Antônio Herrero Portilho

Pretinha planeja uma ida ao vilarejo, apesar de Gustão ter levado muitas coisas produzido no sítio, na semana que passou, agora Pretinha aproveitando essa volta, também pretende comercializar algumas riquezas produzidas em suas terras, nessa ida de Gustão ao patrimônio percebesse que levou apenas a metade dessa produção, faltou muitos produtos a serem comercializado, dessa vez parece que irá completar o que faltou na primeira viaje,  Pretinha também não conseguirá arrecadar  e acondicionar tudo nessa carroça, é grande, mas, mesmo assim não suporta essa carga, ainda mais, Pretinha não quer exigir tanto peso ao animalzinho, não quer vero o bicho sofrer com tanto peso.

- Vamos Glorinha, pegue a outra cesta, vamos recolher todos os ovos que as galinhas botaram nessa semana passada, temos dezesseis ninhos a repassar, vamos vender todos, quer dizer, até já foram encomendados, venda garantida. Pretinha teria que vender essa pequena produção, mas tudo isso será negociado para melhorar esse meio de transporte, o sítio teve uma boa renda, seu Gustão está pensando comprar um veículo motorizado, sua licença para dirigir está totalmente legalizada, esses planos já está quase para acontecer.

No momento que Glorinha ajudava sua mãe recolhendo os ovos, ficou surpresa quando deparou com uma situação inusitada, enquanto todos os ovos eram todos de uma coloração, Glorinha percebeu um ovo diferente, não era branco e nem cor de rosa avermelhado como de todas as posturas dessas galinhas do quintal do sítio, o ovo que surpreendeu Glorinha possuía uma cor bastante azulada, parece filho de um galo distante dessas divisas, poderia ser do sítio do vizinho, levando em contas que essas galináceas andam longa distância, tudo leva a creres, esse ovo é bastardo e seu pintinho também, aquele ovo Glorinha não quis leva-lo para venda, separou do lado, pretendia colocar para chocar descobrir que pintinho daria esse ovo azul, foi o que fez, a galinha carijó começou o seu período de choco deitada em cima de uns dez ovos, agora mais um, a menina deixou essa incumbência a galinha criadeira, a carijó, assim feito é só aguardar vinte ou vinte e dois dias quando esses embriões estarão quebrando a casca prontos para se lançares a vida, depois o destino cruel, panela de cozimento.   

Dona Pretinha depois de recolher três grandes sestas de ovos caipira totalmente saudável e nutritivo, acondiciona em uma vasilha com todo cuidado para não quebrar nenhum, assim vai acondicionando a carga, ainda tem a ida a colheita no pomar, laranjas, goiabas, carambolas, tangerinas, vários pés de mandiocas, tudo isso serão vendidos e transformadas em dinheiro, será depositado, outra parte já arrecadada será para a compra dos materiais escolares de Glorinha.

Naquela pequena comarca não havia estabelecimento bancário, mas quando se tratava de localização distante dos grandes centros comerciais; nos vilarejo havia os estabelecimentos ditos casas bancárias, um dos comerciantes mais confiantes, guardava o dinheirinho das produções dos pequenos proprietário de terra, igualzinho um sistema bancário, folha de cheque era um simples papel impresso, valia a confiança obtida, porém tudo organizado, assim que seu Gustão movimentava o dinheiro dessa produção de seu sítio de mais ou menos quinze alqueires, aquele povo simples chamavam isso de;  Casa do Barão, donos de grandes comércios, de valiosa idoneidade, como nos bancos essas casas bancárias trabalhavam com o dinheiro depositados em forma de poupança, compravam terras e vendiam, o mesmo com gados, empréstimos com juros de agiotagem, assim  para tantas outras situações, logo aqueles estabelecimentos se tornavam sistemas bancários de fatos, até financiavam plantio dessas lavouras.

Dona Pretinha preparou uma simples refeição para no horário do almoço se alimentar, certeza que a marmita estava cheia de comidinha gostosa.

Na manhã do dia seguinte, instante de partida, pronto, tudo arrumadinho, Glorinha e dona Pretinha já estavam apostas, antes da saída prenderam o cachorrinho no cercado dos galinheiros, isso era para ele não seguir a carroça, Glorinha não gostava que esse cachorro os seguia, na hora da partida o bicho fez o maior escândalo, latia desesperadamente, mas, dessa vez teve que obedecer, porém até algum tempo, depois veremos o resultado dessa não ida do cãozinho.

- Mamãe, vocês falam muito na casa bancária, falam que papai deposita nosso dinheirinho lá, como funciona isso mamãe, não entendo muito disso, me explique. Perguntou Glorinha com curiosidade.

- É assim, oh. Nas grandes cidades a gente deposita o dinheiro em uma conta corrente, o banco trabalha com o dinheiro comprando e vendendo até fazendo empréstimo e muitas outras negociações, depois você precisa de dinheiro, emiti cheque retirando um pouco daquele total que você tem lá depositado e assim vai movimentando seu dinheirinho, aplicando e recebendo em juros, mesmo assim funciona a casa bancária daquela vila. depois você pergunta para seu pai, ele te explicará melhor. Disse Pretinha tentando esclarecer de uma forma bem a grosso modo.

- Já entendi, nem preciso de perguntar, papai vai comprar uma camioneta para levar a produção da colheita à feirinha, vai tomar emprestado da casa bancária, a casa bancária compra o veículo e papai vai pagando as parcelas com o dinheiro arrecadado a cada colheita, estou certo mamãe?

- A sua linha de raciocínio está certíssima, mas, porém, Gustão não vai tomar o dinheiro emprestado, o banco cobra juros muito alto pelo dinheiro emprestado, disse que não vai cair nesse erro, com o bom dinheirinho que já temos em contas, pode-se comprar esse veículo e até sobra uma boa quantia para não zerar a conta, acho que na próxima ida ao patrimônio não pediremos ajuda ao nosso cavalinho, teremos um meio de transporte mais grande, podemos fazer uma carga maior e até entregar na outra cidade maior que se distancia mais ou menos uns cem quilômetros, isso está previsto em nossos planos, cem quilômetros é bem ali, isso nos trará mais renda, mais dinheiro. (disse Pretinha à Glorinha sua filha)

Chegaram à vila, ao local da feirinha, armou sua banca e expôs suas mercadorias, não demorou quase nada logo esvaziou os tabuleiros , venderam tudo em tempo Record, desmontou as bancas, guardou as tábuas e os cavaletes encerados da cobertura, tudo no barracão dos feirantes, colocaram as arreatas no cavalinho e pronto para a volta a casa, ainda resolve comprar as coisinhas de Glorinha, as vestimentas e material escolar, agora é só pegar o caminho, de volta ao campo, as porteiras do sítio as esperam bem abertas.

Quando mãe e filha direcionaram a carroça na estradinha que as levariam a casa, Glorinha volta os olhares para o que já deixaram para trás, percebeu um cãozinho seguindo a carroça, ficou admirada e não acreditava que seria o seu cãozinho Tobis, mas, porém era verdade, Tobis estava seguindo dês da vila, Glorinha ficou pasma, pediu que sua mãe parasse a carroça, desceu, pegou o seu totó nos braços e colocou dentro da carroça, ele estava muito cansado com sua língua quase toda para fora, ficou ali deitado no assoalho da carroça, quase morto de cansaço.

Nessa tarde chega Glorinha e Pretinha sua mãe, Gustão as esperava impaciente, mas tudo se resolveu na paz, Pretinha disse a Gustão sobre a venda das mercadorias levada até a feirinha agrícola – Foi um sucesso de venda, mais uma boa soma que é acrescentada a nossa conta.

- Em breve negociaremos um veículo para transportar nossa produção com mais segurança, já tenho negócios em vista, parece que vai dar certo, vale apena esperar, aí fecharemos essa compra e venda o vendedor estará entrando por aquela porteira aguarde para breve. Disse Gustão esposo de Pretinha, pai de Glorinha.

A vida no sítio do senhor Gustão vai transcorrendo nesses dias a dias, o capinzal dos pastos do gado cresceram depois desse tempo chuvoso, os bezerros crescem saudáveis e forte, as hortaliças desenvolvem verdes e viçosos, as frutas entre bananeiras e canaviais de mostram toda a pujança, aguardando às vendas na feirinha daquele aglomerado de residências que formam uma pequena cidade, quando chega o dia da exposição os moradores da localidade; a pequena feirinha e seus produtores se expõem às vistas dos compradores ditos riquezas extraídos do abençoado solo fértil que demanda essas regiões firmado pela Reforma Agrária, Gustão é um dos agricultores da  agricultura familiar.

Glorinha acordou bem de manhã lembrando do choco do ovo azul que ficou a cargo da galinha carijó gerar esse misterioso e diferente dos já visto, ela está muito apreensiva aguardando o nascimento desse pintinho, depois do café da manhã, tomou o rumo do ninho da galinha carijó que fica lá no último balaio da fileira, pelas contagens, nesses vinte e um dia passados, a galinha acalentando, nasceria toda aquela ninhada que a penosa estava deitada em cima         

Glorinha ficou mais ou menos uma hora por ali, ajudando os embriões quebrarem a casca do ovo dos filhos da galinha carijó, a menina ficou encantada com a ninhada desses pintinhos, mas ainda aguarda a vez do ovo azul, esse ovo quebrava a casca de dentro para fora, a menina aguardava esse nascimento atentamente, só faltava um pedacinho da casca a ser destampado aí o pintinho já saltaria para fora, foi só Glorinha virar as costas que pronto, o bichinho começou a piar desesperadamente fora do ovo, Glorinha percebeu que não havia nenhuma diferença no formato; pés, asinhas, pescoço, os olhinhos e cabeça tinha uma pinta que diferenciava dos  demais, ficou fácil para ela marcar o distinto pintinho, agora tudo feito, assistido essa ninhada vir a vida, a menina se sentiu como dever cumprido, certeza não vai perde-lo de vistas, aquela cabeça todo colorida de marrom, não vai esquecer, só aguardar eles crescer, logo estarão todos andando pelo chão bicando os insetos e minhoquinhas, hora se abrigando debaixo das asas calorosas da mamãe carijó galinha.

Sobre uma distância de uns duzentos e cinquenta metros ar retirada de casa, Glorinha enxerga um carro azul estacionado bem na porta de casa, Gustão acabou de fechar negócio, o sítio do pai de Glorinha já tem um veículo para transportar a produção até o povoado ou até a cidade mais próxima, maior e mais de setenta mil habitantes, lógico que o lucro será dobrado, próximo passo é adquirir uma máquina agrícola; um trator de tamanho pequeno, mas que ajude no preparo das terras.

Nesse final de mês será a estreia desse veículo; uma Combi em ótimo estado de conservação, Glorinha está saltitando de alegria, agora os caminhos serão mais curtos se movendo pelo conforto e comodidade, lógico que Gustão não está pretendendo fazer comércio somente nessa feirinha desse vilarejo de poucos habitantes, essas primeiras idas serão como experimento, ver a resistência desse motor e quanto acondiciona de mercadoria, Dona pretinha está ansiosa para esse dia chegar.

Pronto!... chegou o grande dia, seu Gustão transportará os produtos para venda, a perua está estacionada pronta para seguir viagem, dona Pretinha, Glorinha estão levando para dentro da perua tudo que será transportado, pelo que se vê a carga será de grandes e variados volumes, só as dezoito melancias um enorme feixe de cana, sem contar a pequena moenda que transformará essas canas em caldos adocicados, na compra da perua foi incluída esse motor para fazer o suco da cana, será mais uma opção para render mais lucros além de vender toda aquela produção do sítio, seu Gustão será o único a vender garapa de cana, assim como outros produtos diretamente de suas terras.

Glorinha ganhou um amigo, nem Pretinha nem Gustão sabe disso, a verdade que esse seu amigo de Glorinha é de outro planeta, mas mora por aqui, só a menina sabe que esse extra Terrestre tem uma nave espacial aterrissada no sítio de Glorinha, poucos habitantes dessa região sabem disso e mais, ele é muito amigo da menina Glorinha. Agora a menina está com grande problema, eles viajarão para o vilarejo a fim de comercializar os produtos desse sítio, mas, porem o cãozinho da menina enciste em ir atrás da condução, quando era a carroça, tudo bem, mas agora é a Combi, como fazer? Logo Glorinha teve uma ideia brilhante, levou o cachorrinho para que o ET tomasse conta do animal até que enquanto eles viajariam, assim foram feitos. Chegaram até a porteira da entrada e saída do sítio seguiram a estradinha até o vilarejo, agora de carro se resolveria em um estalar de dedos.

O comércio de seu Gustão ia de vento em popa, sempre vendia bem, agora com ajuda da condução os lucros e rendimentos eram triplicados, todo o trabalho foram feitos, fizeram boas vendas e deram posse de um bom dinheirinho, Glorinha quando chegou foi logo procurar pelo seu pintinho, infelizmente percebeu que Toby atacou a galinha de pintinho, comeu todos pintinho, inclusive o predileto de Glorinha, aquele homem interplanetário quando percebeu a volta de Glorinha, veio até ali perto do terreiro e soltou o totó da Glorinha, que quando viu o cachorrinho deu até vontade de mata-lo de tanta raiva, mas nem precisou usar suas próprias mão, um dia Toby andando pelas aquelas várzeas, foi picado por uma cobra das mais venenosa, Glorinha sentiu muita pena ao vê-lo morto, mas assim foi melhor.

Muitas outras idas e vindas aconteceram naquelas vendas da produção do senhor Gustão, dona Pretinha e Glorinha.

06/11/2024

Antonio Herrero Portilho
Enviado por Antonio Herrero Portilho em 06/11/2024
Reeditado em 14/02/2025
Código do texto: T8190991
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