MEU PECADO ORIGINAL

MEU PECADO ORIGINAL

São Beto

Não sei se esta história deve se classificada como um conto erótico, ou mais uma historinha besta pra passar o tempo, e exercitar este meu novo passatempo. Escrever contos e causos, sem grandes pretensões literárias , ou filosóficas.

Este é apenas um conto para recreação.

Na qualidade de um moleque, muito do sem vergonha, segundo a minha Vó ´Maria que não me dava trégua, assim como não dava moleza pra nenhum dos netos, eu até que não podia reclamar. Vez por outra eu recebia um corretivo, na maioria das vezes, merecido. Outras, eu pagava por conta da minha má fama. Quando aparecia um mal feito, e se não encontrassem o culpado , a fatura era sempre debitada na minha conta. E foi assim, que depois de reunido o conselho familiar, Ficou resolvido, que eu iria para um colégio interno, em Campos do Jordão, em São Paulo.

A minha mãe, que era mais camarada, não estava muito convencida, que aquele colégio, seria a ferramenta adequada para me colocar na regulagem.

Mas, afinal de contas, era apenas por um ano, um ano e meio no máximo. Lá eu poderia estudar de uma maneira mais regular, e iniciar uma educação religiosa.

No quesito estudo, até poderia ser, mas, quanto a religião... Minha mãe era espírita Kardecista, e acima de tudo, democrata nestas questões de fé. Fé e bunda, cada um que cuide da sua. Costumava dizer.

A minha tia Filomena, era enfermeira, e já havia trabalhado naquele colégio, e as minhas primas também estudavam lá.

Não poderia ser ruim, pensei, e já estava até com vontade de ir para o tal de Campos do Jordão. A minha tia Filomena, iria me levar de trem, e aproveitar o ensejo para trabalhar por uns tempos, e defender um dinheirinho.

Eu nunca havia feito uma viagem tão comprida, e nem sabia que São Paulo era tão Longe.

Para mim, tudo era novidade. O trem de fumaça jogava cinza, pra todo lado, balançava sem parar, e ainda fazia um barulho infernal. No banco de madeira, tia Filú colocou uma manta de lã, e um travesseiro, estão eu fui dormindo por uma boa parte da viagem.

Quando chegamos em Pindamonhangaba, embarcamos em outro trem. Era um trenzinho de bitola estreita , que parecia estar flutuando. Quando eu olhava para um lado, só via uma paredão de pedra, que quase roçava na janela. Olhava para o outro, e não via nada, só um abismo. Eu já estava cansado, e com muito sono. Não vi mais nada. Só lembro, que entramos numa camioneta, que nos levou até ao colégio.

A primeira noite foi apavorante. Depois de tomar banho, e trocar de roupa, me serviram uma sopa, que com toda a certeza, foi a pior sopa que eu já provei em toda a minha vida. Depois fui dormir. O dormitório era enorme, com grandes janelas envidraçadas, mas, eu só fui perceber no dia seguinte, que as janelas davam para um jardim com muitas rosas, e outras flores, que eu não conhecia. Depois fiquei sabendo que eram tulipas, muitas, e do cores variadas.

Me adaptei bem depressa aos costumes, e regulamentos. Era acordar, rezar, tomar o café da manhã, que nunca tinha café. Era um leite gordo, às vezes com chocolate, e um pedaço enorme de pão com manteiga e mel, muita manteiga, e muito mel... Em matéria de fartura, nada tinha a reclamar. Além de queijo e os doces caseiros, que eram feitos lá mesmo, Havia um pomar, não muito variado. Algumas laranjeiras, peras, goiabas maçãs azedas, e framboesas. Sem contar com os morangos silvestres, que brotavam feito praga em todos os cantos, até mesmo entre as pedras do calçamento. Eu já estava até gostando. Mas, eu gostei mesmo, foi quando me transferiram pra o outro pavilhão. Era o pavilhão misto, Eu era pequeno, e como só tinha onze anos, não tinha idade para ficar entre os garotos maiores de 13 e 14 anos.

Entre as meninas, a idade variava de 10 á 14 anos. Não havia muita mistura. Ficávamos juntos no pátio, dava para brincar, conversar, e fazer umas gracinhas, com moderação, que a vigilância era severa. Para os meninos, não era permitido entrar no dormitório das meninas.

A mesma ordem valia para as meninas. Mesmo assim era bem melhor, que o pavilhão dos mais velhos, que só pensavam em jogar futebol, brigar, e falar de namoradas, que eles nunca tiveram, mas, inventavam.. Sem muita criatividade.

Eu também não era lá muito esperto nessas questões, mas, eu era do Rio de Janeiro, e eles achavam os cariocas mestres na arte da sacanagem, e deviam saber coisas de arrepiar. Eu até tirava uma onda.

Por sorte, eu fui transferido, logo nos primeiros dias, antes de ser desmascarado. Mas, ainda consegui marcar a minha passagem com sucesso. Foi quando eu cantei, e ensinei pra molecada, a singela marchinha carnavalesca:”Chamaram o meu boi de espalha merda” que, como era de se esperar, deu a maior merda, quando ele saíram cantado pelo pátio. Do Rio de Janeiro, eu era de verdade, mas da zona rural, e tão caipira quanto eles.

A rotina dos menores, não era muito diferente dos outros: Acordar, rezar, tomar café, aula de catecismo, rezar de novo, e sair para brincar na terra, quando fazia sol. Essa era a parte boa. Com a vantagem de ter as meninas. E é bom que se diga, que eram bastante assanhadas. Agora vou pular uns detalhes, para entrar na história, propriamente dita.

Quando terminava o tempo das brincadeiras na terra, ou no pátio, a ordem era tomar banho, e mudar de roupa, para almoçar. Um pequeno detalhe: Havia roupa para brincar, e sapato de terra, e de dentro, como se dizia.

Todos ficavam em forma para entrar, havia uma só estrada. As meninas primeiro. Logo depois da porta, seguia um corredor comprido, que terminava no dormitório dos meninos. A esquerda desse mesmo corredor tinha uma escadaria, para o segundo andar, onde ficava o dormitório das meninas. Aquela escada era território proibido. As meninas também não podiam ultrapassar aquele ponto. Mistura, só mesmo do lado de fora, e muito bem vigiada pelas inspetoras. No refeitório, também não se permitia muita intimidade, só alguns olhares furtivos, e já estava de bom tamanho.

Foi aí que começou a minha iniciação sexual.

Observei que as inspetoras, vigiavam com mais empenho, as meninas mais velhas, e os meninos, também mais velhos. Não se incomodavam muito quando as mais velhas, já quase mocinhas, brincavam com os meninos menores.

Um belo, belíssimo, ou especial dia, não sei como definir. Aconteceu!

Na volta para dentro do colégio, a inesperada, e maravilhosa surpresa.

As meninas acabaram de subir, e os meninos já se encaminhavam para a entrada. Eu era sempre o último da fila, preferia assim. Pois ninguém me empurrava, e as inspetoras relaxavam a vigilância.

Seguia sem pressa, meio arrastando o pé, quando fui puxado para o vão da escada por uma garota mais velha que eu,

Maria Auxiliadora, que me aplicou uns amassos, e umas beiçadas da melhor qualidade. Depois subiu correndo sem olhar para trás. Não entendi muito bem o que havia acontecido, mas, achei foi bom.

Não contei pra ninguém aquele minha aventura, não tinha nenhum colega bastante chegado, ou confiável,. E além do mais, a minha ficha já estava bastante suja, por conta da história da marchinha carnavalesca, que apesar de ter jurado por Deus, e Nossa Senhora, que era inocente, ninguém foi besta de acreditar.

No dia seguinte, fez frio, caiu uma garoa fina, que parecia cortar a carne da gente. Não houve saída pra terra. O recreio foi no pátio interno, muito grande e coberto, mas não oferecia nenhum atrativo, a criançada gritava o tempo todo, era um barulho infernal.

Procurei um canto pra ficar lendo uma revista, e observando as meninas. Maria Auxiliadora em particular, que me ignorou o tempo todo. Daí que eu não entendia mais nada.

Domingo era dia de missa. Comungar e confessar. Mas, havia uma vantagem. Era que depois de confessar e comungar, os carolas recebiam como prêmio, um lanche especial, com chocolate e bolo, um bombom, e de vez em quando, uma medalhinha de Santa Clara ou São Francisco, que eu trocava por Gibi, ou pela sobremesa de algum outro carola, Mas, só quando era doce de abóbora. Era o que eu mais gostava. O padre era severo, que só. Por um pecadinho de nada, lá vinha uma penitência de um caminhão de Pai Nossos, e outro de Ave Marias , e mais, Credos, e Salve Rainhas nos entremeios,.

Todo mundo reclamava, mas, ninguém pagava penitencia nenhuma. João Florêncio estava contando, que quando foi comungar, e o padre ergueu a hóstia, ele via Jesus aparecer bem no centro , e abriu os braços para ele. Augustinho disse que também viu, apareceu logo mais um que também tinha visto, depois outro, e outro... Eu também vi, falei com firmeza. Ele abriu os braços e sorriu para mim. Fiquei tão emocionado, que até chorei. Ta claro que eu não ia deixar barato.

O que me preocupava mesmo naquela hora, era selecionar os pecados que eu teria que confessar. Naquela semana, eu estava meio fracote de pecados, mas, não queria perder o chocolate com bolo. Por outro lado. Se uma mentirinha de nada, já valia uma penitência daquelas... Imagine se eu contasse que fiquei escondido pra ver Irene fazer xixi atrás da moita. Ah Irene, Irenucha! Um dia falarei dela.

Quando chegou a minha vez de confessar, eu ainda não havia escolhido os pecados.

E não sei o que me deu na cabeça, que falei do meu colóquio corporal com Maria Auxiliadora. Já era tarde pra me arrepender. Fiquei esperando a penitencia, que seria sem dúvida, das boas. .

E depois?

E depois, o quê?

Você levantou a saia dela?

Eu não havia levantado. Fiquei calado por um instante, pensando o que dizer... Pode falar meu filho, Deus vai lhe perdoar.

Se eu disser que não, ele vai me achar um bobão. Fiz uma voz embargada, e confessei gaguejando, o pecado que eu deveria ter cometido.

Vá em paz, meu menino. Domingo que vem, não esqueça de se confessar.

O padre ficou tão empolgado, que nem me passou a penitência.

O frio com geada, ainda durou mais dois dias. Na quarta feira, para alegria geral, abriu o sol, e aumentou minha ansiedade. O recreio do lado de fora, com passeio no campo, queimado, pique esconde, e a melhor parte. Uma puladinha de cerca, pra roubar umas frutinhas no pomar. Eu só pensava, em como seria o fim do recreio. Eu sempre achava que o tempo de recreio, era muito pouco, não dava tempo pra fazer quase nada, mas, naquele dia, me parecia uma eternidade. Quando finalmente deu o sinal para entrar, eu embromei mais um pouquinho, para poder me colocar estrategicamente no final da fila. Assim que a fila das meninas acabou de entrar, começou a dos meninos. Não deu outra. Fui arrastando o pé, para me atrasar um pouquinho, quando eu passei, lá estava ela me esperando.

Não tinha tempo à perder, foi logo me apertando, e me beijando na boca. Lembrei das palavras do padre, que pareciam mais uma sugestão., que uma censura. Passei a mão por baixo, levantei a saia, fiquei alisando aquelas pernas, e morrendo de medo dela não gostar. Gostou.

Este segundo encontro, assim como o primeiro, não podia durar mais de dois minutos. Se dessem pela minha falta, o castigo seria mais do que certo.

Na verdade, o tal castigo, era ficar deitado, enquanto os outros brincavam. O pior era ficar com a fama de mal comportado, e chamar a atenção das inspetoras. Era tudo que eu não queria.

No dia seguinte, não aconteceu nada. Um menino arranjou uma briga, e no meio da confusão, Maria Auxiliadora, tratou de subir logo as escadas, naturalmente para não ser pega fora do dormitório, depois que todas as outra haviam entrado.

Torci para que os dois brigões pegassem uma pena bem severa, e não queria nem saber quem tinha razão. Mas, no dia seguinte repetimos a função,. Eu já estava ficando atrevido. Queria contar umas prosas para os outros meninos, mas, resolvi que a história deveria ficar entre mim, ela e o padre.

E por fala no padre... Deveria ou não confessar os outros encontros pecaminosos, e as suas evoluções? Achei melhor não. Mas, então seria preciso providenciar alguns pecadinhos triviais, só para justificar o sacramento, e fazer jus ao chocolate com bolo e tudo mais...

Confessei que havia respondido mal á Dona Helena, uma santa criatura, escondido umas figurinhas do colega, e mais uma porção de bobagens...

-E o que mais? Eu acho que você está escondendo algum outro pecado.

-Se não confessar não será perdoado.

O padre era bem mais esperto do que eu pensava. Então seja lá como Deus quiser...

É sim seu padre. Eu encontrei de novo com aquela menina. A gente se beijou de novo, e eu levantei a saia dela.

- Enfiou a mão por baixo da calçola dela?

-Caramba!! Como é que eu não pensei nisso?

-É sim. Fiz isso sim senhor. Eu falava com a voz embargada, e chorosa para fingir arrependimento. Foi aí que eu percebi que aquele padre era realmente um santo.

-Não se desespere meu filho. Confesse os seus pecados, que Deus sempre perdoa.

Sempre perdoa... Eu achei ótimo. Captei a mensagem. E como se diz nos dias de hoje: “Ele não queria cortar o meu barato”

Os encontros continuaram. É claro que eu não vou entrar nos chamados detalhes sórdidos, que evoluíam conforme os meus encontros, e as minhas confissões com o santo padre, que hoje eu chamaria de meu assessor para assuntos libidinosos.

Já estava chegando o fim do ano, os internos não ficavam muito mais de um ano.

A turma das meninas começou a debandar, e Maria Auxiliadora voltou para casa.

Dois meses depois, eu também voltei, junto com os outros que moravam no Rio de Janeiro.

Meus pais foram me esperar na estação de Don Pedro II, e quanto eu cheguei a casa, os meus irmãos fizeram a maior festa.

Meu pai comentou que eu parecia ter ficado bem mais velho que apenas um ano e dois meses. E era verdade. As molecagens infantis, já não me atraiam como antes. Está claro que eu não me tornei um menino bem comportado. Minha avó Maria percebeu que a minha cara estava um pouco mais sem vergonha. A velha não deixava passar nada. Mas tinha muito carinho por mim, e pelos outros netos. E, conhecia os defeitos e qualidades de cada um. Nunca esqueceu o aniversario de nenhum deles.

Chegava à adolescência, juntamente com a puberdade.

Dei para atacar as meninas da vizinhança. Aprendi a dançar que era a melhor maneira de apertar impunemente as garotinhas gostosas, e ainda bancar o simpático.

Quando completei quinze anos, comecei a procurar trabalho, e como já era considerado um homem, meu tio, que eu não vou dizer o nome , me convidou para tomar uma cerveja, me deu um cigarro, depois me levou pra zona.

Escolhi uma branquinha, magra, e um pouco mais alta do que eu. Não era bonita, mas, lembrava Maria Auxiliadora.

Pensei no santo padre.

-Se me visse agora, ficaria orgulhoso.

Fim