Uma Simples Mulher II                  Capítulo 4

O Grande Erro.
 
Nessa época eu lecionava todas as manhãs numa escola profissionalizante e algumas noites numa escola estadual que ficava num bairro próximo de minha casa; tinha as tardes livres.

Eu sentia falta das minhas meditações do Rajneesh e resolvi voltar a elas, dessa vez com mais constância e determinação.

Passei a acordar às 05h30min, ia para o quarto da frente, que já estava preparado, acendia meu incenso, uma velinha branca e fazia a meditação dinâmica antes de acordar as crianças.
 
Essa prática limpava toda a energia pesada e me tornava leve e bem disposta.
 
Comecei também a fazer outra meditação que eu tinha aprendido no Soma: a meditação kundalini.
 
Era mais suave, própria para ser feita ao entardecer.
 
Eu chacoalhava todo o corpo durante quinze minutos; depois dançava durante mais quinze minutos e no final, depois de soltar todas as tensões, deitava e relaxava...

Era deliciosa!

Essa eu fazia à tardinha, das cinco às seis da tarde.

Quando terminava, eu saía no quintal e o entardecer era tão lindo com suas luzes rosadas que chegava a doer; parecia que a natureza falava comigo, que as plantas tinham uma vida diferente; cada som dos pássaros entrava diretamente no meu plexo solar e se esparramava por todo o meu corpo.
 
Depois descobri mais uma: a Prece.

Era uma musica que se desenrolava como um novelo sem fim; eu erguia os braços deixando a energia cair do alto até encher todo o meu corpo e transbordar; aí eu me ajoelhava, colocava a testa no chão e a energia rolava aos borbotões pelo mundo afora...

Isso eu repetia sete vezes, uma vez para cada chakra

Essa meditação eu fazia à noite, antes de dormir; quando era possível, é claro...
 
E a cada meditação era como se eu mergulhasse no oceano e recolhesse uma pérola lá do fundo, ou como se subisse ao céu e colhesse uma estrela: ficava sempre alimentada, enriquecida, como se aos poucos o quebra cabeças da minha vida fosse se ajustando, harmonizando e pacificando.
 
No dia 23 de abril de 82 escrevi:
“Agora voltei ao Bhagwan, com a certeza de que nunca deveria tê-lo deixado. Não há meios caminhos, não há atalhos, não há buscas exteriores. Tudo está presente aqui e agora e a busca só pode ser interior. Hoje, 23 de março, estou firme em minhas meditações e ao expirar, peço ao Bhagwan que entre após a saída do ar.”
 
Dia 26 de abril, segunda feira
“À tarde, depois da kundalini, uma sensação muito negativa começou e foi se intensificando. Não sei a que atribuir. À noite, trabalhei até 10:45h. Quando cheguei em casa, todos estavam dormindo. Fiz a prece, sem musica. Não foi bom, não dormi logo. A mente disparou, sonhei com coisas desagradáveis: banheiros sujos e coletivos, fezes e sujeira.Parecia um campo de concentração.”
 
Dia 27 de abril, terça-feira
“Acordei assustada com o despertador, o corpo pesado, não quis dançar. Manhã com sensação de peso, mas vai melhorando. Fiquei muito cansada à tarde, não fiz kundalini, apenas sentei-me no meu lugar. À noite, fiquei mais tempo com o Fer; depois fiz a prece.”

Dia 28 de abril, quarta-feira

“Acordei com o despertador, voltei a dormir mais. Manhã normal, trabalhando bastante. Na hora do almoço, surpresa: chegou a resposta da carta que eu tinha escrito para o Bhagwan, nos EEUU. Quem respondeu foi a secretaria particular e em inglês. Ainda não traduzi. Tarde boa, fiz kundalini. Agora são 20:30h; pretendo fazer a prece. A sensação negativa diminuiu.”
 
E assim eu ia registrando as sensações e as intuições que vinham, dia a dia.
 
Havia muitas coisas acontecendo e muitos boatos em relação ao Rajneesh. Soubemos que pelo seu jeito revolucionário de pregar a libertação do ser humano, ele passara a ser perseguido e deixara a Índia, montando um ashram (comunidade) numa grande fazenda no Oregon, EEUU e que para lá estavam indo discípulos do mundo inteiro.
 
Eu tinha escrito a carta para lá; queria saber o que estava acontecendo e pedir orientações: a resposta foi decepcionante!
 
Senti a resposta muito fria e distante; é claro, pois eu estava ainda buscando respostas exteriores, sendo que nas meditações eu sentia a presença do Bhagwan muito próxima, como algo íntimo e verdadeiro, presente em minha vida.
 
Fui desenvolvendo uma sensibilidade diferente, minha intuição ampliou-se, eu sentia coisas que não conseguia descrever nem explicar pela mente racional.
 
Só que, como sempre, eu não confiava totalmente nas minhas sensações e queria confirmações exteriores de que estava no caminho certo!

Eis aí o grande erro!

                          continua...
Malu Thana Moraes
Enviado por Malu Thana Moraes em 22/01/2010
Reeditado em 24/01/2010
Código do texto: T2044882
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