cidade dos meus contos, cantos, encantos e desencantos
prefacio do livro "cidade dos meus contos, cantos, encantos e desencantos:
PREFÁCIO
O lugar onde estou escrevendo é um canto do Bairro do Alto da Mooca, no canto leste do município de São Paulo, é o mesmo lugar desta história, mas não é o mesmo tempo. Tudo mudou... Transformou-se. Algumas coisas estão no mesmo lugar, outras não. Das pessoas que estiveram naquele tempo encontrei algumas poucas, como se não estivessem no mesmo lugar, estando. Outras estão em outros cantos, outras foram pros desencantos. Outras... Não sei se por encanto ou desencanto, não as encontrei em nenhum canto.
Ah! Em que canto você está?
Não é necessário ter conhecimento do tempo, mas da História. Até a mais horrível história pode ser edificante do ser.
Apresentarei uma história não sei se em contos ou prosa, mas sei que tem contos de cantos,outros cantos, encantos e desencantos de alguns cantos da vida. Espero de você, que vai ler, um cantinho só do seu apreciável tempo. Apreciável porque o tempo de cada um é fugaz! Quanto menos se espera, ele já era!
Esta história é de um tempo que, quando você estiver lendo, já estará vivendo em outro tempo, que não será nem este em que estou escrevendo nem o que foi narrado.
A cidade cresce, incha, inflama. A população fica sem rumo. A escola perde seu maior significado, a família não se identifica, procura a disciplina. A televisão condiciona. A cultura é aculturação.
A Reforma Agrária está na Constituição, mas permanece emperrada desde a chegada dos portugueses. Os donos do mundo não deixam acontecer, e só desmatam e nada plantam que o povo possa comer. Os trabalhadores esperam a terra prometida, muitos esperam por Deus resolver... O Brasil precisa parar de migrar, mas não toma medidas sérias.
E tudo pode começar com educação? Não, tudo começará simultaneamente, porque uma coisa é dependente da outra e conseqüência: família, educação, cultura, escola de qualidade, valores morais, religião que não seja o ópio do povo e sim atenda a religiosidade de cada um.
irineu xavier cotrim