Liberdade!

Ele estava cansado daquela vida. Queria liberdade! Se soubesse que casamento era aquilo, jamais teria entrado nessa. Todo o dia a mesma rotina, tudo igual. Acordar, ir trabalhar, voltar para casa, jantar, assistir à TV, ir para cama, cumprir sua “obrigação” de homem e dormir. De manhã, tudo de novo. Isso era o básico do dia-a-dia. Depois havia as brigas com a mulher, com os filhos, com o cachorro...

Uma monotonia sem fim... O pior que não via a possibilidade de terminar com isso.

Vontade de fazer algo diferente, de entrar num bar, de ouvir música, de conversar com um desconhecido (ou uma desconhecida), de não ter hora pra voltar pra casa, sem ter que dar satisfação, sem cobranças, sem perguntas. Queria apenas um pouco de liberdade. Seria isso algo ruim? Só porque era casado não quer dizer que não tinha o direito de fazer umas extravagâncias de vez em quando.
 
Não conseguia entender o amor assim  com grilhões, tolhendo a vida, desconfiado, perturbado, sempre exigindo...
Telefonou para a mulher, dizendo ter uma reunião extraordinária. Ela acreditou. Nunca lhe mentira.

Saiu do escritório a esmo. Estava aberto a qualquer acontecimento. Entrou num bar, pediu um uísque puro (quase nunca bebia).
Sentado no balcão, ficou observando a circulação das pessoas.

O que parecia ser uma bela mulher entrou no bar.Veio caminhando em sua direção.Era realmente muito linda, formas perfeitas.Disse-lhe um olá, mas a voz, levemente grave a denunciou...

Nem se atrevia a pensar. Será? Não. Não podia ser. Não podia acontecer com ele. Atrevera-se a quebrar a rotina de tanto tempo, mas queria algo sem compromisso, que não lhe trouxesse problemas e o que estava se apresentando era confusão na certa.

Pensou em pagar a bebida e sair, mas já era tarde. Uma sensação de prazer passeou por seu corpo. Fosse o que fosse, aquela bela criatura estava ali para o que desse e viesse.

_ Meu nome é Carlos, disse ela sem nenhum constrangimento. Tu podes me chamar de Kelly! Gostei de ti!
Ele sentiu-se enfeitiçado. Não sabia ao certo o que falar. Surpreso pegou-se dizendo:
_ Eu sou Luiz!Também gostei de ti!Vamos sair daqui?
_ Vamos!

Fim
CRIAÇÃO: Marcelo Bancalero, Mardilê Fabre e Denise Severgnini