a paixão as vezes consome
A paixão acabou e não tardou a consumir-se até o último restinho e cada um de nós ficou, então, sem saber como se haver com o outro. Lembrei-me do carrapato grudado na genitália. Não grude, não. A paixão faz sofrer, é sombria, trágica, exclui totalmente a felicidade, não é para durar e não costuma acabar bem. Durante o tempo em que se vivem juntos, abre-se mão dos amigos, dos desejos, do passado do qual não se pode falar. Abrimos mão da vida. Quem poderia explicar? Só foi entender muito mais tarde: chega uma hora em que é preciso fazer uma escolha entre a paixão e a vida. E a escolha já estava feita, só que ainda não sabia exteriorizar. Há momentos em que precisamos dar um breque porque a loucura vem a galope. Por muitos momentos vivemos entre o sim e o não e sentindo-nos, só no inferno, sonhando com o paraíso. Tem coisas que é preciso dizer, mas também que faltam ouvidos para entender.