Café solidário - BVIW
Todos os dias, ao acordar, lá estava o pão com manteiga e o café, ainda quente. Mariana olhava para os lados. Não havia ninguém por perto. Uma vez chegou a ver uma mão colocando seu lanche, mas a pessoa correu.
Ser moradora de rua não era fácil. Desde que o companheiro sumiu, se virava fazendo e vendendo bijuterias ali mesmo. Criava sozinha o filho, de dois anos. Quando dormia, desabava.
Somente meses depois, pelo acaso, descobriu o mistério da mão solidária. O vulto escorregou em cocô de cachorro e caiu quase em cima dela.
A mão que salvava seus dias era da travesti Lola, que fazia ponto nas redondezas. Religiosa, havia prometido a si mesma que a cada programa nas ruas, ajudaria alguém que tivesse menos condições do que ela.