Chocolate

Era assim, que era chamado, vivia, pelas ruas de Itajaí, sempre de bicicleta, no banco de trás, uma destas caixas de mercado, repleta de livros.

Perambulava o dia todo, Chocolate, era o que pode-se chamar de Sêbo ambulante, os livros, ganhava de todos que se compadeciam por sua situação.

Sujeito bom de papo, entrava em quaisquer assunto, e o que não sabia, fingia dominar, com uma convicção convincente.

Bom vivant, mesmo sendo, morador de rua, comportava-se como um lord, pernoitar no abrigo da prefeitura, não, era longe demais do centro, e lá, dormia-se cêdo.

Figurinha tarimbada, gostava da noite, para encontrar Chocolate, bastava, dar um pulo no Mercado Público, lá estava, apreciando uma boa MPB, discorrendo sobre sua filosofia chocolazística!

Um dia, perguntei-lhe, se era feliz.

_ Ele, sem hesitação, respondeu:

_ Se os quesitos para ser feliz, forem, uma bicicleta, livros para vender, acordar tarde, poder ouvir esta música, que ouvimos agora, posso considerar-me um felizardo!

É, definição simples sobre o ser feliz, Chocolate, ficou na memória, e sempre que vejo, uma bicicleta, livros ou ouço uma boa música, imediatamente, vejo sua figura, adentrando o Mercado Público da cidade peixeira.