-los, feito um bebê faminto. Mas tinha nas mãos apenas um falo e não era possível me contorcer feito um cão para abocanhá-lo. No máximo experimentei aquele sêmen, como um mendigo em busca de uma poça qualquer. A miséria é a mesma, o que muda é a forma com que a encara. Fumei aquela página de bíblia, seda pura para enrolar um baseado, isso sim é livro sagrado, pois tive um momento de fé, a metafísica é entorpecente. Agora imagino porque Jesus deu prioridade ao vinho ao invés da água. Gostaria mesmo de saber como era o corpo de Maria Madalena, deveria fazer um excelente sexo anal. Louvados sejam os sodomitas.

Nada de petisco nesta noite sem lua. As nuvens encobrem as estrelas. Fabrico astros, basta um fechar de olhos e a resta da luz provoca pequenos fragmentos, meu momento Big Bang. Quem sabe atinjo o Nirvana, mas c reio que no máximo um tiro nos tímpanos feito, menos budista e mais Kurt Cobain. Agora me recordei da Courtney, mais fuck do que Love. Basta ligar a TV e encontro essas putas de sexo avantajado, com rabos imensos que desfilam feito um estandarte de bundas. Vidinha de merda. Para rever os amigos que moram no outro quarteirão, preciso adicioná-los naquela escrotice do Facebook. Não consigo mais sorrir, apenas mando smiles por emoticons sem emoção alguma. O mundo é louco ou eu estou enlouquecendo aos poucos? Todo dia anunciam novos métodos de bem estar, o que significa tudo que não estamos é bem e nem iremos estar.

Passando pelas prateleiras de livros, me deparei com um de auto-ajuda. Só se for ajuda para o escritor, porque quem lê esse tipo de incentivo, apenas se posiciona para o estupro. Enchem nossa mente com besteiras do que pode e do que não pode. Escrevam ao filho do Eike Batista pedindo que pare de fazer cagada. Mas somos hipócritas demais para isso. Nossa coragem se resume a mensagens ofensivas, objetos atirados em campos de futebol. Por isso valorizo o criminoso confesso, pois esse assume o ato. Não me refiro a parlamentar com imunidade, mas sim ao chamado delinquente comum, aquele que encara um presídio ou morre baleado, quem sabe linchado. Os literatos continuam com o rabo confortável nas cadeiras, no máximo algumas varizes. Quantos filhos da pobreza são gerados por dia?

Todos nós alimentamos aquilo que criticamos, indiferentes a dor alheia, preocupados apenas com seu imediato privilégio. Todo dia repetimos o discurso de não termos o que fazer, com face dura diante do pedinte. Mas quando o cano da arma encosta na fronte, imploramos misericórdia. Covardes que se aglomeram nessa ideologia de rebanho, agregados sem perspectiva, dependentes de pastores imbecis. Implorando a um Céu que não está nem aí, já que ele nem existe. Fiéis agradecem a deus pelo milagre do bebê resgatado no desastre. Agradeçam também as pilhas de mortos que todo dia este mesmo onipotente produz. Querem me questionar sobre o aborto, mas não sou mulher, como posso responder algo desse tipo? Perguntem as meninas estupradas com seus corpo violados e mutilados em abortos focados, clandestinos, com pais de um machismo exacerbado, que fecundam para se fazerem cristãos viris e depois abandonarem os rebentos em sacos de lixo. Que nenhum padreco venha opinar, pois sua área de experienciação é mais pedófila. Arrebentaria esse papa de pancadas até só restar uma massa de carne disforme.

O corpo começa a amolecer, logo irei desmaiar em cima dos lençóis. Faço o convite que todos se embriaguem. Falem besteiras, desabafem, mas sem o alcoolismo dos covardes espancadores de mulheres e crianças. Os patéticos vivem procurando uma forma de se impor, mas usando de mecanismos desfavoráveis, já que são incompetentes, podendo agir somente com grande vantagem. Uma lição de vida é ver a criança sorrindo e dando foda-se a esse mundinho de adultos, cheio de regrinhas babacas. Melhor seguir a lógicas dos ruminantes e cagar e andar. Pensar é deixar de viver, por isso sigamos a metafísica do Alberto Caeiro. Deixem o mudo girar, pois estamos no meio e iremos juntos rodar, nessa lógica de círculo em que o tempo nos faz de ponteiros. Um brinde aos que nunca serão, pois o ser é mera ilusão e a loucura a grande invenção.