telefonema
Ela me telefonou cedinho. Típico de garota insegura. Tipo assim: Hoje meus pais viajam. Estava aqui trocando o pijama e pensei que... Hoje acordei com vontade de fazer loucuras. Fogo de palha. Mó enrolada. É só no talquinho. Atiça e depois despista. Joga um caô no porteiro. Não me deixa subir. Iô-iô de madame. Fico na mão, mas não me finco mais nessa roubada. Que fique lá fazendo sala pro otário que a bajula. Sonha que vai faturar. Comprou aliancinha e tudo. Aquele ali não come. Já abriu até rede de padaria. E a freguesia é grande. Ela pensa que pode fazer o mesmo comigo. Peludinha é que não me falta. Ela sabe disso. Relógio da hora. Skate dos States. Corta essa. Sei roubar. Sou muito avião. Não durmo de toca. Nem como de toca também. Se vier que venha. Conheci esses dias. Médico afastado. Inescrupuloso. Já me devendo umas pedras. Não esquento com isso não. Embarrigou, logo desembucha. Não dói nada não. Nova técnica. Revolução no mercado negro da Medicina. Tem três aí pra comprovar. Só não meto os nome aí na parada, que é tenso. Não posso arriscar o meu. Um bacuri aí é sarna pra se coçar. Senti na pele. Abandono por estoque. Cinco irmãos no mundo. Um mais importante que o outro. Disputando capa de jornal. Olho pra vida dos cachorros aí pela quebrada e me dá um baita tesão. E uma angústia desanda. Se minha mãe estivesse aqui...