Uma Simples Mulher II Capítulo 3
Aprenda a Ouvir Sua Alma!
Continuei fazendo a meditação dinâmica, mas a busca estava só começando!
A Celina ouviu falar não sei onde sobre o Instituto Mente Sã, em SanPeter e quis conhecer o trabalho deles.
Eu tinha encontrado no Rajneesh o meu caminho; a Celina continuava insatisfeita e procurando outros caminhos.
Eu, em vez de seguir as minhas sensações, aceitei a sugestão dela e lá fomos nós, as três buscadoras, eu, a Celina e a Liliana outra vez viajar para SanPeter, desta vez ao Instituto Mente Sã conversar com o Dr. Marcos, que nos orientou a fazer um “psico-tron”, que é um psico diagnóstico feito por uma pessoa sensitiva.
Na verdade, é só um nome mais sofisticado para uma consulta a um médium.
A sensitiva que nos atendeu, disse-me: - Você é emocionalmente infantil porque está ligada à sua mãe, na fase intra uterina.
Fiquei chocada!
Mas no intimo senti que era verdade.
E então fiquei esperando que no Instituto Mente Sã eu fosse encontrar a solução para todas as angústias, inseguranças e medos que eu sentia.
Doce ilusão... Eu ainda não tinha consciência que não existe varinha mágica e que as nossas dores precisam de muito trabalho árduo para ser amenizadas, que dirá solucionadas por completo...
Marcamos cinco sessões com a sensitiva, mas só para fevereiro de 82 e ainda seria somente um diagnóstico!
Sempre lideradas pela Celina, marcamos então outra terapia no Centro de meditação do Rajneesh, o Soma, essa para o mês de novembro.
Era uma terapia chamada Renascimento.
E lá fui eu, sem saber muito bem o que era, mas pelo menos era algo ligado ao Mestre que eu tinha amado encontrar!
A terapeuta colocou-nos numa sala, onde fizemos vários exercícios bio energéticos. Depois deitamo-nos em colchonetes e ela mandou que respirássemos bem rápido, pela boca.
Aos poucos, meu corpo foi se tensionando, meus braços se retesando e tomei a posição fetal.
Eu estava perfeitamente consciente de tudo o que se passava comigo e a minha volta, mas decidi permitir que meu corpo se expressasse.
Então comecei a chorar e gritar e realmente o fenômeno se assemelhava a um nascimento, só que a um nível não muito profundo de consciência.
Depois eu soube que a Liliana tinha tido uma experiência muito profunda: teve a experiência do nascimento, mas não no plano físico e sim no plano cósmico, talvez na concepção.
Essa experiência foi muito profunda para ela; e até eu pude perceber uma mudança, uma doçura que antes não existia em seu olhar e em suas atitudes.
Já a Celina, muito resistente e crítica, não conseguiu se entregar à experiência, e manteve-se na superfície dos sentimentos, sem sentir nada de diferente.
Mas foi muito bom para nós três; no final a terapeuta colocou uma música maravilhosa, nós dançamos juntas, e uma qualidade diferente se instalou entre nós.
Mas as palavras da sensitiva não saíam da minha cabeça; eu achava agora que toda a insatisfação da minha vida vinha do problema que ela tinha mencionado.
E acreditava que em fevereiro, quando fizesse as sessões no Mente Sã, encontraria todas as respostas...
Então me afastei do meu verdadeiro caminho: parei com as meditações e isso não foi nada bom para mim.
Quando fazemos algo que é contrario ao que nossa alma sabe que é o melhor para nós, sentimos sensações ruins, nada fica bom, ficamos desconectados de nós mesmos.
E foi o que aconteceu.
Em vez de me ligar nas minhas sensações, que eram maravilhosas quando eu fazia as meditações do Rajneesh, eu fiquei dando ouvidos ao que as outras pessoas falavam, decidiam e resolviam... E eu entrava na delas e não escutava as minhas sensações.
E não me sentia nada bem...
Em janeiro de 1982, fomos, as três famílias, passar as férias numa linda cidade no litoral do Rio de Janeiro.
Alugamos uma casa e fomos em três carros, com malas,bagagens, comidas, crianças, tudo!
Uma verdadeira maratona!
Chegando lá, à noite, depois de uma viagem de não sei quantas horas, fomos todos inspecionar a casa que não conhecíamos!
E quem disse que a Celina sossegou enquanto não arrumou tudo do jeito dela?
A água que saía das torneiras era meio escura: ela fez o marido subir no telhado àquela hora da noite e lavar a caixa d’água todinha e trocar a água!
Não adiantou, continuava saindo água escura das torneiras!
Só depois ficamos sabendo que a água que ia para as torneiras era do poço que havia na casa e era toda daquela cor mesmo...
No dia seguinte o marido teve que ir à cidade, comprar tela e colocar em todas as janelas, fora a limpeza que fizemos na casa toda, principalmente nos banheiros, que foram desinfetados com álcool.
Essa viagem fez com que nos conhecêssemos melhor: eu, toda fechada, inibida, não me sentia bem no meio de muita gente e procurava me isolar; a Celina, cheia de manias de limpeza, medo de baratas; a Liliana era a mais equilibrada e tomou conta da cozinha junto com o Mauro, meu marido, que também era muito eficiente; o marido da Liliana, fazia serviços gerais e o marido da Celina, além de tomar conta e dar banho nas crianças, ia de sandálias e meias à praia: tinha alergia à areia!
No final das contas era tudo muito engraçado e se eu não estivesse tão neurótica teria me divertido muito mais.
Neurótica porque eu tinha parado de fazer minhas meditações que me faziam tão bem e me sentia mal o tempo todo!
Em fevereiro, de volta a Aracity e à vida normal, começamos a ir para SanPeter uma vez por semana para fazer os tais “psico-trons” no Instituto Mente Sana.
Foi horrível: viagens semanais sacrificadas, levantando de madrugada, indo de ônibus ou de carro, para as consultas com a sensitiva.
Eu não estava conseguindo me agüentar e nem às outras pessoas; eu irritava a Celina e ela me irritava; foi uma fase horrível porque eu estava indo contra a minha própria necessidade interior, mas não sabia identificar isso.
No final, gastei mais dinheiro do que podia e cheguei à conclusão que tinha perdido tempo: não que a terapia não fosse boa e por sinal não era terapia e sim um diagnóstico; mas porque eu no íntimo já sabia que meu caminho não era aquele.
A partir daí começamos a nos afastar, cada qual seguindo seu caminho; a Liliana fez o tratamento no Mente Sã, o que, segundo ela, ajudou-a a aprofundar a consciência de si mesma.
A Celina fez algumas consultas com ele, mas foi dispensada; não me contou o motivo.
A Liliana depois parou de ir a SanPeter e a Celina continuou fazendo vários cursos e terapias diferentes.
Isso tudo me cansou profundamente; eu sentia náuseas só em pensar em viajar para SanPeter. (eu que amava essa cidade!).
Aos poucos fui sentindo que meu caminho era mesmo o do Bhagwan (era como eu chamava o Rajneesh) e que eu precisava fazer um trabalho sério comigo mesma e não buscar algo em alguém ou em algum lugar.
Senti claramente que a ajuda estava aqui dentro, dentro de mim. Por isso me sentia tão mal nas viagens para SanPeter: era a minha alma me avisando que o caminho não era aquele!
Mas como a gente demora em identificar, entender e dar ouvidos aos apelos de nossa alma!
Meu relacionamento com as duas amigas, principalmente com a Celina, é uma coisa difícil de entender e explicar.
Eu, fraca e indecisa, agarrei-me ao que ela tinha de forte e decidida; ao mesmo tempo eu tinha que suportar seu lado dominador, que para mim era supressor e desequilibrante: toda dependência paga seu preço.
Já com a Liliana o relacionamento era mais ameno, pois não havia choque de personalidades.
Essas duas amigas muito ajudaram em minha busca e ficaram em minha lembrança como inestimáveis lições de vida; a elas agradeço tudo o que vivemos juntas e o apoio que me deram quando eu muito precisei!
E o Universo sempre trouxe as pessoas certas nos momentos certos em minha vida.
Obrigada!
continua...
Aprenda a Ouvir Sua Alma!
Continuei fazendo a meditação dinâmica, mas a busca estava só começando!
A Celina ouviu falar não sei onde sobre o Instituto Mente Sã, em SanPeter e quis conhecer o trabalho deles.
Eu tinha encontrado no Rajneesh o meu caminho; a Celina continuava insatisfeita e procurando outros caminhos.
Eu, em vez de seguir as minhas sensações, aceitei a sugestão dela e lá fomos nós, as três buscadoras, eu, a Celina e a Liliana outra vez viajar para SanPeter, desta vez ao Instituto Mente Sã conversar com o Dr. Marcos, que nos orientou a fazer um “psico-tron”, que é um psico diagnóstico feito por uma pessoa sensitiva.
Na verdade, é só um nome mais sofisticado para uma consulta a um médium.
A sensitiva que nos atendeu, disse-me: - Você é emocionalmente infantil porque está ligada à sua mãe, na fase intra uterina.
Fiquei chocada!
Mas no intimo senti que era verdade.
E então fiquei esperando que no Instituto Mente Sã eu fosse encontrar a solução para todas as angústias, inseguranças e medos que eu sentia.
Doce ilusão... Eu ainda não tinha consciência que não existe varinha mágica e que as nossas dores precisam de muito trabalho árduo para ser amenizadas, que dirá solucionadas por completo...
Marcamos cinco sessões com a sensitiva, mas só para fevereiro de 82 e ainda seria somente um diagnóstico!
Sempre lideradas pela Celina, marcamos então outra terapia no Centro de meditação do Rajneesh, o Soma, essa para o mês de novembro.
Era uma terapia chamada Renascimento.
E lá fui eu, sem saber muito bem o que era, mas pelo menos era algo ligado ao Mestre que eu tinha amado encontrar!
A terapeuta colocou-nos numa sala, onde fizemos vários exercícios bio energéticos. Depois deitamo-nos em colchonetes e ela mandou que respirássemos bem rápido, pela boca.
Aos poucos, meu corpo foi se tensionando, meus braços se retesando e tomei a posição fetal.
Eu estava perfeitamente consciente de tudo o que se passava comigo e a minha volta, mas decidi permitir que meu corpo se expressasse.
Então comecei a chorar e gritar e realmente o fenômeno se assemelhava a um nascimento, só que a um nível não muito profundo de consciência.
Depois eu soube que a Liliana tinha tido uma experiência muito profunda: teve a experiência do nascimento, mas não no plano físico e sim no plano cósmico, talvez na concepção.
Essa experiência foi muito profunda para ela; e até eu pude perceber uma mudança, uma doçura que antes não existia em seu olhar e em suas atitudes.
Já a Celina, muito resistente e crítica, não conseguiu se entregar à experiência, e manteve-se na superfície dos sentimentos, sem sentir nada de diferente.
Mas foi muito bom para nós três; no final a terapeuta colocou uma música maravilhosa, nós dançamos juntas, e uma qualidade diferente se instalou entre nós.
Mas as palavras da sensitiva não saíam da minha cabeça; eu achava agora que toda a insatisfação da minha vida vinha do problema que ela tinha mencionado.
E acreditava que em fevereiro, quando fizesse as sessões no Mente Sã, encontraria todas as respostas...
Então me afastei do meu verdadeiro caminho: parei com as meditações e isso não foi nada bom para mim.
Quando fazemos algo que é contrario ao que nossa alma sabe que é o melhor para nós, sentimos sensações ruins, nada fica bom, ficamos desconectados de nós mesmos.
E foi o que aconteceu.
Em vez de me ligar nas minhas sensações, que eram maravilhosas quando eu fazia as meditações do Rajneesh, eu fiquei dando ouvidos ao que as outras pessoas falavam, decidiam e resolviam... E eu entrava na delas e não escutava as minhas sensações.
E não me sentia nada bem...
Em janeiro de 1982, fomos, as três famílias, passar as férias numa linda cidade no litoral do Rio de Janeiro.
Alugamos uma casa e fomos em três carros, com malas,bagagens, comidas, crianças, tudo!
Uma verdadeira maratona!
Chegando lá, à noite, depois de uma viagem de não sei quantas horas, fomos todos inspecionar a casa que não conhecíamos!
E quem disse que a Celina sossegou enquanto não arrumou tudo do jeito dela?
A água que saía das torneiras era meio escura: ela fez o marido subir no telhado àquela hora da noite e lavar a caixa d’água todinha e trocar a água!
Não adiantou, continuava saindo água escura das torneiras!
Só depois ficamos sabendo que a água que ia para as torneiras era do poço que havia na casa e era toda daquela cor mesmo...
No dia seguinte o marido teve que ir à cidade, comprar tela e colocar em todas as janelas, fora a limpeza que fizemos na casa toda, principalmente nos banheiros, que foram desinfetados com álcool.
Essa viagem fez com que nos conhecêssemos melhor: eu, toda fechada, inibida, não me sentia bem no meio de muita gente e procurava me isolar; a Celina, cheia de manias de limpeza, medo de baratas; a Liliana era a mais equilibrada e tomou conta da cozinha junto com o Mauro, meu marido, que também era muito eficiente; o marido da Liliana, fazia serviços gerais e o marido da Celina, além de tomar conta e dar banho nas crianças, ia de sandálias e meias à praia: tinha alergia à areia!
No final das contas era tudo muito engraçado e se eu não estivesse tão neurótica teria me divertido muito mais.
Neurótica porque eu tinha parado de fazer minhas meditações que me faziam tão bem e me sentia mal o tempo todo!
Em fevereiro, de volta a Aracity e à vida normal, começamos a ir para SanPeter uma vez por semana para fazer os tais “psico-trons” no Instituto Mente Sana.
Foi horrível: viagens semanais sacrificadas, levantando de madrugada, indo de ônibus ou de carro, para as consultas com a sensitiva.
Eu não estava conseguindo me agüentar e nem às outras pessoas; eu irritava a Celina e ela me irritava; foi uma fase horrível porque eu estava indo contra a minha própria necessidade interior, mas não sabia identificar isso.
No final, gastei mais dinheiro do que podia e cheguei à conclusão que tinha perdido tempo: não que a terapia não fosse boa e por sinal não era terapia e sim um diagnóstico; mas porque eu no íntimo já sabia que meu caminho não era aquele.
A partir daí começamos a nos afastar, cada qual seguindo seu caminho; a Liliana fez o tratamento no Mente Sã, o que, segundo ela, ajudou-a a aprofundar a consciência de si mesma.
A Celina fez algumas consultas com ele, mas foi dispensada; não me contou o motivo.
A Liliana depois parou de ir a SanPeter e a Celina continuou fazendo vários cursos e terapias diferentes.
Isso tudo me cansou profundamente; eu sentia náuseas só em pensar em viajar para SanPeter. (eu que amava essa cidade!).
Aos poucos fui sentindo que meu caminho era mesmo o do Bhagwan (era como eu chamava o Rajneesh) e que eu precisava fazer um trabalho sério comigo mesma e não buscar algo em alguém ou em algum lugar.
Senti claramente que a ajuda estava aqui dentro, dentro de mim. Por isso me sentia tão mal nas viagens para SanPeter: era a minha alma me avisando que o caminho não era aquele!
Mas como a gente demora em identificar, entender e dar ouvidos aos apelos de nossa alma!
Meu relacionamento com as duas amigas, principalmente com a Celina, é uma coisa difícil de entender e explicar.
Eu, fraca e indecisa, agarrei-me ao que ela tinha de forte e decidida; ao mesmo tempo eu tinha que suportar seu lado dominador, que para mim era supressor e desequilibrante: toda dependência paga seu preço.
Já com a Liliana o relacionamento era mais ameno, pois não havia choque de personalidades.
Essas duas amigas muito ajudaram em minha busca e ficaram em minha lembrança como inestimáveis lições de vida; a elas agradeço tudo o que vivemos juntas e o apoio que me deram quando eu muito precisei!
E o Universo sempre trouxe as pessoas certas nos momentos certos em minha vida.
Obrigada!
continua...