Eu assisti Brasil X Argentina ontem!
Eu não sei o que me deu ontem, mas resolvi assistir ao jogo do Brasil X Argentina na TV, com o meu marido. Acho que ele ficou surpreso com isso, mas não comentou nada. Na verdade, só consegui assistir o primeiro tempo (todo). Mas eu concluí que eu talvez não seja uma boa companhia pra assistir jogos de futebol, enfim.
Para começar, o coitado fazia comentários de “lances” que eu não tinha prestado atenção. Se não repetisse (viva o replay!), já era. Aí ele falava: ele puxou pela camisa, viu só? Tá roubando. E eu longe, só respondia: hum? Depois de um tempo ele falou: você tá ou não tá assistindo? Falei: tô. Em parte. Quando eu vejo to pensando em outras coisas, vendo através da TV entende? Não. Ah, deixa pra lá.
Uma coisa que desviava minha atenção era a cara dos jogadores. A maioria não tem cara de jogador de futebol nem aqui, nem na Argentina, nem em qualquer outro país desse mundão. Aí, quando tinha um close da câmera, eu falava: nossa, esse tem cara de vendedor de picolé na praia! Esse de suporte de informática! Esse tem cara de garçom! Ah esse aí tinha que ser era professor de geometria! Nada contra as profissões escolhidas, mas cara é cara. E meu marido só ria. Depois entrou na onda e começou a falar as profissões dos jogadores também. Mas nem sempre a gente concordava.
Eu falei pra ele que o jogo tava truncado. Ele disse que não sabia o que era jogo truncado. Aí eu tentei fazer com os dedos das mãos, um enroscando no outro, como eram as pernas (e que pernas!) dos jogadores. Ele não comentou mais, deu de ombros.
Lembro que fiquei um bom tempo pensando na roupa do árbitro (melhor que juiz, gente, por favor). Eu não lembro de ter visto árbitro de jogo de futebol de uniforme vermelho. Só me lembro de preto. Será que é de acordo com a cor da moda? Realmente, não sei. Se bem que se fosse cor da moda, ele estaria de lilás ou roxo ontem. Será que tem cáqui com verdinho musgo, por exemplo? Tenho que assistir mais futebol para me atualizar com a moda “arbitrária”.
Confesso que dei algumas pescadas durante o jogo, dormi mesmo, profundamente. Uma das vezes, dormi a ponto de sonhar que tava numa festa a fantasia, eu de Cleópatra (claro!) e meu marido era o Ronaldo (acho que era o desejo que ele viesse salvar o Brasil no jogo) e o Galvão, todo galã, vestido de Elvis, tava cantando na banda uma música lenta em ritmo de “Eu sei que vou te amar” que dizia assim: vai que é sua Júlio Cezar, hino do Brasil e você, tudo a ver. Coisas assim. Só acordava no susto com o maridão fazendo aqueles barulhos de descontentamento quando a bola batia na trave huuuuuuuuuuuu ou o goleiro conseguia agarrar a bola huuuuuuuuuuuuu. Eu falava um nooooossa sem saber nem porquê, de puro reflexo, saindo do mundo do sono, dos braços macios de Morfeu. Ainda bem que repetia o lance (adoro essa palavra lance) pra eu comentar alguma coisa também ou então imitava o mesmo huuuuuuuuuuu no replay (ufa!).
Teve um certo tempo durante o jogo que eu resolvi prestar bastante atenção só para falar antes dele quando o jogador estivesse impedido. Na verdade eu sei na teoria quando o jogador está impedido, mas assistindo o jogo não sei, também não sei explicar, não adianta, entendeu? Aí, toda vez que o atacante vinha se aproximando do goleiro adversário eu colava um olho no bandeirinha (já esse nome não gosto) e o outro no atacante e começava baixinho: tá impedido. Se ele continuava eu aumentava um pouco a voz: tá impedido. Se o bandeirinha levantasse a bandeira (olha como ficou feio, bandeirinha, bandeira) eu gritaria bem alto: NÃO FALEI? TAVA IMPEDIDO MESMO! Mas em nenhum lance (de novo, lance, lance, lance) eu cheguei a poder gritar. Ou eu dormi em algum ou não teve mesmo nenhum impedimento (essa palavra também é bonita).
Depois de uns trinta minutos de jogo, no auge da minha sobriedade, eu falei pra ele: até agora não consegui entender porque o hino da Argentina durou uns dez minutos (sei que nem tanto, não contei o tempo de verdade) e o do Brasil não durou nem dois, já que o jogo foi aqui. Meu marido perguntou: hum? Hino? Ah! Antes de começar o jogo! Nem lembrava mais. Pois é... coisas de Brasil...
Muitas vezes tive que fechar os olhos e me encolher toda porque eu achava que em algumas roubadas de bola, ou defesas (atente para o meu vocabulário!) o jogador tinha se estropiando todo. Nossa! Como eles caem! E como não se machucam? É cada tombo que a gente pensa que teve fratura exposta, traumatismo craniano, mas nada. Levantam, no máximo, mancando e voltam a jogar. Eu queria ter esse poder de auto-consertar.
Fora o sono, que pra mim, mais de dez horas da noite já é altas horas, eu cansei de tanta observação. Tava morta. Não agüentaria mais 45 minutos de tanta coisa pra observar. Só assisti o primeiro tempo mesmo. Jogo de futebol agora, acho que só na próxima Copa...