A vendedora de flores

Aquele dia, fora cansativo, plena temporada de verão, após deixar meu grupo de turistas no hotel, despedi-me do motorista, caminhei até o ponto de ônibus.

Ah! sentar, nada mais, próximo de onde estava, havia, uma igreja, de lá vinham louvores ao Senhor, belos cânticos, que levaram-me a uma espécie de transe.

De repente, eis que vejo uma figura, vindo, em minha direção, uma senhora, pequena, com uma cesta de flores em uma das mãos, a outra já mostrava-me, um carimbo.

_ Minha filha, olha só, sou viciada em bingo, tá aqui, o carimbo, ai, perdi todo o dinheiro, que ganhei, com a venda das minhas flores!

Aturdida, tentei, oferecer algumas palavras de consolo, ânimo:

_ Minha senhora, veja bem, amanhã é um outro dia, sabe, todos nós temos falhas, olha, pense em Deus, tenha fé!

Ficamos, ali conversando, ela contou-me boa parte de sua vida, creio ter sido uma boa ouvinte.

Então, os cânticos findaram, alguns minutos depois, três senhoras, que saíram da igreja, chegaram, no ponto.

Imediatamente, a pequena vendedora de flores, dirigiu-se á elas, da mesma forma como fez, com quem, vos escreve.

Fiquei observando a lamentável cêna, não é que foi só ela confessar ser viciada em jogo de bingo, que as mulheres de Deus, a ignoraram!

Sem graça, voltou-se para minha pessoa novamente, deu um sorrisso amarelo, e continuou seu desabafo.

Eu, fiquei ali, cá com meus botões, divagando, mas quanta hipocrisia, louvavam ao Pai com tanta vontade, até me comoveram com suas vozes angelicais, mas na primeira oportunidade, de fazer realmente algo por alguém, deram as costas.

O ônibus chegou, embarcamos, ela pediu para sentar ao meu lado, e assim fomos, até chegar o seu ponto, despediu-se, já mais alegre, eu, que pouca fé tinha, consegui passas um pouco de coragem á florista.

Quando desceu, deu-me uma rosa, eu quis pagar, mas recusou-se a receber.

Aquela noite foi uma das mais poéticas que vivi, a noite em que conheci a vendedora de flores.

Ainda hoje, ela exerce seu ofício, nas ruas de Balneário Camboriú, ao passar pela Avenida Atlântica, se avistar, uma pequena senhora, com uma cesta de flores, lembre desta história!

A, e as senhoras de Deus, só ele sabe, ele com certeza sabe!