AS ESTÓRIAS DO BRITO

As estórias do Brito

Brito é um cara engraçado, que conheci lá nas praias do nordeste há anos... Não sei do seu paradeiro.

Sujeito simplório, falante... parecia me, de bem com a vida, apesar dos pesares!

Repentista, violeiro, cantador lá do sertão, envolvendo coisas do cotidiano nas suas cantorias, dizendo ser ele um condutor de cabras, bodes e cabritos, tocando o rebanho aos gritos de lá para cá, onde tendo chão verde, comida para pastagem, ali fazia parada, descansava coisa e tal sempre de olho pra não perder um animal.

Começara com um bode véio que comprou bem baratinho e duas cabras já no cio.

Fazendo graça, falava da força do bode que sem fazer força, vivia aos berros, produtor que era de cabritinhos tão lindos fazendo crescer o rebanho, sem preocupar se com o que haveriam de comer... Isso era problema do Brito que apesar de contente, vivia aos gritos! Eta! Bicharada que gostava de mastigar ou melhor, ruminar... E assim ia levando.! Vida dura,” Seu cabra! “De sol a sol pouco ganho e muita arretação!

Um dia estava ele acabrunhado sem saber a quem vender e como fazer pra vida melhorar, apareceu do nada, um cara até que dava pra confiar, um tal de Josafá sujeitinho manhoso, brincalhão... Bem engraçado justamente aquilo que precisava no momento!

Falava ele das belezas das praias, vida livre, das morenas queimadas ao sol, canto das águas do mar, barulho dos ventos uivantes, das ondas quebrando nas encostas das rochas ... das águas revoltas fazendo espuma nas areias... Do voo das gaivotas, do céu azul anil e do sol dourado ao amanhecer! Quanta beleza... Coisa estonteante! A mãe natureza é porreta, desperta o coração do poeta que se põe a cantar! Precisava mais pra convencer este que vos fala?

E não é que é verdade? Quando aqui cheguei, esqueci a vida dura do sertão e só queria o bem bão!

Vim, vi e não digo que venci, pois ainda to correndo atrás... Pé na areia quente, calça arregaçada, buscando cliente que queira ouvir meu canto que parece mais um lamento quando to cansado ,o pé todo inchado de correr e fazer graça...pra ganhar somente o da cachaça... oh! vida desgraçada! Só o sonho me trás alegria quando sonho com minhas cabritas e com as andanças da vida!!! Da morena que deixei pra trás, que até hoje está esperando a volta deste violeiro que pra ganhar dinheiro vive da graça na companhia do Josafá que não prometeu dinheiro mas a graça de viver um sonho!

È isso aí seu moço... mas dormir sob o luar, ouvindo o canto da sereia, ao som do balanço das folhas das palmeiras, vale a pena o sacrifício...no dia seguinte começa tudo de novo! Quem sabe a sorte muda... vamos esperar... “Quem espera tudo alcança,” não é verdade? Andante assumido botou o pé na areia e lá se foi oBrito!

Coube a mim concordar e deixar o violeiro seguir seu rumo!! Inté.

NORMA KÁTER

N orma kater
Enviado por N orma kater em 16/01/2011
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