Esconderijo

O sol se esconde deles e eles [os meninos] se escondem do ventre. Venta entre eles. O esconderijo é de areia, terra e esperança. Tem poesia também, mas não é bonito o esconderijo. Hora de dormir. Um corpo aquece o outro enquanto as memórias tentam descansar. Uma memória aquece a outra e tenta esquecer. O dia seguinte será maior. Hora de acordar sem ter dormido. Hora de andar com os pés dormentes, com o corpo doente e sem direito a comprimido. Um destino diferente nos espera do outro lado da linha. Escrevo tentando alcançar o número máximo de caracteres. Caminho entre os frios das vírgulas. Coragem, menino, coragem! Grito incrédulo para eles, para mim. Quem responde é um pássaro lá de fora. Há um pássaro, quem sabe, terra, quem sabe, gente. Deve haver. Eles, os meninos, caminham naquela direção. É lá mesmo!

Veja como dá para sentir o cheiro de chuva, como venta mais forte. Será esse o Brasil que nos espera? Chego mais perto, no final da folha, no final da linha e vejo mais gente. Sim, uma fila de gente esperando o destino. A gente sente, a gente se senta. Venta entre nós. Chegamos. Continuamos a esperar.

Brunno Vianna
Enviado por Brunno Vianna em 21/07/2024
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