Uma Simples Mulher II Capítulo 10
Meu Caminho Espiritual.
O ano de 1983 começou trazendo as impressões dos últimos acontecimentos.
Para mim havia muita alegria, mas ao mesmo tempo certa impressão de tristeza.
Passamos o Ano Novo na casa da Liliana.
Dancei muito e havia tanta energia que eu me sentia puxada para cima e para trás enquanto dançava, como se uma força quisesse me levar, me conduzir na dança.
Não me lembro bem como foram as férias; nós fomos para Caraguá.
Só sei que a partir daí a Celina foi se afastando; só muito depois eu fiquei sabendo que ela estava num novo caminho espiritual, levada pela D. Carmem,a professora de Yoga.
Eu continuava com as meditações, só que agora com menor freqüência; meu único consolo eram os livros da Seicho-No-Ie.
Sofri muito nessa época; sentia-me sozinha, abandonada, e principalmente não me conformava de a Celina ter parado com tudo; era ela que me impulsionava e eu ainda não tinha aprendido que o caminho do autoconhecimento é individual e muda a todo instante! Doeu muito!
Um dia ela apareceu em minha casa com uma sacola cheia de livros, fitas, jornais e até a foto do Bhagwan que ela tinha mandando colocar numa moldura.
Deu tudo para mim, mas não falou nada, não se abriu, parecia uma estranha.
Mas eu não a sentia feliz, nem um pouco.
O Soma tinha mesmo fechado; não havia informações sobre o que estava acontecendo com Bhagwan; não havia novos livros dele, nada.
Houve realmente um recuo, não sei explicar; só sei que tudo parou.
Continuei lendo os livros da Seicho-No-Ie e passei a fazer o Shinsokan, prece meditativa. Recebia muita luz nessas leituras e orações, e fui vivendo.
A alegria que eu tinha recebido com as meditações do Bhagwan ficou, como um pano de fundo, a me acompanhar.
A Seicho-No-Ie me ajudou muito. Com o Mestre Taniguchi aprendi a reverenciar e a agradecer a tudo e a todos. Aprendi a dar o devido valor às coisas materiais, não pelas coisas em si, mas como manifestações ou concretizações da mente e do espírito.
Essas vibrações de Luz começaram a envolver meu lar e minha família. Agradecendo a todas as coisas do céu e da terra, passei a me sentir cheia de saúde, prosperidade e harmonia.
Percebi que essa energia envolveu também o Mauro: senti que ele estava mais seguro de si.
Ele tinha terminado o curso de Engenharia Agrimensura e desde então estava tentando arranjar um emprego na sua área, mas todas as portas se fechavam, nada dava certo, nem concurso, nem amigos influentes, nada.
Então no mês de abril, perto do seu aniversário, ele me deu um presente: comprou uma oficina de conserto e vendas de peças elétricas para automóveis, um Auto-Eletro.
Foi a melhor coisa que poderia acontecer em termos de família e harmonia.
Ele passou a ser o realmente o “chefe da família” e a ter uma atividade produtiva e rendosa.
Até o nosso relacionamento ficou mais profundo e amoroso!
As anotações que vêm a seguir são dos meses de agosto deste ano (1983); meus escritos não foram muito constantes nesse período.
Dia 08 de agosto, segunda-feira
Esta noite acordei sentindo um grande medo e um enorme vazio. Depois senti-me como que rodeada por muitas pessoas amigas e tudo se apaziguou. A Liliana disse hoje que está num novo caminho, onde crescimento espiritual significa “morrer para a vida”.
Dia 10 de agosto, quarta-feira
Não sei o que está acontecendo. Só sei que tudo está nebuloso, inconsistente. Há uma angústia pairando lá no fundo do que julgo seja meu ser. Hoje na meditação dinâmica, na parte final, tive a sensação de “eu sou um com o mundo”. Foi muito bom! Já a tarde eu tive a nítida sensação da futilidade total da vida: os dias passando, manha, tarde, noite. Mas por trás disso há algo, eu sei, eu sinto. Há uma profunda urgência - angústia: angusgência.
Dia 18 de agosto, quinta-feira
Os passarinhos... O canto dos passarinhos na manhã. Eles não são felizes nem infelizes: são expressões de Deus, são canais de Deus, aberturas por onde a Grande Energia se expressa.
Dia 19 de agosto, sexta-feira
Este mês de agosto está muito difícil; a angústia vem em ondas e a solidão é muito grande. Não sei para onde estou indo... Só tento me soltar neste mar da vida e ver onde vou parar.
Dia 23 de agosto, terça-feira
Será importante escrever sobre o ar entrando, fresco e profundo, quando eu respiro? E a sensação de estar repleta, não de graça, mas de uma substancia pesada, como por exemplo, açúcar, carne? O que fazer? Como agir para chegar ao equilíbrio, à temperança? Como diz Bhagwan, primeiro é preciso esvaziar-se de tudo. Como é imenso e profundo o conteúdo do ego! Ele diz que é apenas uma crosta endurecida, mas como custa a se quebrar! E como essa queda é evitada, é dificultada! Ajude o ego a se dissolver, ajude o ego a cair! Solte! Ontem, na meditação dinâmica, pela primeira vez, tive a percepção de que o mundo não é estático, não é imóvel. Senti claramente o movimento: tudo se movendo lentamente, inexoravelmente. Agora basta que eu pare e preste atenção e posso sentir esse movimento: é um movimento lento e circular. Não sei se todas as pessoas podem senti-lo; talvez possam e só eu não pudesse. É tão natural!
Dia 24 de agosto, quarta-feira
“Saia um pouco do controle. Deixe. Solte. Tudo dá certo quando você não está tentando controlar. Confie.” Esta foi a mensagem, ou melhor, a percepção de hoje, na meditação. A angústia desapareceu. Agora parece que estou numa calmaria abençoada.
Dia 25 de agosto, quinta-feira
Desde ontem à noite que uma profunda lassidão toma conta do meu corpo. Ele está pesado. Atribuo um pouco à alimentação. Não estou suportando comer carne, leite; acabo ficando pesada, intoxicada. Hoje vou voltar ao arroz e ao pão integral da Marli. Hoje na meditação tive um “relance” em relação ao tempo: ele não existe, é uma criação da mente. O que existe é o movimento. O homem inventou modos de medir o movimento e agora somos escravos dessa medida. O movimento é interminável e vamos indo em direção ao futuro infinitamente. Tudo isso eu já sabia ou tinha lido em algum lugar, mas hoje tive a vivência de que o tempo não existe. Mas foi só um relance: logo em seguida a mente tomou conta de novo e tudo voltou a ser conhecimento morto e emprestado. Em todo caso, ficou a certeza de que não é necessário correr, nem ter pressa: tudo está aí, sempre.
Dia 30 de agosto, terça-feira
As mesmas palavras se tornam necessárias: não sei o que está acontecendo, apenas uma presença paira no ar: a angústia. Sinto-me como se estivesse regredindo e perdendo; perdendo tudo o que já tinha mudado; tudo voltando a ser como antes: fechamento, impaciência, incapacidade de olhar para fora de mim. Chego a perceber o que esse fechamento é, mas não consigo ver o mecanismo, o processo como ele se dá. Sinto-me totalmente impotente, como se eu fosse um brinquedo nas mãos de uma força desconhecida. E o sofrimento, o sentimento de perda, de estar sendo despojada... E o sentimento de solidão, não ter com quem falar, a quem pedir socorro. Ao mesmo tempo sei que ninguém pode me ajudar, tenho que atravessar sozinha, amadurecer, crescer. É difícil e traz muito sofrimento. Bhagwan, você está sempre certo; até você tem que ser perdido, abandonado? Estou me prendendo a você, às meditações? Só tenho medo de me perder totalmente, de não conseguir tocar adiante a vida sem você. Tudo está se tornando muito difícil: o trabalho, a vida em casa, tudo. Tudo pesado, dolorido.
Hoje à tarde fiz a meditação Nataraj e veio muito choro. Eu já tinha começado a kundalini quando o Mauro chegou e então parei e fomos à ginástica no clube. As minhas duas amigas também foram. Não sei o que sinto em relação a elas: se revolta, se mágoa, se dependência, se inferioridade. Há muita coisa que eu preciso ver... Não sei se converso com a Celina ou deixo ficar assim.
Dia 31 de agosto, quarta-feira
Muita dor e sofrimento. Não sei de onde vem, nem para que. À noite intensifica-se e de manhã também. Não há consolo. Não há o que falar. É só sentir e curtir. Não sei se vou continuar com as meditações. Um grande cansaço e desânimo me invadem. Não sei se terei forças para continuar vivendo. E o mais engraçado é que vim para a escola, trabalhei, dei até boas risadas. É espantoso. Não entendo nada. É tão novo para mim viver assim, ao sabor do que vem e do que vai... Nunca sei o que vai acontecer no momento seguinte: tédio, dor, desânimo, tristeza. E toda ênfase está sendo dada ao negativo, ao escuro. Mas é necessário e se é assim, quero entrar nisso até o fundo.
Parece proposital, mas à tarde tudo mudou: a dor desapareceu, houve energia, disposição. De manhã, dor. À tarde, boa disposição, bem estar, até mesmo certo preenchimento. Meu deus, será que a Celina tem algo a ver com isso?
Meus amigos leitores, como podem ver, eu estava me sentindo perdida.
As minhas duas companheiras de busca espiritual tinham desistido do Rajneesh e enveredado em um novo caminho, definido como “morrer para a vida”.
Isso não era para mim; pelo menos isso eu sabia!
Eu não queria morrer para a vida; eu queria viver, ser feliz, celebrar a vida e a existência!.
Mas ao invés de persistir nas minha meditações, eu ficava insegura, em dúvida, tentando outros caminhos como a Seicho-No-Ie.
Não que a Seicho-No-Ie não fosse maravilhosa!
Mas não era o meu caminho!
E isso eu não conseguia entender: eu estava sendo convidada a caminhar por minhas próprias pernas, sem a ajuda ou influencia de ninguém, nem das amigas, nem de outras filosofias ou religiões.
Mas ainda ia demorar para eu conseguir vivenciar isso.
E perceber que o meu caminho era, sempre foi e sempre será o da Alegria, da Celebração, da Fé, da Beleza e da Harmonia!
Amém!
continua...
Meu Caminho Espiritual.
O ano de 1983 começou trazendo as impressões dos últimos acontecimentos.
Para mim havia muita alegria, mas ao mesmo tempo certa impressão de tristeza.
Passamos o Ano Novo na casa da Liliana.
Dancei muito e havia tanta energia que eu me sentia puxada para cima e para trás enquanto dançava, como se uma força quisesse me levar, me conduzir na dança.
Não me lembro bem como foram as férias; nós fomos para Caraguá.
Só sei que a partir daí a Celina foi se afastando; só muito depois eu fiquei sabendo que ela estava num novo caminho espiritual, levada pela D. Carmem,a professora de Yoga.
Eu continuava com as meditações, só que agora com menor freqüência; meu único consolo eram os livros da Seicho-No-Ie.
Sofri muito nessa época; sentia-me sozinha, abandonada, e principalmente não me conformava de a Celina ter parado com tudo; era ela que me impulsionava e eu ainda não tinha aprendido que o caminho do autoconhecimento é individual e muda a todo instante! Doeu muito!
Um dia ela apareceu em minha casa com uma sacola cheia de livros, fitas, jornais e até a foto do Bhagwan que ela tinha mandando colocar numa moldura.
Deu tudo para mim, mas não falou nada, não se abriu, parecia uma estranha.
Mas eu não a sentia feliz, nem um pouco.
O Soma tinha mesmo fechado; não havia informações sobre o que estava acontecendo com Bhagwan; não havia novos livros dele, nada.
Houve realmente um recuo, não sei explicar; só sei que tudo parou.
Continuei lendo os livros da Seicho-No-Ie e passei a fazer o Shinsokan, prece meditativa. Recebia muita luz nessas leituras e orações, e fui vivendo.
A alegria que eu tinha recebido com as meditações do Bhagwan ficou, como um pano de fundo, a me acompanhar.
A Seicho-No-Ie me ajudou muito. Com o Mestre Taniguchi aprendi a reverenciar e a agradecer a tudo e a todos. Aprendi a dar o devido valor às coisas materiais, não pelas coisas em si, mas como manifestações ou concretizações da mente e do espírito.
Essas vibrações de Luz começaram a envolver meu lar e minha família. Agradecendo a todas as coisas do céu e da terra, passei a me sentir cheia de saúde, prosperidade e harmonia.
Percebi que essa energia envolveu também o Mauro: senti que ele estava mais seguro de si.
Ele tinha terminado o curso de Engenharia Agrimensura e desde então estava tentando arranjar um emprego na sua área, mas todas as portas se fechavam, nada dava certo, nem concurso, nem amigos influentes, nada.
Então no mês de abril, perto do seu aniversário, ele me deu um presente: comprou uma oficina de conserto e vendas de peças elétricas para automóveis, um Auto-Eletro.
Foi a melhor coisa que poderia acontecer em termos de família e harmonia.
Ele passou a ser o realmente o “chefe da família” e a ter uma atividade produtiva e rendosa.
Até o nosso relacionamento ficou mais profundo e amoroso!
As anotações que vêm a seguir são dos meses de agosto deste ano (1983); meus escritos não foram muito constantes nesse período.
Dia 08 de agosto, segunda-feira
Esta noite acordei sentindo um grande medo e um enorme vazio. Depois senti-me como que rodeada por muitas pessoas amigas e tudo se apaziguou. A Liliana disse hoje que está num novo caminho, onde crescimento espiritual significa “morrer para a vida”.
Dia 10 de agosto, quarta-feira
Não sei o que está acontecendo. Só sei que tudo está nebuloso, inconsistente. Há uma angústia pairando lá no fundo do que julgo seja meu ser. Hoje na meditação dinâmica, na parte final, tive a sensação de “eu sou um com o mundo”. Foi muito bom! Já a tarde eu tive a nítida sensação da futilidade total da vida: os dias passando, manha, tarde, noite. Mas por trás disso há algo, eu sei, eu sinto. Há uma profunda urgência - angústia: angusgência.
Dia 18 de agosto, quinta-feira
Os passarinhos... O canto dos passarinhos na manhã. Eles não são felizes nem infelizes: são expressões de Deus, são canais de Deus, aberturas por onde a Grande Energia se expressa.
Dia 19 de agosto, sexta-feira
Este mês de agosto está muito difícil; a angústia vem em ondas e a solidão é muito grande. Não sei para onde estou indo... Só tento me soltar neste mar da vida e ver onde vou parar.
Dia 23 de agosto, terça-feira
Será importante escrever sobre o ar entrando, fresco e profundo, quando eu respiro? E a sensação de estar repleta, não de graça, mas de uma substancia pesada, como por exemplo, açúcar, carne? O que fazer? Como agir para chegar ao equilíbrio, à temperança? Como diz Bhagwan, primeiro é preciso esvaziar-se de tudo. Como é imenso e profundo o conteúdo do ego! Ele diz que é apenas uma crosta endurecida, mas como custa a se quebrar! E como essa queda é evitada, é dificultada! Ajude o ego a se dissolver, ajude o ego a cair! Solte! Ontem, na meditação dinâmica, pela primeira vez, tive a percepção de que o mundo não é estático, não é imóvel. Senti claramente o movimento: tudo se movendo lentamente, inexoravelmente. Agora basta que eu pare e preste atenção e posso sentir esse movimento: é um movimento lento e circular. Não sei se todas as pessoas podem senti-lo; talvez possam e só eu não pudesse. É tão natural!
Dia 24 de agosto, quarta-feira
“Saia um pouco do controle. Deixe. Solte. Tudo dá certo quando você não está tentando controlar. Confie.” Esta foi a mensagem, ou melhor, a percepção de hoje, na meditação. A angústia desapareceu. Agora parece que estou numa calmaria abençoada.
Dia 25 de agosto, quinta-feira
Desde ontem à noite que uma profunda lassidão toma conta do meu corpo. Ele está pesado. Atribuo um pouco à alimentação. Não estou suportando comer carne, leite; acabo ficando pesada, intoxicada. Hoje vou voltar ao arroz e ao pão integral da Marli. Hoje na meditação tive um “relance” em relação ao tempo: ele não existe, é uma criação da mente. O que existe é o movimento. O homem inventou modos de medir o movimento e agora somos escravos dessa medida. O movimento é interminável e vamos indo em direção ao futuro infinitamente. Tudo isso eu já sabia ou tinha lido em algum lugar, mas hoje tive a vivência de que o tempo não existe. Mas foi só um relance: logo em seguida a mente tomou conta de novo e tudo voltou a ser conhecimento morto e emprestado. Em todo caso, ficou a certeza de que não é necessário correr, nem ter pressa: tudo está aí, sempre.
Dia 30 de agosto, terça-feira
As mesmas palavras se tornam necessárias: não sei o que está acontecendo, apenas uma presença paira no ar: a angústia. Sinto-me como se estivesse regredindo e perdendo; perdendo tudo o que já tinha mudado; tudo voltando a ser como antes: fechamento, impaciência, incapacidade de olhar para fora de mim. Chego a perceber o que esse fechamento é, mas não consigo ver o mecanismo, o processo como ele se dá. Sinto-me totalmente impotente, como se eu fosse um brinquedo nas mãos de uma força desconhecida. E o sofrimento, o sentimento de perda, de estar sendo despojada... E o sentimento de solidão, não ter com quem falar, a quem pedir socorro. Ao mesmo tempo sei que ninguém pode me ajudar, tenho que atravessar sozinha, amadurecer, crescer. É difícil e traz muito sofrimento. Bhagwan, você está sempre certo; até você tem que ser perdido, abandonado? Estou me prendendo a você, às meditações? Só tenho medo de me perder totalmente, de não conseguir tocar adiante a vida sem você. Tudo está se tornando muito difícil: o trabalho, a vida em casa, tudo. Tudo pesado, dolorido.
Hoje à tarde fiz a meditação Nataraj e veio muito choro. Eu já tinha começado a kundalini quando o Mauro chegou e então parei e fomos à ginástica no clube. As minhas duas amigas também foram. Não sei o que sinto em relação a elas: se revolta, se mágoa, se dependência, se inferioridade. Há muita coisa que eu preciso ver... Não sei se converso com a Celina ou deixo ficar assim.
Dia 31 de agosto, quarta-feira
Muita dor e sofrimento. Não sei de onde vem, nem para que. À noite intensifica-se e de manhã também. Não há consolo. Não há o que falar. É só sentir e curtir. Não sei se vou continuar com as meditações. Um grande cansaço e desânimo me invadem. Não sei se terei forças para continuar vivendo. E o mais engraçado é que vim para a escola, trabalhei, dei até boas risadas. É espantoso. Não entendo nada. É tão novo para mim viver assim, ao sabor do que vem e do que vai... Nunca sei o que vai acontecer no momento seguinte: tédio, dor, desânimo, tristeza. E toda ênfase está sendo dada ao negativo, ao escuro. Mas é necessário e se é assim, quero entrar nisso até o fundo.
Parece proposital, mas à tarde tudo mudou: a dor desapareceu, houve energia, disposição. De manhã, dor. À tarde, boa disposição, bem estar, até mesmo certo preenchimento. Meu deus, será que a Celina tem algo a ver com isso?
Meus amigos leitores, como podem ver, eu estava me sentindo perdida.
As minhas duas companheiras de busca espiritual tinham desistido do Rajneesh e enveredado em um novo caminho, definido como “morrer para a vida”.
Isso não era para mim; pelo menos isso eu sabia!
Eu não queria morrer para a vida; eu queria viver, ser feliz, celebrar a vida e a existência!.
Mas ao invés de persistir nas minha meditações, eu ficava insegura, em dúvida, tentando outros caminhos como a Seicho-No-Ie.
Não que a Seicho-No-Ie não fosse maravilhosa!
Mas não era o meu caminho!
E isso eu não conseguia entender: eu estava sendo convidada a caminhar por minhas próprias pernas, sem a ajuda ou influencia de ninguém, nem das amigas, nem de outras filosofias ou religiões.
Mas ainda ia demorar para eu conseguir vivenciar isso.
E perceber que o meu caminho era, sempre foi e sempre será o da Alegria, da Celebração, da Fé, da Beleza e da Harmonia!
Amém!
continua...