(Arquivo pessoal)
Jardim de Dona Ana
Fui à casa de Dona Ana, buscar o queijo encomendado. Em Abaeté, no Centro-Oeste mineiro , ainda se batem palmas para anunciarmos nossa chegada., palmas essas que trazem-me as mais ternas lembranças do meu tempo de criança. Queijo fresquinho entregue, eu já pensando num café quentinho e conversa vai, conversa vem - olho para o jardim que não é de Burle Marx, embora um encanto que só e indago:
- Que belezura é essa, Dona Ana?
-Não sei o nome minha fia, só sei que tem a forma de um botão. Pensei comigo, um lindo botão ornamentando os vestidinhos das Helenas, Teresas, Reginas, Carolinas...
Peço autorização para fotografar o jardim e com um sorriso nos olhos, Dona Ana faz uma mostra de seu cenário, a mim me parecia um relicário: cajá- manga, antúrio, rosa-do-deserto, bertalha, confete, flor-da-fortuna...
À medida que ia mostrando seu jardim, dizia:
- O povo fica admiradu mesmo é com essa plantinha que ocê gostou.
-Não é que o povo tem razão, Dona Ana?
Sem nada a nos dizer, olhava-nos a órbea ou orbea. Com ou sem acento, eu lhe daria o mais alto dos assentos!
Próxima dali, sussurrava baixinho a azaleia:
- Lá vem a prosopopeia...