Do quê Ana tem medo?
Estava Ana em seu quarto grande e espaçoso, desarrumada, desleixada. Quando num momento inoportuno o telefone toca. Seus olhos se encheram de lágrimas, suas pernas começaram a tremer como num dia frio, seu coração disparou como uma bala de um revólver. Naquele momento Ana sabia que sua vida mudaria por completo, a partir daquele telefonema , à tristeza, a solidão lhe fará companheiras de desgraças, de derrotas atrás de derrotas. Seus olhos fixos somente ao telefone, começaram a derramar lágrimas como pessoas que perdem algum parentesco para a vida das drogas. Seu corpo inerte e paralisado, soa como homens jogando futebol na beira da praia. Tenta pedir socorro a seu irmão que se encontra na sala de estar, mas sua voz deixa a desejar, sua linda e delicada voz não dá o ar da graça. Finalmente, Ana ergue sua mão e apanha o temido telefone e coloca-o no ouvido.
— Alô.
Ana surpreende-se pelo motivo do telefone estar mudo e coloca-o no gancho. Não demorou quase nada para o bendito telefone tocar novamente. Tenebrosa e enfurecida ela atende nervosamente.
— Deixe-me em paz Paulo!
— Calma! Minha filha.
— desculpe mãe, pensei que fosse uma outra pessoa.
— só liguei para avisar que dormirei no escritório.
— Por quê?
— trabalho. Muitos trabalhos.
— o recado esta dado.
— até... minha querida filhinha.
Ana já voltara ao seu sentido normal, aquele tédio inabalável acabara naquele instante. Mas quem seria esse tal de Paulo? Seria algum amigo? Namorado? Amante? Seu medo? Seu tédio? O que fora aquilo? Quais seriam as desgraças? Quais seriam as derrotas? Acho que Ana tem medo de sofrer por amor!