Uma Simples Mulher II                                   Capítulo 8


E A Vida Brilhava!
 
Fomos passar as ferias de julho em CaraguaCity.
A Celina estava nos EEUU, visitando a comunidade do Rajneesh, uma fazenda no Oregon.
 
Levei meus livros e fitas; fazia as meditações lá.
A nossa casa era linda, a natureza era uma festa indescritível, o mar, então, era uma coisa viva que acariciava o meu corpo; as montanhas verdes, o céu azul...
Eu só queria dançar e cantar.
 
Quando voltamos das férias, eu liguei primeiro para a Liliana; ela disse que a Celina estava bem, mas que agora estava mais “com o pé no chão”.
 
Depois de vários dias é que fui conversar com a Celina: senti que ela estava me evitando, estava reticente, não se abria.
Ela sabia que eu estava super curiosa para saber como tinha sido a viagem e sabia também que eu estava totalmente apaixonada pelo Rajnessh.
 
Finalmente falou: a viagem tinha sido atrapalhada desde o inicio pelo pessoal do Soma, que complicou a marcação da viagem de volta.
Contou que lá havia mais de dez mil discípulos, gente de todo tipo; ela que é toda metódica e super organizada, foi ficando profundamente irritada e enjoada de tudo.
Apesar de ser tudo organizado e limpo (os discípulos tinham transformado a terra árida do Oregon em um paraíso cultivado e fértil), os visitantes eram alojados em barracas de camping, no meio de gente do mundo todo e imaginem os tipos exóticos que havia por lá.

Todas essas condições na certa impediram que ela se soltasse e criaram uma barreira e um fechamento. Isso eu é que estou afirmando; não sei exatamente como tudo se passou; a experiência foi pessoal e única e além do mais, ela não queria comentar muito porque sabia o quanto eu estava envolvida pela energia do Bhagwan.

Hoje eu sei que quando vamos conhecer um novo lugar ou mesmo uma nova pessoa, se nos comportarmos como observadores críticos e frios, e ficarmos analisando com nossa mente lógica, procurando pelos defeitos e pelas falhas, só perceberemos as negatividades dessa faixa vibratória.
Já se estivermos com nosso coração aberto para tirar o melhor de cada lugar, de cada situação, com certeza sairemos alimentados e nutridos, carregando conosco as melhores energias.

A mente nos dá sempre a sensação de estarmos sendo usados e enganados; todavia, não há enganos: todos os caminhos são adequados enquanto os estivermos trilhando com a sinceridade de nossos corações.

Agora eu percebo que se eu tivesse ido aos EEUU com aquela vibração em que me encontrava, talvez eu me tivesse tornado discípula e poderia ter mudado totalmente a minha vida.
Não era esse o meu projeto para esta vida; tudo tem seu momento certo.

Para mim, neste momento, o Bhagwan seria apenas o empurrão para me lançar à vida: “um Mestre é aquele que empurra seu discípulo para que se solte e se torne mestre de si mesmo.”

Então decidi continuar com minhas meditações e deixar que cada uma de nós tomasse seus próprios caminhos.
 
Em agosto tomei uma decisão: operar as trompas; não queria mais tomar pílulas. O médico me convenceu que o melhor seria fazer a ligadura, que seria muito simples e tal.
Até hoje não sei como tive coragem: foi uma verdadeira cesárea, só que dessa vez não era para nascer nenhuma criança e sim para impedir a vida.

Não foi nada bom; meu corpo se ressentiu muito; custou a se recuperar. Foi muito agressivo, uma violência!

Para uma pessoa que já se julgava um pouco mais consciente sobre o valor da vida e sobre a sensibilidade e sabedoria que nosso corpo possui, fui muito ignorante!

Como a gente custa a aplicar as coisas que aprende: a gente pensa que aprendeu, mas na prática não muda nada.
Eu continuava insensível e violenta comigo mesma!

Fiquei muito fraca, ficava horas na cama, cochilando; não tinha animo para nada.

A única coisa que me consolava era ouvir sem parar uma fita de musica do Bhagwan: Sambody Music.

Aos poucos fui melhorando.

Voltei a fazer as meditações; a alegria foi reaparecendo.

Na hora do crepúsculo, após fazer a meditação kundalini, eu saía para ir à escola: o céu se tingia de vermelho, as cores vibravam, o mundo ficava vivo e real e eu vibrava na mesma sintonia.

No trabalho, sentia-me outra pessoa: animada, queria mudar minhas aulas, aproximar-me mais dos alunos, criar.
Preparei aulas diferentes com musica, expressão corporal, soltura. Colocava música durante as aulas; ia ler com os alunos debaixo das arvores, no meio do pátio!

E a vida brilhava!
 
Dia 26 de outubro
Nesse meio tempo muita coisa começou a acontecer. A vida adquiriu brilho! O amor está começando a fluir. Eu poderia dizer tanta coisa, mas as palavras não conseguem traduzir essas sensações e sentimentos de minha alma. Só posso dizer isto: ”Yes Bhagwan!”.
 
Dia 01 de novembro
Descobri que a alternância positivo/negativo é uma constante em minha vida; percebo que não devo tentar me livrar do negativo e sim observar ambas as fases como se não fosse comigo, criar uma distância e observar. Normalmente só quero a alegria, o bem estar e a facilidade em me comunicar com o mundo e as pessoas: essa é a fase positiva. Quando vem a tristeza, o mal estar e o fechamento, eu sinto revolta, não aceito. Como fazer para observar melhor tudo isso?
 
Dia 03 de novembro
Amanhã é niver da Marília, 6 anos, mandei fazer o bolo, vamos fazer uma festinha para ela! Parabéns querida filhota! Eu te amo muito!
 
Dia 16 de novembro
Será que estou num circulo vicioso, num beco sem saída? Tudo se repete, fases positivas e negativas, os mesmos problemas com o Mauro, a mesma angustia. É uma roda verdadeira! Tenho tentado observar meu corpo: como há peso, como há ansiedade! Estou identificada com o corpo, não consigo observá-lo de fora, nem separar mente, corpo e eu mesma! Tenho vontade de experimentar a vida numa comunidade do Bhagwan: aqui não me sinto encaixada em lugar nenhum... Ultimamente tenho feito dinâmica e kundalini regularmente, até nos finais de semana... Mas não sei nada!
 
Dia 17 de novembro
Bhagwan, que belo entardecer! O céu se vestiu com suas cores: vermelho, bordô, ocre, laranja. Diga-me: como conseguir não me identificar e observar as fases positivas e negativas da minha vida? Hoje desenhei um gráfico onde pretendo marcar as curvas da minha disposição: quando sobe, fico alegre, gosto, aceito, vibro! Quando desce, fico deprimida, revoltada, amaldiçôo e repilo. Como conseguir observar tudo isso como se não fosse comigo, sem me identificar? “Comece a se ver como um observador e não como um participante”.
 
Dia 18 de novembro
Hoje começou a subir a maré. Levantei-me cedo, fiz dinâmica. A manhã foi boa, estive de bom humor, comecei a olhar novamente para fora: o jardim, as árvores. Foi uma manhã toda azul, com sol brilhante. A tarde foi cansativa: levei a Marilia para consultar com o oftalmo: ela também vai precisar de óculos! Na kundalini, não senti nada, nem energia, nem aprofundamento na meditação. Tanto é que parei e fui buscar a marilia no clube. Senti ciúmes quando vi o Mauro conversando com a secretária do dentista: o bacana foi que desta vez não fiquei calada: falei, briguei, esbravejei. Foi ótimo! Depois ficou tudo bem entre nós... Antigamente, eu teria ficado “emburrada” e não falaria nada.
 
Dia 20 de novembro, sábado
Não fiz nenhuma meditação. À noite fomos à casa de uma amiga, depois fomos à casa do meu irmão. Muita alegria!
 
Dia 21 de novembro, domingo
Não quis ir ao clube, passei o dia todo em casa. O Mauro passou o dia todo lá e também ficou até de noite! Ele é assim, por ele fica lá até fecharem as portas!
 
Dia 22 de novembro, segunda-feira
Fiz a dinâmica de manhã. À tarde a minha cunhada Sandy veio me visitar com a filhinha Gaby; a Liliana tinha vindo fazer a kundalini comigo, mas então foi embora. A Sandy ficou me esperando, fiz a kundalini sozinha; a Gaby chorou de um modo tão esquisito...
 
Dia 23 de novembro, terça-feira
Dia corrido. O Armando foi consultar com o oftalmo: mais óculos na família! Não tenho certeza, mas parece que a Liliana me deixa cansada: hoje à tarde fomos ao clube, não deu tempo de fazer kundalini; fiquei muito cansada.
 
Dia 24 de novembro, quarta-feira
Dia ainda mais corrido. Passei a manhã toda em “alfa”, zonza. Só pode ser o chá de confrei, uma erva que está na moda e que estamos tomando. À tarde levei a Marília à dentista, comprei umas roupinhas para ela (acho que amanhã minha sogra vai levá-la para Campinas), depois fui levá-la ao clube, fui à casa da Liliana fazer a kundalini, voltei ao clube, nadei, fui para casa, tomei banho, tomei lanche, vim para a escola! Ufa! Fico cansada só de pensar em tudo isso! Porque tanta correria? Não sei. Se amanhã a Marília e a D. Rita  forem viajar, vou passar a tarde na cama!
 
Dia 25 de novembro, quinta-feira
Dia de Ação de Graças. Obrigada Deus!
Passei a manhã meio jururu, discutimos eu e o Mauro. À tarde a Celina apareceu, depois da reunião com a D. Carmem; estava feliz; até que enfim saiu do poço?!
 
Dia 26 de novembro, sexta-feira
Comecei a sentir dor na nuca lá pela hora do recreio, de manhã. À tarde a Celina veio e fizemos dinâmica. Melhorei. À noite problemas com o Mauro; não sei por que não consigo me soltar e meu corpo se fecha quando ele me toca; ele ficou magoado.
 
Dia 27 de novembro, sábado
Acordei péssima, com dor de cabeça. Passei o dia todo na cama. À noite melhorei um pouco; o Mauro saiu sozinho; não dormi até ele chegar.
 
Dia 28 de novembro, domingo
De manhã o Mauro veio me agradar, fez um delicioso café da manhã! Gosto disso! Fiquei na cama até duas horas da tarde; ele cuidou das crianças. Depois fomos passear todos juntos, fomos ao clube! Que bom! À noite fomos à casa da Liliana: eles vão viajar para a praia em janeiro. Nós não vamos.
 
Dia 29 de novembro, segunda-feira
Faltei à aula, mas descansei e já estou bem melhor.À noite, tivemos uma briga por causa do Armando: não consigo aceitar o modo como o Mauro trata o próprio filho!
 
Dia 30 de novembro, terça-feira
Dia normal de trabalho, casa, meditação, piscina. A kundalini foi muito agradável, com uma sensação de estar sem corpo e rodeada de veludo morno... A Liliana só chegou quando já estava na parte final; disse que ficou conversando com a Celina e que é muito difícil entende-la. (eu nem quero!...).
 
Dia 01 de dezembro, quarta-feira
A dinâmica foi muito boa. O dia todo foi bom. Estou com vontade de ir para São Paulo, participar de alguma atividade lá no Soma.
 
Dia 02 de dezembro, quinta feira
Dia de trovoada e chuva. À tarde conversamos as três na casa da Liliana, comemos bolinho de chuva, fizemos kundalini. Houve muita energia, segundo a Celina. Para mim foi normal.
 
Dia 03 de dezembro, sexta feira
O Mauro foi para Caraguatatuba. Passei o dia bem. Fizemos kundalini as três, na minha casa.
 
Dia 04 de dezembro, sábado
Foi um dia maravilhoso, calmo, tranqüilo!
 
Dia 05 de dezembro, domingo
Dia de muita calma. Só à noite fui ficando brava porque o telefone de Caragua não respondia...
 
Dia 06 de dezembro, segunda-feira
Liguei para o Mauro de manhã. Ele ficou furioso! À noite, fui assistir a uma palestra da Seicho-No-Ie. Gostei muito!
 
Dia 07 de dezembro, terça-feira
De manhã, a hora do silencio foi diferente: foi um silencio pleno e fecundo. Abracei a todos e fui abraçada com muito amor. À tarde a Liliana me chamou para fazer kundalini.
 
Dia 08 de dezembro, quarta-feira
Foi uma noite esquisita. Fiz a prece e fui dormir. Durante a noite o Mauro me acordou para me abraçar, que bom!Mas perdi o sono. De manhã, o despertador tocou às 05h30min, mas não consegui me levantar. Dormi novamente e sonhei aqueles sonhos de correr, correr, nunca chegar e estar sem roupas na rua! Acordei exausta às 7 horas.
 
Dia 09 de dezembro, quinta-feira
Alegria e vibração aumentando. Muito feliz!
 
Dia 10 de dezembro, sexta-feira
O aniversario do Bhagwan está chegando! Fui fazer kundalini na casa da Liliana. Foi muita vibração, amor e alegria!
 
 
Vida, vida, altos e baixos, vivendo cada momento!
E a vida brilhando!
E a busca continuando...

continua...
Malu Thana Moraes
Enviado por Malu Thana Moraes em 30/01/2010
Reeditado em 01/02/2010
Código do texto: T2059628
Classificação de conteúdo: seguro
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