" PEQUENO CONTO "
Era uma menina chamada Bebel que detestava fitas nos cabelos, andava descabelada, era respondona, não gostava de bonecas, preferia as bolas de futebol dos meninos, embaraçava a mãe quando arrotava na frente das visitas de cerimônia.
Já maior, recusava vestidos com babados, sandálias com lacinhos, sapatos altos nem pensar. Continuava sem modos, comia com as mãos, lambusava-se. Era um tormento! Nem o pai podia com a Bebel.
Mas o fato é que ela foi crescendo, crescendo, arrebitou os peitinhos e teve uma adolescência cheia de namoricos, sempre vigiada pelos pais, até que certo dia casou-se com Inácio, rapaz de boa índole, mas foi por insistência da família e de Inácio.
Bebel e inácio tiveram três filhas: Lúcia, Tatá e Betinha, meninas amorosas, dengosas que gostavam de se enfeitar.
Bebel assim dizia: "_ Por mim é que elas não pucharam!"
Incrível essa Bebel, mas deu boa mãe, apesar de nunca ter-se conformado em ser mulher.
A verdade é que ninguém nega suas aptidões. Assim são as convivências..., como lavar na água da lagoa um raiozinho de luz tornado trapo sem cor para ser vestido só por vestir. Ninguém pode esconder as lavas de um vulcão, o azeite derramado dos tonéis, ninguém detém a vaga inocência, ou um rio que transborda, ou uma brisa do peito turva de latidos.
"Amanhã esquecerás que te pus num pedestal, que incendiei de amor uma alma livre." (Mayakowski)