no jantar
- E aí véio, rola sair com a caranga hoje?
- Não! Ela nem tá aqui! Ficou na casa da Jô.
(A mulher se levantou religiosamente. Entendia que seu lugar já não era ali).
- Pó, figura. Que putinha! Já não basta a facul que você paga?
- ...
- Maldita hora que fui apresentá-la.
- ...
- Você tinha me garantido que na sexta ele era meu. Foi nosso trato.
- Não faço trato com fedelho. Respeite seu pai.
(No quarto, a mulher escolhe o lenço preto. O enrola no pescoço. E sem lágrima alguma, assassina um pouco mais de sua honra, sua moral).
- Agora que a mãe não tá presente posso te dizer.
(Os olhos do pai cresceram. Já imaginava).
- Outra amiga minha não tá podendo bancar a mensalidade. É do tipo.
- O que você quer dessa vez?
- Que você abandone a Jô.
- Por quê?
- Quero reatar meu lance com ela.
(A filha do casal viria esse fim de semana para casa. Visita de rotina. Lógico, a tia iria buscá-la).