Autopsia do Narigão.
Rua São Lázaro prolongamento; naquela altura destes números estava instalado tudo que levava em conta este assunto; A começar com uma grande universidade de Medicina, a alguns metros dali um hospital especializado em todos tipo de doenças. Instalado nos fundos deste hospital havia um grande compartimento para exames de autópsia, e uma espécie de via local que dava acesso aos veículos que transportavam os corpos para exames, via estas que ninguém respeitavam os 30k/h estabelecida por lei; as ambulâncias e carros que prestavam serviços a este hospital. Também levava ao estacionamento dos médicos e todos os funcionários deste grande estabelecimento.
Mais alguns metros frente para a rua de baixo existia um o cemitério e várias agencias funerárias sempre de portas abertas pronto para atender qualquer espécie de féretro. Estas empresas especializadas neste ramo de atividade sempre estavam disputando espaço e travando uma guerra de concorrência para trabalhar em seus valorosos enterros.
Naquela madrugada sombria já passavam das doze horas, tudo estava em silêncio lá fora.
O clima estava em temperatura baixa, soprava uma corrente de vento gelado que varria todas as árvores plantadas naqueles arredores, com uma garoa fina e a ação do vento fazia assoviar as folhas dos pinheiros plantados sobre as passarelas daquele cemitério, a vidraça embaçada nesta sala tão solitária que só trazia recordações de algo ligado com mortes.
Sentada atrás de uma escrivaninha em meio a alguns fichários e prontuário, diagnósticos, relatórios e seus arquivos de serviços já concluído.
Nessas noites exaustivas aguardando o próximo serviço a executar, estava ela; aquela lindeza cheia de simpatia, naquela face de doce menina com traços de imigrante japonesa mas brasileira de fato.
As pálpebras quase encobrindo aqueles olhinhos lindos verdes como umas pepitas de esmeraldas; Celine quase não controlava mais seu sono, não repôs o sono das vezes anteriores e naquela noite a poucas horas, antes de entrar em serviços estava na mesa de uma grande lanchonete deliciando algumas iguarias da cozinha oriental suas degustações preferidas.
Esta profissional sempre muito comprometida com seu serviço, levava muito a sério suas funcionalidades neste departamento, que embora lidar com mortos, mas muito cuidadosa a não se misturar trabalhos ao alcoolismo. gozou de cem por cento de sua sobriedade.
Nesta noite passou pela lanchonete existente no centro comercial, presenciou seus amigos e até um eis noivo fazendo parte deste grupo de beberrões, esta noite ele não bebia, só acompanhava seus amigos, não ingeriu nada de álcool, raro acontecer, pois sempre estava com uma cervejinha e copos em mãos.
Isto acontece sempre, hoje mais um motivo, houve um acontecido naquelas próximas horas, não se sabe bem o que lhes davam este motivo de tanta euforia, alguma vitória de seu time de futebol, isto já era motivo para se encher a cara de cerveja e outras várias marcas de bebidas.
Neste calor da juventude estes moços não dão muita importância aos perigos que há em dirigir um em estado elevado de embriaguez, momento que os reflexos, ou agilidade de qualquer uma situação de perigo se torna comprometido.
Enquanto Dr.ª Celine tentava driblar o sono e a solidão naquele cenário de defuntos e cadáveres, com uma caneta entre os dedos rabiscava uma folha de sulfite em branco, mas assim mesmo cochilava de tanta vontade de dormir.
Em um dado momento ficou em alerta, se despertou com algo que ocorria lá fora naquela avenida. As ambulâncias com as sirenes ligadas fazendo um barulho enorme para abrir o trânsito, D.ª Celine parece que acordou deveras, ficou surpresa com este possível acidente de trânsito.
Passados alguns minutos decidiu abrir a portinhola que dava visão para os fundos do hospital e logo percebeu alguns veículos estacionando em seus espaços personalizados, tratavam se de seus amigos de serviços os médicos especializados em autópsia, estavam longe de seu ponto de visão, mas deu para constatar estas verdades, todos de valise preta em mãos que além de contrastando com as alvuras de seus jalecos, que em breve em alguns imprevistos poderão mancha-los de vermelhos de sangues humanos.
Cada um deles possuíam modelos e tipo seus instrumentos, ferramentas de trabalhos que não gostavam de compartilhar a seus amigos, isto era muito pessoal.
Dr.ª Celine percebeu quando tomaram o rumo pela passarela calçada de concreto que levava até a porta destes grande e renomado centro de exames de autópsia. Ela logo se levantou, disfarçou o sono e ficou pronta para recepcioná-los em seu início de trabalho, Dr. Guilherme, Dr. Albano e o mais novato e recém-formado Dr. Alcides que morria de desejos de pegar a senhorita Doutora Celine, mas ela não dava a mínima atenção, aliás, quem não gostaria de passar uma noite dividindo travesseiros com esta beldade.
Depois que Dr. Albano e Dr. Guilherme a cumprimentou pela chegada dirigiram ao grande salão de atividades, arrumando as ferramentas e instrumentos de trabalho.
Dr. Alcides após cumprimentar Dr.ª Celine, com um abraço caloroso e um beijo no pescoço não suportando algo tão convidativo; parece que só ela possuía de bonito, foi logo ousando em deslizar as mãos de leve em sua tão irresistível bundinha e desferiu um leve beliscãozinho e algumas tapinhas dizendo em voz baixa.
Ao trabalho garota, parece que está para chegar um presunto por ai para nós fatia-lo. Um destes jovens beberrão. Morreu, mas quase não houve fratura de natureza grave, pelo que vi de antemão nem feriu seu grande narigão.
Dr.ª Celine ficou um pouco apreensiva e muita preocupada, pois seu eis noivo possuía o apelido de Narigão por possuir umas grandes e largas narinas, e agora já estavam fazendo algum tipo de ligação com os dois assuntos.
É... Vamos aguardar disse ela com a voz meio que embaraçosa.
Ele era daquele tipo de pessoa que não levava nada a sério, fanfarrão, falastrão e sempre estava metido em encrencas, dificilmente passava um fim de semana que o tal não tivera envolvido com algumas brigas, um desordeiro, fazia tudo contrário a leis, cometia as mil peripécias e trapalhadas, sempre se dizia que estavam com razão, lógico que não convencia quase ninguém, poucas pessoas lhe davam crédito.
Além de tudo tentava passar uma imagem de garanhão, dizia que saía com as mulheres mais desejosas e gostosas daquela cidade; aquelas que todos sonhavam em pegar, mas não conseguia.
Infelizmente neste fim de semana aconteceu o inverso, fez tudo certo, agiu como um perfeito cidadão, mas pela última vez nesta existência, estava coberto de razões, usou de tudo aquilo que não acostumava fazer, desceu a rua principal daquela cidade com seu Jeep modelo de veículo do exercito muito bem equipado com tudo que é exigido pela lei ao bom motorista no trânsito, e por incrível que pareça estava sóbrio, não havia bebido nada dês das dez horas da sexta feira última, levando em conta que se tratava das primeiras horas da segunda feira; já fazia algum tempo.
Esteve junto ao seu grupinho que sempre fizeram presença em quase todos os bares deste lugar, mas neste fim de Domingo não bebeu.
Enquanto dirigia seu Jeep muito comportado e atencioso chegando ao semáforo, parou corretamente no limite que demanda a faixa do pedestre esperou sua vez ao abrir o sinal verde, e até ai tudo bem.
O trânsito estava muito agitado neste final de semana, as duas vias deste cruzamento estava ocorrendo um tráfego intenso apesar das altas horas.
Percebeu o sinal verde e mais que depressa colocou seu veículo em movimento para cumprir seu trajeto, mas infelizmente hoje não era seu dia de sorte, porque um grande caminhão de carga avançou o sinal vermelho e veio colher nosso amigo em cheio, foi uma lástima que isto veio acontecer logo agora que nosso herói estava pretendendo deixar esta vida louca para se dedicar as boas atitudes; assumir a postura de um bom cidadão cumpridor de todos os deveres com a pátria; isto havia jurado que cumpriria mudando completamente seu modo de proceder, se convertendo até o final de sua vida.
Parece que os Deuses da alegria não gostariam de vê-lo assim tão mudado, tão pacato e molengão o inverso do que ele sempre foi.
Faleceu imediatamente no local. A causa morte ainda não ficou definida não havia grandes traumas, talvez uma hemorragia interna com muita intensidade devido o forte impacto do grande veículo de transporte, nada pode se evitar e nem foi preciso nenhuma reanimação artificial, morte instantânea, podiam perceber um pequeno fluxo de sangue que jorrava pela boca, devido alguma suposta perfuração profunda, mas de estreito diâmetro, atingido provenientes de algum ferro em um impacto violento.
Os exames serão concluídos dentro de algumas horas, tudo indica que morreu devido o grande solavanco da batida, pois não houve grandes traumas.
A Dr.ª Celine em momento que estava se preparando para o início de seu trabalho, arrumando as luzes preparando aquela superfície plana semelhante a de uma mesa onde os corpos se estendiam para os trabalhos de abertura e acesso aos órgãos internos do morto. Súbito seus olhares atento percebeu na vidraça a cima um reflexo de luz vermelha que piscava e resplandecia no vidro do lado de fora, não ouviu o barulho do motor, só a rigidez dos pneus quando pararam por total, as portas bateu, ela percebeu que se tratava do carro do instituto de autópsia; o rabecão, Dr.ª Celine ficou sobre alerta e curiosa na expectava que poderia ser o seu eis noivo.
No momento que os enfermeiros estavam descarregando os corpos, Dr.ª Celine se retirou do ambiente; virou as costas e se dirigiu ao jardim lado do pátio existente naquela proximidade, parece que tinha certeza que se tratava deste seu antigo namorado e noivo, não queria se surpreender com esta realidade, acendeu um cigarro, foi ao banheiro que existia separado do pavilhão em que trabalhava os corpos para estes exames.
Os ajudantes que trabalhavam com o veículo de transporte de corpos a serviço desta central de autópsia descarregaram três presuntos e engavetaram no freezer dois dos três corpos,
ficando com este que se tratava do acidente de trânsito ocorrido naquelas vias de grande movimentação.
Dr.ª Celine tomou coragem e com muita atenção, devagarinho foi descobrindo o rosto do morto, com muito cuidado retirou o lençol na parte da cabeça e logo foi confirmando tudo aquilo que estava previsto, era ele, agora ela já tinha certeza o rapaz que namorou noivou e até quase casou-se; este que tanto lhe fez companhia nos melhores momentos de sua vida, o marrento, briguento e Bady boy bom de briga, agora iria auxiliar o Dr. Guilherme e sua equipe no trabalho em exames deste corpo e D.ª Celine com suas mãos tão delicadas ajudará a retalhar aquele corpo que já alguns seis anos passados já foi dela, já conhecia muito bem esta geografia.
Agora completaria seus conhecimentos nas partes internas deste corpo já sem vida, ao lado destes doutores ajudava a pinçar os órgãos, cortar os ossos com estas ferramentas agressiva de corte elétrico outras ponte aguda, tesouras e mais.
A perfuração existente pelas costas se assemelhava muito com uma abertura de um projétil, havia uma hipótese que ele poderia ter feito este trajeto até este local, atingido por alguma arma ou algo de ferro, mas logo os peritos chegaram a uma conclusão, não havia nenhuma possibilidade, este ferimento aconteceu mesmo no acidente, apesar de se tratar de uma situação difícil de acontecer devido às costas estarem protegidas pelo banco do motorista, tudo ficou comprovado, apesar de não estar embriagado no momento do acidente, sóbrio como nunca, o esmagamento da cabina do Jeep e a força impulsionada pelo grande caminhão, ficou comprovado que um dos ferros de espessura fina que guarnecia o teto desta capota deste veículo Jeep o feriu. Esta vitima no momento exato do perigo abaixou arqueando as costas para cima, seu sinto de segurança era do tipo Subabdominal além do mais estava com uma folga generosa na sua extensão, alvo fácil para este estilhaço que perfurou suas costas, na deformação do veículo este pequeno ferro penetrou e saiu provocando este ferimento que para estes experientes peritos não demorou nada a concluir esta veracidade.
autor/antherport